domingo, 15 de dezembro de 2013

TAP anuncia 10 novos destinos para 2014

Na mensagem de natal e ano novo, o Presidente da companhia aérea portuguesa TAP Portugal anunciou em 1ª mão as novidades que a empresa introduzirá no mercado, revelando um aumento da frota em 6 aeronaves (2 A330-200 para operações de longo-curso e 4 aeronaves da família A320 para ligações de médio-curso) e um aumento muito significativo do número dos destinos servidos, nomeadamente:

  1. Belgrado (Sérvia);
  2. Gotemburgo (Suécia);
  3. Hannover (Alemanha);
  4. Nantes (França);
  5. São Petesburgo (Rússia);
  6. Tallin (Estónia);
  7. Belém (Brasil);
  8. Manaus (Brasil);
  9. Bogotá (Colômbia);
  10. Panamá (Panamá).

Para além destes voos, haverá um reforço das frequências para alguns dos destinos da TAP. O hub de Lisboa ganha força e o grupo TAP dinamiza a sua operação aumentando em 180.000 o número de lugares disponíveis em 2014, face ao ano corrente. Esperemos que a privatização não estrague este impressionante trabalho da companhia nacional.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Geopolítica Peninsular

O PROBLEMA:

O aumento de tensão e dos atritos entre Madrid e a Catalunha tem sido cada vez mais evidente nos últimos anos. A possibilidade da Comunidade Autónoma espanhola se tornar independente é hoje mais plausível que nunca e Portugal não pode, não deve e não terá nada a ganhar em colocar-se à margem desta discussão. A geopolítica peninsular e as repercussões económicas que isto possa ter são demasiado importantes. Devemos ser moderados e não meter a mão em seara alheia, mas não podemos ser neutrais.

Procuremos não ser românticos nesta análise e ser racionais ao ponto de percebermos com o que temos mais a ganhar. A possível independência da Catalunha irá enfraquecer significativamente a Espanha, quer económica, quer politicamente, o que reforçará o peso relativo de Portugal no contexto peninsular. Este enfraquecimento poderá ser ainda mais crítico se o precedente aberto na Catalunha for aproveitado por outras regiões para reivindicarem a sua independência (e.g. País-Basco). Ninguém sabe exatamente como é que esta disputa irá acabar, se acabar, claro, mas Portugal, enquanto nação soberana deve discutir internamente este assunto e preparar-se para essa eventualidade.

A POSIÇÃO PORTUGUESA:

Não parece razoável optar pela cumplicidade para com a causa Catalã. A nossa relação económica e política com Espanha é demasiado importante e necessária para que possamos descurar dela. Lembro que, para além de mais de 20% das nossas exportações terem Espanha como destino, o território espanhol é a nossa única via de comunicação terrestre para com a Europa - para onde parte larga maioria das nossas exportações por via rodoviária e, no futuro, se os nossos políticos abrirem os olhos, também por via ferroviária.

Se a Catalunha não se tornar independente, teremos estado do lado certo da história. Se, pelo contrário, conseguir a independência, Portugal estaria em condições de beneficiar, em primeira mão, da quebra dos fortíssimos laços económicos entre Espanha e a Catalunha que previsivelmente sofrerão um forte abalo, e ficaria com uma relação reforçada com aquele que continuaria a ser o maior país ibérico, dos pontos de vista geográfico, demográfico e económico.

ASSUNTOS PENDENTES:

Fui há oito anos atrás que o Primeiro-Ministro português proclamou ter três prioridades: «Espanha, Espanha e Espanha». Palavras vãs! Já antes se tinham assinado acordos com Espanha para TGV, várias linhas e todas a pensar em passageiros. O seu governo manteve algumas, os espanhóis acreditaram e estão a construir a linha Madrid-Badajoz (que não tem qualquer sentido sem ligação a Lisboa).

Mais cedo que tarde notarão que aqui não fizemos a ligação Lisboa-Caia e perceberão que não podem confiar em Portugal. Mais cedo que tarde a nossa economia vai precisar (ainda mais) duma ligação à Europa em bitola europeia para mercadorias (linha Aveiro-Salamanca). Mais cedo que tarde os espanhóis vão expressar o seu desinteresse em ligar a fronteira portuguesa a Valladolid (donde haverá ligação a França). Se forem simpáticos deixam-nos ir construir os 230km de linha do seu lado da fronteira, se não forem, teremos de exportar do norte de Portugal para a Europa via Lisboa e Madrid ou por via rodoviária o que tolherá definitivamente a competitividade do nosso setor exportador, com fortíssima presença no litoral centro e norte de Portugal.

Os espanhóis não são nenhuns santos, mas nós portugueses temos que perceber que dependemos muito mais deles do que eles de nós. Isto não significa rebaixar-nos, mas sim sermos firmes, ponderados, ativos e sobretudo, sermos um parceiro previsível e fiável.

Isto, para não falar das disputas de Olivença e das Ilhas Selvagens. Tanta diplomacia e amizade e não se resolvem estes assuntos!? Fica a ideia que os nossos políticos só sabem fazer de "papel de embrulho" sendo iincapazes de fazer escolhas e tomar posições em defesa da República.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O Lado BOM da Crise

Fica difícil ver virtudes numa crise, financeira, económica, social e de valores como aquela que penosamente atravessamos. Apetece dizer que é como as bruxas: «Ninguém as vê, mas que as há, lá isso há!».

As pessoas estão mais fragilizadas e expostas a dificuldades e, no fim das contas, acabam por ser mais humildes, genuínas, trabalhadoras, e, sobretudo mais unidas e solidárias. Dá-se mais valor às pequenas coisas da vida, e, sobretudo, dá-se mais valor ao «ser» do que ao «ter».

O valor da família tão tido como um valor do passado está de volta: casais de meia-idade apoiam os idosos que não podem pagar as rendas que têm sido atualizadas e/ou que tiveram cortes nas reformas, e milhares de reformados apoiam os filhos e netos em dificuldades (desempregados ou não). A unidade familiar tem sido reforçada e o movimento intergeracional de solidariedade que se organizou mostrou que ainda partilhamos grandes virtudes com o Portugal dos anos 70 do século XX, que conseguiu receber perto de um milhão de retornados durante o movimento de descolonização da África Portuguesa.
Os empresários perceberam que não podem estar à espera do Estado ou da procura interna e começaram efetivamente a mexer-se no mercado das exportações e da internacionalização.

A «geração à rasca», a mais mimada e consumista e a que lutou menos para ter acesso a todas as comodidades de que beneficia, que é também a mais formada de sempre viu as suas expectativas de futuro goradas, mas não desistiu: uns emigraram, outros ficaram, mas poucos esqueceram Portugal e contribuem ativamente para um futuro melhor do país. Oxalá se criem condições para muitos regressarem - assim eles queiram.

Não queiramos ser irlandeses, alemães, franceses ou nórdicos. Temos uma cultura de muitos séculos alicerçada em profundos sentimentos de humanidade para com o próximo - fomos os primeiros a abolir a «Pena de Morte» e abolimos a escravatura mais de um século antes dos EUA. Sejamos Portugal, sejamos portugueses! Já cantava Amália no século XX:

Lisboa não sejas francesa
Com toda a certeza
Não vais ser feliz
(...)
Lisboa, não sejas francesa
Tu és portuguesa
Tu és só para nós

Ainda a propósito, apraz-me citar um excerto d'«A Casa Portuguesa»:

A alegria da pobreza está nesta grande riqueza de dar, e ficar contente!

Importa por fim referir que não defendo a resignação à pobreza, senão a adesão à realidade e fazer-nos refletir sobre as virtudes da crise para que possamos fazer delas força para vencer as presentes dificuldades.

Despeço-me com amizade.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ideias Subversivas: Velhos do Restelo

A maneira de fazer política está velha. Todos o dizem mas todos o praticam. Chegámos ao século XXI e muito provavelmente os meios de comunicação mudaram muito mais na última década do que nos 40 anos anteriores. Contudo, quando vemos os políticos a fazer política lembramo-nos da velha expressão: “Parecem os velhos do Restelo”. Ora,
  • Colocam cartazes com frases de três palavras que tentam convencer uma população de que têm a melhor estratégia para a sua aldeia. 
  • Tiram uma fotografia com uma superstar-política para parecerem mais importantes e que têm influências suficientes para levar as suas pretenções o mais avante.
  • Correm as ruas da sua aldeia em carros com megafones a emitir sons impercetíveis num claro desrespeito pela lei do ruido.
  • Entregam panfletos nos quais não apresentam propostas fundamentadas e estratégias, mas sim os desejos de qualquer cidadão com dois dedos de testa.
  • As supostas propostas são iguais para todos os partidos e os quais se resumem a: proteger os idosos (porque são a maioria da população neste momento), tapar os buracos da estrada, pintar as passadeiras entre outras ideias (talvez esteja a ser simpático utilizar a palavra “ideia”) que nem sequer deviam ser sugeridas porque fazem parte de qualquer autarca em funções.
Chegamos então ao ponto em que vivemos no século XXI em que os portugueses estão cansados dos partidos políticos e por mera culpa destes. Estão velhos, estragados, sem ideias. Continuam a prometer o que sabem que nunca vão cumprir. Continuam a pensar que os cidadãos vivem no mesmo séculos que eles. Estão errados.

Talvez uma nova maneira de fazer política esteja a chegar. Tem de chegar. Rui Moreira ganhou no Porto. Será diferente? Será desta a mudança? Logo se verá. Talvez ainda venha outra. Senão os votos nulos, brancos e abstenção vão continuar a bater recordes como aconteceu este ano.
 
Dinis Lopes
 
 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Os 4% de défice e a Alternativa

Porquê mais cortes?

Cortar os 4 mil milhões de euros que o triunvirato parece exigir para o ano e o Governo parece querer, faz-nos crer que querem matar a retoma económica antes mesmo dela nascer. Parece hediondo, inaceitável, injusto e incompreensível. Parece, e é! Mas afinal, porquê mais austeridade!?
A resposta é paradoxalmente simples: o Estado ainda não cortou o suficiente. Em 2011, gastava anualmente cerca de 20 mil milhões de euros a mais do que recolhia em impostos. Hoje, esse número cifra-se ainda acima dos 7 mil milhões de euros.
Aumentaram-se impostos, cortaram-se salários, reduziram-se despesas sociais num momento económico dramático. Os portugueses aceitaram de forma quase incrível, a economia ajustou-se de modo exemplar em dois anos com um excedente na balança externa como não se via há mais de 60 anos, com os resultados das exportações a superar as melhores expetativas e o fim da recessão a chegar. Conseguimos dar a volta e o Estado ... continua a arrastar-nos para o fundo. O Governo empurrou com a barriga para a frente, e agora que se lembrou - ou lhe impuseram lembrar-se - a Constituição não o permite reformar (e ainda bem, dirão alguns!). Em suma, o Governo falhou no mais importante - a gestão de expectativas dos cidadãos.

Défice de 4%:

Alvitra-se que o défice orçamental de 4% no próximo ano é muito exigente e inatingível, mas o triunvirato parece não querer saber e manter a sua exigência.
Há erros do Programa de Ajustamento? Há. Há uma gestão punitiva e insensível no seio da UE e encabeçada pela Alemanha? Há. Há imoralidade e especulação dos mercados financeiros? Há. Tudo isto é verdade, mas de pouco ou nada nos serve discutir estes assuntos, como ainda nesta 2ª feira afirmava o Prof. João César das Neves na televisão. Nada disto depende de nós.
Preocupemo-nos com o que está ao nosso alcance e discutamos aquilo em que podemos efetivamente intervir. Olhemos para as rendas do setor energético, denunciemos as parcerias público-privadas e as rendas obscenas que garantem aos privados, forcemos a banca nacional a financiar a economia a juros aceitáveis (uma vez que é financiada pelo BCE a juros baixos) e lutemos junto do BCE para que os critérios para os rácios de capital dos nossos bancos não sejam mais exigentes do que os demais. Trabalhemos por ir buscar todo o dinheiro da grande fraude do BPN e afins, (só com o dinheiro do BPN, se se verificarem as piores expectativas, pagavam-se 2 aeroportos novos em Alcochete!). Procuremos julgar os ex-governantes responsáveis pela atual situação por «gestão danosa». Os crimes julgam-se no banco dos réus e não nas eleições. O que fizeram ao país nos últimos 20 anos é, em muitos casos, crime.


Há Alternativas

Não pagar parece uma solução fácil, seria um défice orçamental de 0% já no próximo ano, ou seja, um corte superior a 7 mil milhões de euros - que nem seria o pior, já que não teríamos encargos com a dívida - mas que seria seguido da saída do Euro - que o Prof. João Ferreira do Amaral advoga há já dois anos ser a única solução para a nossa economia moribunda - uma provável saída da UE, com perda de fundos estruturais e de incontáveis perdas económicas, e ainda, incalculáveis danos para a imagem externa de Portugal - do Estado, das empresas e das famílias por tempo indeterminado.
E isto tudo, numa economia que desde há muitos séculos - está no nosso ADN - se habituou a depender do exterior, primeiro das conquistas territoriais na península, a seguir das colónias ultramarinas, depois da Comunidade Económica Europeia e, mais recentemente, da União Europeia e do endividamento externo (A Dama de Ferro não errou, em 2009, quando nos alertou!). O povo não quis ouvir, e o senhor cujo nome não merece ser referido, continuou a liderar a nossa marcha triunfal rumo ao precipício.

A situação é séria e TODAS as alternativas devem ser discutidas e colocadas sobre a mesa, mas é preciso entende-las muito bem e explicá-las ainda melhor. Se não conseguirmos encontrar soluções abrangentes e se os partidos, patrões e sindicatos continuarem a brincar às democracias, que ninguém se admire se aparecer aí - perdoem-me o pleonasmo - um novo «Estado Novo». 

Vamos dar as mãos, compreender que todos temos muito a perder se as coisas correrem mal, e procurar mandatar alguém para nos representar, cá dentro e lá fora, que, por uma vez, possa corporizar a força de uma nação e dar significado aos versos de Fernando Pessoa n'«O Mostrengo»:

  "(...) Aqui do leme sou mais do que eu; 
Sou um Povo que quer o mar que é teu (...)".

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Alexandre Soares dos Santos deixa presidência da Jerónimo Martins

Alexandre Soares dos Santos anunciou hoje a saída do Conselho de Administração da Jerónimo Martins. Após 56 anos de trabalho e aos 79 anos, Alexandre Soares dos Santos decidiu afastar-se da liderança do grupo que é hoje uma multinacional com mais de 60 mil colaboradores, principalmente em Portugal e na Polónia, mas também na Colômbia.

Numa vida cheia e com um percurso ímpar, uma carreira de gestor que passou pela Alemanha e pela Irlanda, Soares dos Santos mostrou ser um homem trabalhador, sério, sincero e por vezes, muito crítico da política e dos políticos nacionais. Sendo um dos homens mais ricos de Portugal, sempre revelou uma humanidade pouco comum entre os senhores do grande capital.

Nunca escondeu os erros cometidos pela empresa durante a sua liderança, como o fracasso do investimento no Brasil, nem evita sublinhar o valor da equipa com que trabalhou e conseguiu resultados muito bons nos últimos anos, em Portugal (com as lojas Pingo Doce), mas sobretudo na Polónia, onde detém o maior grupo retalhista local (Biedronka) e contribui muito ativamente para a exportação de produtos portugueses para a única economia da UE que não entrou em recessão durante a última crise financeira.
Despede-se com a seguinte frase: "Dediquei ao grupo Jerónimo Martins o melhor do meu conhecimento e das minhas capacidades e não escondo o orgulho que sinto com o que fomos capazes de construir".

Um grande bem-haja pelo seu esforço e pelos empregos que direta e indiretamente dependem do seu trabalho e pelas gerações de gestores e empreendedores que continua a inspirar.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Investimento nos portos de Faro e Portimão

O terminal de cruzeiros do porto de Portimão vai receber investimentos significativos. De igual modo, o porto da capital algarvia, que tem registado um crescimento muito forte no ano corrente, dando o seu pequeno contributo para as exportações nacionais, será alvo de melhoramentos.
Ambos os portos foram recentemente integrados na Administração do Porto de Sines.

Em Portimão, em abril deste ano, estimava-se um movimento de 35 mil passageiros em 55 escalas de cruzeiros e a expansão do negócio está dependente de obras de dragagem do rio Arade.

No cais comercial do porto de Faro, a partir de onde é exportado o cimento produzido na fábrica da CIMPOR em Loulé, será alvo de melhoramentos com vista a facilitar e tornar mais expedito o processo de movimentação de mercadorias.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Lisboa, Madrid e... Barcelona

LISBOA

No ano de 2012 os números foram claros, o aeroporto de Lisboa cresceu acima da média e conseguiu, num cenário de recessão profunda da economia nacional e de recessão na Zona Euro um crescimento pouco comum de 3.5% no número de passageiros. A abertura da base da EasyJet e a abertura de novas rotas (e.g. Dubai) ajudaram, mas foi sobretudo graças ao grande crescimento da TAP que se conseguiram estes resultados. O Hub de Lisboa existe graças à TAP e o sucesso do aeroporto da capital portuguesa no transbordo de passageiros em trânsito entre os continentes americano e africano e o continente europeu tem sido evidente. Os excelentes resultados de recentes rotas da TAP como Dakar (no Senegal), Bamako (no Mali), Miami (nos EUA), Viena (na Áustria), Porto Alegre (no Brasil), Manchester (em Inglaterra) e Bucareste (na Roménia) em muito contribuiram e foram conseguidos com um grande esforço de melhoria da produtividade, já que a frota de 71 aeronaves da TAP (55 da TAP, 14 da PGA e 2 da PGA Express) se mantém inalterada desde 2009.

MADRID

O principal aeroporto que compete com Lisboa é naturalmente o da capital espanhola, desde logo pela sua proximidade geográfica, mas sobretudo pela sua dimensão - demográfica e económica. O aeroporto de Madrid-Barajas teve a maior queda a nível europeu entre os grandes aeroportos em 2012, com um estrondoso decréscimo de 9.0% no número de passageiros. Estes números encontram justificação na crise económica que também afeta o país vizinho, mas sobretudo nos esforços de racionalização da Iberia que viu o grupo IAG (do qual faz parte, juntamente com a British Airways e a Vueling) obrigá-la a fechar um número significativo de rotas não-lucrativas, reduzir a sua frota e despedir um número record de funcionários e no fecho da base da EasyJet (e com ela dum elevado número de rotas) devido ao aumento das taxas. Já na primeira metade deste ano, os resultados não se inverteram e as quedas estão agora acima dos 10.0% face ao período homólogo.

BARCELONA

A capital da Catalunha, que, se fosse um país independente, seria o 4º mais rico (per capita) da União Europeia projeta-se como um destino turístico de eleição dentro e fora da Europa e a resiliência da sua economia face ao resto de Espanha está bem patente no crescimento continuado do seu aeroporto, pese embora a crise económica. O aeroporto de El Prat conseguiu reagir de forma muito boa ao fechar de portas da companhia aérea Spanair (baseada em Barcelona) em janeiro de 2012 e conseguiu um crescimento de 2.2% no número de passageiros face a 2011, crescimento que se tem confirmado no presente ano, sobretudo sustentado pela Vueling (subsidiária do IAG, juntamente com a British Airways e a Iberia) e pelo grande número de companhias estrangeiras que a elegem como destino. Dados recentes, indicam que, pela 1ª vez na história Barcelona foi mais visitada que Madrid e na última semana, Madrid perdeu, pela terceira ocasião consecutiva, a nomeação para cidade organizadora dos Jogos Olímpicos (que Barcelona organizou em 1992).

Rank
2012
CountryAirportCityPassengers
2011
Passengers
2012
Change
2011-2012
...





5 SpainMadrid–Barajas AirportMadrid49,671,270[6]45,195,014[6]Decrease9.0%
...





9 SpainBarcelona El Prat AirportBarcelona34,398,226[6]35,145,176[6]Increase2.2%
...





28 PortugalLisbon Portela AirportLisbon14,805,624[20]15,301,176[21]Increase3.5%
...





Fonte: Wikipedia

A estratégia espanhola de fazer de Madrid uma capital central no contexto ibérico, a nível económico, demográfico e das vias de comunicação, particularmente bem sucedida nas últimas décadas, está a sofrer um forte revés nesta crise, agravado com a pujança relativa que se vê nas outras duas grandes metrópoles peninsulares.

Em Portugal, devemos procurar reforçar o crescimento de Lisboa - a medida da nossa periferia é inversamente proporcional à conetividade e o transporte aéreo é crítico. Um grande aeroporto é uma via aberta para o crescimento económico. As taxas aeroportuárias cresceram 4.4% em Lisboa e mais subirão com a concessão aos franceses da Vinci (conforme previsto no respetivo contrato). Em Madrid, a AENA duplicou as taxas e o efeito está bem patente. Esperemos que o contrato celebrado entre o Estado Português e a Vinci não padeça dos mesmos erros.
Os nossos governantes têm de perceber que excecionar determinadas áreas aos sacrifícios (ou moderar os seus efeitos), embora possa ter custos políticos no curto prazo, pode ser crucial para sairmos da crise económica, mas, como em tudo, há que saber distinguir o «trigo do joio»!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Linguagem binária

Vivemos tempos difíceis: crise, desemprego, recessão e dívida são as palavras de ordem.

A economia esvai-se, a democracia treme e a conflitualidade e crispação da sociedade não para de crescer. Isso vê-se em todo o lado, nas manifestações, nas greves, nos transportes, no trânsito, etc. Os media não falam de outra coisa que não das «desgraças» que assolam o país, fomentando o debate, o choque e as divisões.

Aquele que é provavelmente o Estado-Nação mais antigo da mundo está hoje multipolarizado por divisões cada vez mais profundas e que ameaçam fazer tremer os pilares deste povo que foi percussor do movimento de globalização, como tão habilmente os professores Tesseleno Devezas e Jorge Rodrigues ilustraram no seu livro «Pioneers of Globalization: Why the Portuguese Surprised the World», onde provam à saciedade a influência dos portugueses neste processo sem recorrer a argumentos subjetivos ou românticos, mas sim, à mais pura das ciências - a Matemática!

As grandes divisões não são já hoje de ordem sexual ou de raça, mas entre velhos e novos, empregados e desempregados, ricos e pobres, qualificados e não qualificados, funcionários públicos e privados, esquerda e direita, sindicatos e patrões, litoral e interior, grandes centros e província, norte e sul, continente e ilhas, etc. Em linguagem binária, só as 11 antíteses apresentadas seriam 2^11=2048 combinações - (em informática seriam 2GB de divisões!).

Vivemos em democracia e devemos lutar todos os dias por preservá-la a todo o custo, mas não podemos utilizá-la como pretexto para desagregar uma das nações mais homogéneas do mundo, pois aí reside a nossa grande vantagem competitiva face à maioria dos outros povos. Nós somos os Portugueses, não somos melhores nem piores que os demais (como muitos gostam de discutir), mas se o somos há mais de 800 anos, é porque não somos um povo qualquer!

O mundo vive tempos de grande incerteza e que não se pense que as guerras militares terminaram e agora é só guerra económica. Temos de estar mais unidos que nunca porque esse conflito pode surgir em qualquer lugar e ter consequências devastadoras. E claro, não serão os outros que nos virão defender.

União não é unanimismo! - união é coesão relativamente ao essencial, respeito pelas instituições e pela democracia, respeito à greve (por parte de patrões, ao a aceitarem, e por parte de empregados, ao não a banalizarem), em suma, respeito ao próximo. Procurar compromissos, negociar e flexibilizar é o que se exige  aos governantes e ao povo para que todos juntos, mais cedo que tarde, demos a volta à famigerada crise.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Ideias Subversivas: Vassalagem aos EUA

O incidente com o avião do presidente boliviano na passada semana poderá ter passado um pouco despercebido devido às frenéticas notícias sobre a demissão de ministros. Infelizmente, deixou-se passar entre a população portuguesa, mas não entre toda a população da América Latina, um dos incidentes mais graves a nível diplomático, que terá consequências graves para Portugal por um período indeterminado.

A proibição do sobrevoo/aterragem do avião do presidente Evo Morales em Portugal demonstra a grande vassalagem a que nós, assim como os outros países europeus, prestamos aos EUA. Sem discussão, sem qualquer prova ou facto, os americanos tomaram essa decisão soberana e portuguesa. Para além de ainda hoje ter sido visível em noticiários televisivos a queima da bandeira portuguesa nas ruas da Bolívia, a sua população olha cada vez mais, e com grande razão, para a nossa americanização, mesmo após ter estalado o grande escândalo do Prism (Edward Snowden).

Continuamos a não ter um espírito crítico, e a não depender de nós próprios para tomar decisões que apenas a nós nos compete. O bem e o mal não são termos padronizados pelos EUA. São definições relativas dependendo de cada sociedade, e a nossa relatividade passou a totalitária.

As perdas não serão apenas económicas. As perdas serão também em termos de relações bilaterais sociais (e.g., seremos olhados de lado quando visitarmos a Bolívia). E acima de tudo, deixamos de ser uma nação “amiga”. Pode não parecer importante, mas em toda a América Latina reina a união e o espírito de entreajuda: quando um está mal, correm todos para ajudar. Basta ter visto a reacção proteccionista e solidária por parte de muitos outros países da América do Sul, algo que nunca se verificaria, nos dias de hoje, entre os países europeus.

Só temos a aprender com a outra verdadeira América.

Dinis Lopes

PS: Mesmo com a tentativa de desmentir o sucedido do ex-ministro, ministro e vice-primeiro-ministro Paulo Portas, o mal está feito. A mensagem foi passada.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Expectante

Saudações,

Com o intuito de tentar desmistificar algumas convicções demasiado enraizadas nas almas dos meus compatriotas, aqui me dirigo apenas com comentários.

Todo o esforço financeiro que os Portugueses têm feito nos últimos dois anos reflectiu-se única e exclusivamente nos bolsos gananciosos da banca privada nacional e dos credores.

A solução para os problemas financeiros de Portugal não passa por mais austeridade. Toda a gente já sabe (ainda que não queira reconhecer tal verdade) que a actual crise não se deve ao "peso" do Estado Social, mas sim à corrupta acumulação de riqueza em meia-dúzia de mãos. A resposta deve, pois, ser uma política de redestribuição da riqueza existente a nível nacional. Direi mesmo mais, esta mesma lógica deve ser exactamente aplicada a nível europeu, pois a realidade é perfeitamente extrapolável.

Quantos aos episódios dos dois últimos dias, apenas algumas palavras.
Esta sequência de acontecimentos vem apenas confirmar que vale SEMPRE a pena protestar, manifestar-se e lutar por uma DEMOCRACIA mais verdadeira e transparente, e pelos DIREITOS do POVO.
Esta sequência de acontecimentos vem confirmar que a opinião pública, a voz do POVO, é a voz última de uma NAÇÃO.

Vivemos tempos de mudança acelerada.
Não são tempos para tristezas, antes para estar alerta, pronto a agir.


Sempre expectante,

The Rover

domingo, 16 de junho de 2013

Ideias Subversivas: “Amanhã tenho Exame”

Carta aberta:

“Amanhã, dia 17 de Junho de 2013, tenho exame nacional. Ambiciono entrar na faculdade e tirar um curso superior, e a média é fundamental para o acesso, contando 50% da nota de entrada. Hoje, véspera do exame, ainda não sei se o vou poder realizar. Os exames nacionais estão marcados há meses e nas últimas semanas foi marcada uma greve dos professores, a qual já me prejudicou ao ponto de não saber ainda a nota de duas disciplinas às quais vou fazer exame nacional.

Os professores têm direito a fazer greve? Sim. Têm razões para isso? Sem dúvida. Têm o direito de destruir um ano de trabalho dos estudantes, que culmina agora nos exames nacionais de 12º ano? Não.

Eu nunca trabalhei, nunca pude contribuir para este país e mesmo antes de o poder fazer sou prejudicado por quem mais diz que se preocupa com os meus “direitos e bem estar”. Não se trata do direito à greve, mas sim de egoísmo e falta de bom senso. Não é um dia em que os transportes públicos fazem greve e as pessoas chegam mais tarde. É todo um ano de trabalho que agora termina e que pode não vir a colocar todos os alunos no mesmo nível.

E neste momento, no qual precisava do maior apoio dos meus professores, são eles que me abandonam e recusam pensar noutras formas de luta que não prejudiquem os estudantes, isentos de qualquer responsabilidade no estado actual do país.

Amanhã não sei como será.

Estudante

Dinis Lopes

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Brincar às Democracias...

O que há de mais estratégico para a soberania económica de um país? Água, Energias, Transportes, Banca e Comunicações, de certo responderia qualquer cidadão minimamente esclarecido.
Educação, Saúde e Justiça serão pilares mais importantes, mas não para a nossa soberania. A Defesa é naturalmente o primeiro pilar da soberania em geral, não particularmente da soberania económica.

Ora a REN e a EDP já foram totalmente privatizadas, a ANA foi concessionada por 50 anos, enquanto o Grupo TAP, os CTT, as Águas de Portugal e a CP Carga estão na calha.
Alguém perguntou a nossa opinião!? Não. Porquê!? É tão fácil fazer referendos sobre a Regionalização e sobre a IVG (interrupção voluntária da gravidez)...

E o burro sou eu!?
Que me interessa a mim se a IVG é permitida ou não? Quem quis, sempre a fez. Porque temos que ser uns a decidir assuntos da vida dos outros!? Já as empresas detidas/participadas pelo Estado que são minhas como são dos portugueses todos, ninguém nos pergunta o que achamos!? Que Democracia é esta? Estava no Programa de Governo, dirão alguns. O facto de um Governo ser eleito democraticamente, não significa que tem carta branca para fazer tudo, especialmente tomar decisões críticas e provavelmente irreversíveis como estas... Já para não falar no facto de se estarem a privatizar empresas que funcionam maioritariamente como monopólios e dão sempre lucro. Isto não são «gorduras do Estado», são as veias, as artérias, o coração e os pulmões.

Num país sem peso político e pouquíssimo económico, para que servirá o Estado se não controla estes setores-chave?

Não tenho soluções fáceis como as da Esquerda demagógica e populista, mas custa-me conceber que enterrámos mais dinheiro nas intrujices do BPN - que a SIC sabe onde está mas a justiça nacional não - do que vamos ganhar com a concessão por 50 anos dos aeroportos nacionais. 

Vamos acreditar que os contratos foram bem negociados - não como as ruinosas PPP - e que defendem o superior interesse nacional. Sem moeda própria (para imprimir) nem financiamento (acessível) não se antevê que qualquer destes setores volte às mãos do Estado no médio/longo prazo - a não ser que chegue a revolução e voltemos à estaca zero!

Chegará o dia em que nos informam que a nossa capital não é (mesmo) Lisboa e que já não somos portugueses. Chegará o dia em que nada será nosso. Dir-nos-ão que somos Europeus. Eu não sou Europeu (de nacionalidade).
Eu sou Português, assim nasci e morrerei e todos os dias da minha vida prometo lutar por um Portugal forte, unido, democrático, socialmente justo e economicamente próspero.

Viva Portugal!

domingo, 2 de junho de 2013

Ajudar Portugal

Eu gostava de ajudar Portugal, emprestando o meu dinheiro, as minhas pequenas poupanças, ao estado português. Como eu existem muitos portugueses que pensam de forma igual. Contudo, é impossível.

Os bancos impedem que tal aconteça e tal pode ser confirmado por este pequeno excerto da entrevista que José Gomes Ferreira fez a João Rato da IGCP* no passado dia 01-05-2013. Grande parte dos portugueses não se importariam de emprestar dinheiro a Portugal, que nem me refiro à atractiva taxa de cerca de 5%, mas para ajudar o nosso próprio país.

* Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, E.P.E., é a entidade pública a quem compete gerir, de forma integrada, a tesouraria, o financiamento e a dívida pública direta do Estado, a dívida das entidades do setor público empresarial cujo financiamento seja assegurado através do Orçamento de Estado e ainda coordenar o financiamento dos fundos e serviços dotados de autonomia administrativa e financeira.

Dinis Lopes

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ideias Subversivas: «Antes é que era bom!»

Feliz? Sim, porque não? Casa, comida, amigos... Dizia a minha mãe que no tempo dela o meu avô nunca os deixou passar fome. Mas não consigo perceber esse conceito... Fome? Em Portugal é difícil morrer à fome, assim como não comprar algo para vestir. Comprar é bom. Dizem-nos... Mas era possível andar nu? Antes era, agora não. Até me dão roupa se eu começar a andar nu na rua. Antes não. Tenho trocos, tenho de comprar algo novo. Dizem as novelas que o vida-vida não é ter casa, comida e filhos, mas sim ter empregada, sofá de pele e andar com roupas das boas! Já disse que temos de comprar? Sim, temos, senão a economia não anda para a frente. Mas antes também tínhamos? Antes também, mas era a comida... Já dizia a minha mãe. Mas eram felizes assim? Minha mãe diz que sim. Não percebo... Mas como pode alguém ser feliz se não pode mudar de roupa todos os anos? Diziam que nem os trapos eram velhos, agora são. As pessoas mais velhas dizem que antes é que eram felizes – «antes é que era bom!». Mas como “mediram” esta felicidade? Chamam-me ignorante. Mas não me explicam como antes é que era bom... E eu calo-me. Já disse que me avisaram para comprar mais para ficar satisfeito? As pessoas que compram ficam com ar aliviado. Mas antes as pessoas não tinham que comprar para serem felizes. A minha mãe também não consegue explicar. Dinheiro compra coisas, para comprar felicidade que antes não era comprada com a compra, que só dava para comprar a comida. Mas comida apenas trazia felicidade? Era feliz? Sim, porque não?

Dinis Lopes

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Ideias Subversivas: Revolta contra a Revolta

Ao decidirem convocar uma manifestação (“Conselho do Povo”) às portas do Conselho de Estado, os responsáveis pelo movimento “Que se lixe a troika” tomaram uma atitude correcta. Contudo, ao decidirem que essa manifestação se iria basear em fazer barulho com apitos e panelas definiram uma sentença (já há muito atribuída) de que não passam de ruído. A infantilidade de tal acção terá as seguintes consequências perante as suas reivindicações(i.e., dissolução da Assembleia da República): nenhumas. Não é com apitos e panelas que se constrói uma sociedade e se resolvem problemas. É com ideias e soluções para os problemas actuais.

E agora atacam-me: “Mas não somos nós que temos de arranjar soluções!”. E eu respondo: “São sim, porque todos nós fazemos parte da sociedade, e se não confiamos nos políticos, porque não somos nós a propor soluções?”. Com mais de 28000 “likes” no facebook, não são capazes de fazer melhor? De organizar petições? Com uma manifestação estrondosa no 15 de Setembro, não conseguem mais nada? De organizar um conjunto de ideias credíveis e colocá-las num documento? De organizar um grupo de sumidades intelectuais que consigam exercer alguma influência? Por favor... É que assim não passam mesmo de um ruído.

Dinis Lopes

quarta-feira, 1 de maio de 2013

«Por Onde Vamos»

É o novo programa da SIC Notícias e teve ontem a primeira das quatro edições previstas, que irão para o ar semanalmente.

O programa de ontem foi dedicado ao tema da «Internacionalização», contando com convidados ilustres, empresários e gestores de exportadoras a multinacionais de sucesso.

Parabéns à SIC Notícias pela iniciativa. É tempo de por fim à lamuria e de nos limitarmos a ouvir políticos (a maioria dos quais só domina a retórica vazia de conteúdo) e os técnicos (maioritariamente economistas que sabem muito de números mas tão pouco sobre a realidade empresarial como a maioria dos políticos).

Oiçam pessoas de trabalho que arriscaram, sofreram, erraram (como todos erramos), mas sobretudo trabalharam, acreditaram e venceram (para quem não puder ver tudo, sugiro que comece no minuto 26): «Por Onde Vamos»

terça-feira, 23 de abril de 2013

Ideias Subversivas: Como Errar Com Os Erros dos Outros

Os artigos científicos/económicos (vulgo papers), assim que publicados costumam ser assumidos como... “verdadeiros”. Muitas das vezes sem qualquer crítica são levados a um trono falso e a prazo. São transformados em working papers a partir dos quais se desenvolvem mais papers. E o que acontece quando há falta de visão crítica, nem que seja sobre os papers de autores mais respeitados? Ocorrem mais erros, que são desculpados pelos erros dos anteriores.

Isto para chegar a um ponto fundamental, isto é, ao cúmulo de todos os erros em papers. Falo do artigo que serviu de base a toda (ou quase toda) a razão para a austeridade na Europa e, em particular, em Portugal: “Growth in Time of Debt” de Rogoff e Reinhart, 2010. Vitor Gaspar usou este paper como referência para aplicar a austeridade em Portugal. Resumidamente, o artigo conclui que economias de nações com dívidas públicas superiores a 90% apresentam um decréscimo de 0.1% do seu PIB anual, enquanto as outras (com dívidas inferiores) apresentam em média entre 3-4%.

Ora, todas essas conclusões foram revistas por um aluno de 28 anos, Herndon, que decidiu rever os resultados. Afinal, países com dívidas públicas acima desse limiar apresentam em média um crescimento positivo de 2.2% (!). Os autores do famoso working paper, já com mais de 400 citações de outros papers, uma delas de Vitor Gaspar, assumiram que tudo se deveu a um erro de Excel. Acreditar nesse erro imaturo cabe a cada um.

Os autores de um paper que influenciou toda a economia moderna, com particular influência em Portugal, admitiram o erro. E eu pergunto agora: os defensores de toda esta política, que tinham esse famoso paper como fundamento, não admitem o erro? Vão continuar a errar sobre erros de outros?

Dinis Lopes

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Provincianismo Lisboeta, o Sentimento de Inferioridade Portuense e a Demagogia Madeirense.

O Provincianismo Lisboeta:

O título parece uma antítese mas não o é! É uma atitude típica de pessoas da capital, algumas saloias (entenda-se, da terra) outras de outros locais que foram viver para Lisboa: «Portugal é Lisboa e o resto é paisagem» é uma frase sem sentido no Portugal de hoje. Talvez assim fosse há 30 anos, mas hoje não é mais assim (e ainda bem). Desprezar o trabalho de 75% da população e o mérito de quem consegue vingar fora dos grandes fluxos de pessoas e bens que giram em torno da capital é um erro crasso.

A qualidade de vida é hoje muito boa em pequenas cidades, com boas acessibilidades e proximidade de serviços de saúde, educação, cultura, comerciais e de lazer. O interior das «velhinhas de lenço preto», das «senhoras de bigode» é já uma realidade distante. Há muitas empresas de sucesso e tecnologicamente avançadas em todo o país, com particular incidência para a estreita faixa a menos de 50km da costa entre Setúbal e Braga, por uma simples razão, 80% da população portuguesa vive nesta zona.

Um exemplo que me é caro é o setor aeroespacial, onde várias empresas do ramo trabalham fora de Lisboa e têm sucesso: veja-se o CEIIA (na Maia), a Embraer Portugal (recentemente instalada em Évora), a Critical Software (com sede em Coimbra), entre outras.

Há trabalhos de investigação dignos de registo na Universidade de Coimbra, do Minho, de Aveiro do Algarve e da Beira Interior que são regularmente reconhecidos internacionalmente. Cabe aos lisboetas reconhecê-lo também e estreitarem laços com empresas e universidades estimulando mais parcerias a nível nacional do que aquelas que existem.

Portugal, felizmente, não é só Lisboa, longe disso, mas só com uma Lisboa forte poderemos ter um Portugal forte e precisamos de defender a nossa capital, vivamos na Ilha do Corvo, em Valença do Minho ou em Vila Real de Santo António.

Viva a Capital!

O Sentimento de Inferioridade Portuense:

O queixume da elite portuense nos media tem sido ao longo dos últimos meses particularmente patente, vejam-se as vozes de Cristina Azevedo, Paulo Rangel, Rui Rio e Rui Moreira na cruzada contra o centralismo lisboeta, nomeadamente no que diz respeito à privatização da ANA Aeroportos e o medo do Aeroporto Francisco Sá Carneiro ficar a perder face ao da Portela. Os medos continuaram, ainda que tivesse ficado garantido que o aeroporto da capital subsidiaria os aeroportos de Faro e do Porto para garantir a competitividade destes últimos.

Temem agora o desvio de fundos para construir o novo aeroporto de Lisboa e a nova ponte sobre o Tejo (quantas pontes sobre o Douro tem o Porto?). Mais parece que querem uma Lisboa mais fraca do que um Porto mais forte. Não se compreende. O Metro do Porto é já maior que o de Lisboa e o aeroporto local recebeu vários prémios internacionais pela sua qualidade.

Por outro lado, e na terceira década de domínio futebolístico do Futebol Clube do Porto os media referem-se ao Derbi de Lisboa entre o Sporting Clube de Portugal e o Sport Lisboa e Benfica como o «Dérbi dos Dérbis» ou «Clássico dos Clássicos». O Porto não é Lisboa e não será nunca Lisboa, mas isso não impede que tenha muito sucesso, como é bom exemplo o futebol (e outros desportos).

Como dizia o candidato autárquico Rui Moreira - ainda que com algum desdém para com Lisboa - o Porto não deve viver com este fantasma e querer ser uma segunda Lisboa. O Porto vale por si mesmo e tem muito mais a dar ao país e a ganhar se trabalhar com do que contra Lisboa.

Viva a Invicta!

A Demagogia Madeirense:

Com um PIB per capita superior à média nacional, a Região Autónoma da Madeira tem tido sempre impostos inferiores à média nacional e granjeado de uma forte autonomia. Comparando, por exemplo, com Bragança (agora sem ligação aérea a Lisboa), mais distante dos grandes grandes centros que o arquipélago madeirense em termos de tempo de viagem e muito mais pobre que as referidas ilhas, não teriam os transmontanos muito mais que reclamar!?

Do que reclamam? De ter muita autonomia? De serem a região mais rica do país a seguir à Grande Lisboa? Ou de ainda terem um regime fiscal muito mais favorável que qualquer região de Portugal Continental?

A parangona da independência não é credível e a Madeira teria muito mais a perder em ser independente do que Portugal Continental e os Açores. Os madeirenses sabem-no bem e o Governo Regional também. Deixemos de brincar com assuntos sérios. A teoria do inimigo comum (Lisboa e o centralismo) de Alberto João Jardim cada vez colhe menos adeptos na Madeira.

Viva a Madeira!

Conclusões:

Temos de deixar-nos todos de demagogias e divisões inférteis. Portugal é um dos países mais unidos do mundo e devemos lutar por preservar isso. Fora às demagogias e às invejas. 

Só nos tornamos centrais e mitigamos um pouco a nossa periferia a nível europeu se tivermos um grande porto e um grande aeroporto. O grande porto será, devido às suas condições naturais, certamente o de Sines (ainda que complementado com Setúbal, Leixões e Lisboa). O grande aeroporto é o de Lisboa que tem felizmente crescido bem em tempos de crise. É em Lisboa e manter-se-á em Lisboa por ser a capital, ser central, ser a maior urbe nacional, o centro de operações da TAP e o local com a maior comunidade imigrante no país.

Temos que garantir que continua e deixar de pensar que o Porto ou Faro perdem com isso. Pelo contrário, todos temos a ganhar com a centralidade de Lisboa. Afinal o país é tão pequeno que se Lisboa for um grande centro, todo o país estará perto desse centro.

Viva Portugal!

terça-feira, 9 de abril de 2013

Ideias Subversivas: Hoje sonhei

Hoje sonhei que os gestores não ganhavam bónus quando atingem os objectivos que são obrigados a cumprir.

Hoje sonhei que os partidos políticos em Portugal lutavam pela nação e que faziam acordos entre si com o objectivo de resolver os problemas actuais.

Hoje sonhei que o CDS-PP/PSD tinham realmente ajudado Portugal nestes últimos dois anos.

Hoje sonhei que o PS estava a fazer oposição e admitia os erros que fez e que estava disponível para ajudar Portugal.

Hoje sonhei que o PCP e o BE eram úteis e apresentavam soluções credíveis e sustentáveis.

Hoje sonhei que não haviam segundas intenções no que os nossos representantes dizem.

Hoje sonhei que os partidos políticos cumpriam o que dizem antes de chegar ao governo.

Hoje sonhei que existia democracia e que não éramos governados por bancos.

Hoje sonhei que havia alguém em quem votar.

Hoje sonhei que existia UNIÃO Europeia.

Hoje sonhei que não obrigavam licenciados a pagar para trabalhar.

Hoje sonhei que existia uma coligação dos partidos da esquerda à direita e que existia confiança nesses políticos... Ops... Afinal já estou acordado... E estou no comboio a caminho do trabalho a ler o jornal. Afinal esta é realidade, mas na Finlândia. Não tive mais sonhos então.

Peço desculpa, mas foi uma longa noite.


Dinis Lopes

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Nós Europeus (Eslováquia)


Breve História:

Bandeira da República da Eslováquia
O povo eslavo radicou-se na área onde hoje se encontra a Eslováquia no século V.
O território fez parte da Hungria entre os séculos XI e XIV e foi, mais tarde, parte do Império Austro-Húngaro até 1918. Nessa data, a Eslováquia juntou-se às regiões vizinhas da Boémia e da Morávia constituindo a Checoslováquia. Com o acordo de Munique de 1938, a Eslováquia transformou-se numa República separada, ainda que sob forte controlo da Alemanha nazi.
Depois da II Guerra Mundial, a Checoslováquia foi restaurada, passando a estar sob a esfera de influência da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e do Pacto de Varsóvia a partir de 1945. O fim do comunismo da Checoslováquia da-se com a Revolução de Veludo de 1989 e as eleições livres de 1990.
A Checoslováquia viria anos depois, a 01/01/1993 dar origem a dois Estados soberanos, a República Checa e a República Eslovaca. A Eslováquia aderiu à UE a 01/05/2004 e entrou na Zona Euro a 01/01/2009.

 Política:
  • Regime Político: República Democrática Parlamentar;
  • Capital: Bratislava;
  • Independência: 1993 (cisão da Checoslováquia);
  • Língua oficial: Eslovaco (língua eslava com cerca de 7 milhões de falantes em todo o mundo, 5 milhões dos quais no país);
Personalidades:
  • Móric Benovky (1746-1786) foi um nobre eslovaco que foi um aventureiro, colonizador, escritor, jogador de xadrez, Coronel Francês, Militar Polaco e Soldado Austríaco durante um curto período de vida;
  • Stefan Banic (1870-1941) inventou o pára-quedas;
  • Ivan Bella (1964-) é um cosmonauta eslovaco e primeiro nacional do país a ir ao Espaço, participando numa missão à Estação Espacial Mir em 1999, numa colaboração entre a Rússia, a França e a Eslováquia.
Economia:
  • Divisa: Euro (entrada a 01/01/2009);
  • PIB nominal: 69.108 M€ (40% do PIB de Portugal);
  • PIB per capita: 12.700 € (73% da média da UE, enquanto o PIB per capita de Portugal é 77% da média comunitária);
  • Com 14,6%, a Eslováquia é o 4º país da UE com a taxa de desemprego mais elevada, apenas ultrapassada pela Grécia (26,4%), Espanha (26,3%) e Portugal (17,5%);
  • Principais parceiros de exportação: Alemanha (21,4%), República Checa (15,2%) e Polónia (7,9%);
  • Principais parceiros de importação: Alemanha (19,2%), República Checa (18,5%) e Rússia (11,4%).
 Geografia/Demografia:
  • Área: 49.035 km2 (com 53% a área de Portugal);
    Teatro Nacional (Bratislava)
  • População: 5,4 milhões de habitantes (52% da população de Portugal);
  • Densidade Populacional: 111/km2 (idêntica à Portuguesa);
  • 90% dos eslovacos completaram pelo menos o ensino secundário, o valor mais elevado da UE, a par de polacos, checos e eslovenos (em Portugal menos de 16% da população o conseguiu);
Curiosidades:
  • Os Eslovacos foram considerados em 2005 um dos povos mais infelizes do mundo, apenas superados por russos, bielorrussos, ucranianos e búlgaros;
  • O país possui a maior taxa de morte devido a doenças cardiovasculares da UE (a par dos países bálticos);
  • As mulheres eslovacas casam-se, em média, com 24 anos, fazendo delas as mais precoces a contrair matrimónio na UE, a par das lituanas e das polacas;
  • O staff das embaixadas eslovacas e eslovenas reúnem-se mensalmente para trocar correspondência mal endereçada;
  • "A única coisa que sei sobre a Eslováquia foi o que aprendi com o vosso ministro dos negócios estrangeiros, que foi ao Texas", afirmou George W. Bush depois de reunir com o ministro esloveno;
  • Numa conferência de imprensa em Roma, Silvio Berlusconi apresentou o Primeiro-Ministro esloveno Anton Rop aos jornalistas: "Estou muito contente de estar aqui hoje com o Primeiro-Ministro da Eslováquia.".
A Eslováquia e Portugal:
  • A Eslováquia foi o país da UE cuja economia mais cresceu entre 2005 e 2012 (41,2%), que compara com a queda de 1,4% da economia portuguesa no mesmo período (1,4%), só à frente da Grécia;
  • Tal como Portugal, a Eslováquia pertence à UE, Zona Euro, Espaço Schengen e à NATO (é na realidade o único país, juntamente com a Estónia e a Eslovénia do ex-bloco comunista soviético a fazer parte de todas estas organizações);
  • A Eslováquia e Portugal fazem parte do grupo Amigos da Coesão dentro da UE, que inclui ainda a Bulgária, Chipre, República Checa, Chipre, Estónia, Grécia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia, Roménia e Eslovénia.
Dentro de três semanas: «Nós, Europeus (França)», que é dos grandes países da comunidade o que é culturalmente mais parecido com Portugal.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Ideias Subversivas: A Justiça e os Burros

Em algum momento da nossa vida vamos ter que recorrer à justiça... Sim, para resolver algum problema relacionado com imóveis, heranças, acusações no trabalho ou na simples rua, ou qualquer outro litígio. Tudo seria mais fácil se recorrer à justiça não fosse pior do que deixá-la arrastar perante o nosso sedentarismo. Ora, eu tive que recorrer a ela e fui obrigado a mexer-me.
Na minha primeira experiência com a justiça portuguesa deixo aqui as minhas breves conclusões, fazendo notar que eu estou provavelmente numa  área de trabalho que se encontra exactamente no extremo oposto do direito:
  • As leis são contraditórias. Num mesmo artigo, eu próprio, sem a ajuda de um advogado, consegui encontrar frases que se contradiziam a si próprias. Frases muitas vezes dúbias levaram-me a questionar a inteligência dos advogados que as escreveram: se o fazem de propósito para uma frase poder ser interpretada de duas formas diferentes, ou se temos mesmo o caso de advogados com péssima qualidade na sua redacção.
  • As leis são mal escritas. Num concurso de “palavras-caras” os advogados ganhariam. O objectivo não é tornar as leis explícitas. O objectivo principal é conseguir torná-las de difícil leitura para que nem todas as pessoas as consigam entender. E assim que passamos esse limiar de percepção e entramos na mente dos advogados deparamo-nos com atentados à lingua portuguesa.
  • Mixórdia de leis novas-antigas. Com mudanças constantes no governo e a “vontade” de reformar constantemente, as leis estão em constante mudança. Não é possível para um simples cidadão manter-se a par das leis que vão sendo publicadas. E impressionantemente, nem o advogado que me veio a representar, estava a par delas (ele não é um caso único).
  • Igualdade na justiça não existe. Tive que consultar um advogado para avançar com o processo. Infelizmente não existem advogados para os cidadãos que têm menos posses (menos = ordenados inferiores à classe média-alta). Estes são deixados à sorte e numa última instância nas mãos de um advogado que apenas os vai conhecer no momento da decisão.
Eu sempre tentei dar o benefício da dúvida à justiça portuguesa, apesar das críticas constantes com que tem sido bombardeada. Infelizmente, percebo agora porque os portugueses preferem muitas das vezes deixar arrastar, ou mesmo resolver pelas suas próprias mãos, os problemas judiciais. Acredito que existam advogados de qualidade, mas talvez estes não estejam a trabalhar no sítio que deveriam.

Dinis Lopes

quinta-feira, 28 de março de 2013

Nós Europeus (Suécia)


Breve História:

Bandeira do Reino da Suécia
A História da Suécia e da ocupação humana do seu território inicia-se na Idade da Pedra, aquando do recuo do gelo da última glaciação, movimento que, naturalmente, se iniciou pelo sul do país. Acredita-se que durante a Idade do Bronze o sul do país tenha sido densamente povoado como atestam várias ruínas que datam desta época. Os vários reinos que foram sendo criados foram unificados pela primeira vez no período entre os séculos VI e IX, tendo-se seguido a era Viking na Suécia, período em que lograram conquistas no Báltico, e da Rússia até ao longínquo Mar Negro.
A cristianização do país tem início no século XI com a chegada de missionários alemães e ingleses. Em 1397, os quatro países escandinavos foram reunidos através de linhagens e casamentos, mas disputas entre as classes nobiliárquicas de cada país pelo trono levaram à sua separação no início do século XVI.
A participação na Guerra dos 30 anos no século XVII tornou a Suécia numa das principais potências europeias da época. Em 1809 contudo, a separação da parte oriental da Suécia, dando origem à Finlândia como Grão-Ducado Russo viria a fazer o país entrar em declínio.
A história mais recente do país tem sido pacífica, com a última guerra datando de 1814 com a Noruega e que viria a resultar numa união dominada pela Suécia, união que se viria a desfazer pacificamente em 1905. O país adotou uma posição de neutralidade durante a I e a II Guerra Mundial (com a exceção da Guerra do Inverno, em que apoiou os esforços Finlandeses em resistir à União Soviética que procurava aproximar-se das minas de ferro do norte da Suécia para alimentar a sua indústria de guerra). O país manteve a posição de neutralidade durante a Guerra Fria e hoje em dia não faz parte de qualquer organização militar.
Apesar da grave crise económica que o país viveu no início da década de 1990, que resultou em muitas falências e numa elevada taxa de desemprego, o país conseguiu superar os seus problemas, tendo entrado em 1995 para a UE. A entrada do país para a zona euro foi chumbada em referendo no ano de 2003, não havendo previsão da sua entrada para a moeda única.
A Suécia é hoje um dos países com maior índice de desenvolvimento humano do mundo, um país pacífico e tecnologicamente avançado, marcado por uma forte cultura democrática onde a igualdade de género está mais patente e as desigualdades de rendimentos são menos pronunciadas.

 Política:
  • Regime Político: Monarquia Constitucional com Democracia Parlamentar;
  • Capital: Estocolmo;
  • Língua oficial: Sueco (uma língua de origem germânica falada por cerca de 9 milhões de pessoas enquanto língua nativa e por um total de 10 milhões em todo o mundo);
  • É um dos países com o Estado Social mais forte da Europa, algo que é sustentado graças a uma das cargas fiscais mais elevadas do mundo;
  • Entre 1932 e 2006 os sociais-democratas presidiram ao governo sueco durante 65 anos (pertencem à família do Partido Socialista Europeu).
Personalidades:
  • Alfred Bernhard Nobel (1833-1896) foi um químico, engenheiro e inventor que patenteou mais de 350 invenções (sendo a dinamite a mais famosa). A sua fortuna foi utilizada postumamente instituir os prémios Nobel;
  • Carl XVI Gustaf (1946-) é Rei da Suécia desde 1973;
  • Margot Wallstrom (1954-) é uma política sueca que é a Comissária Europeia para as Relações Institucionais e Estratégia de Comunicação e a primeira de cinco vice-presidentes da Comissão Europeia presidida pelo português Durão Barroso. 
Economia:
  • Divisa: Coroa Sueca;
  • PIB nominal: 387.596 M€ (com 2.3 vezes o PIB de Portugal é a 7ª maior economia da UE);
  • PIB per capita: 41.000 € (com quase 2.6 vezes o valor nacional é o em termos relativos o 6º país mais rico da UE, apenas superado por Luxemburgo, Reino Unido, Países Baixos, Áustria e Irlanda)
  • Marcas internacionalmente conhecidas: IKEA, Volvo, SAAB e ABBA;
  • Principais parceiros de exportação: Alemanha (10,5%), Noruega (9,3%) e Dinamarca (6,5%);
  • Principais parceiros de importação: Alemanha (18,4%), Dinamarca (8,2%) e Noruega (7,8%).
 Geografia/Demografia:
  • Área: 449.964 km2 (com 4.9 vezes a área de Portugal é o 3º maior país da UE, apenas atrás de França e de Espanha);
  • Densidade Populacional: 20.6/km2 (inferior a 18% da densidade populacional portuguesa);
  • Cerca de 20% da população residente no país tem origem estrangeira;
  • 78% da área total do país é constituída por florestas e apenas 8% é utilizada para o cultivo.

Curiosidades:
Ponte/túnel que unem a Suécia (Malmo)
à Dinamarca (Copenhaga)
  • A Suécia era em 2010 o 3º país da Europa com a mais elevada esperança média de vida, depois de Itália e de França, com quase 81 anos;
  • As mães suecas têm o 1º filho com uma idade média de 30 anos, a média mais elevada da Europa;
  • 40% das mulheres e 32% dos homens entre os 25 e os 64 anos participam em atividades de educação ou formação, quando a média da UE é de 10% para as mulheres e 9% para os homens;
  • Mais de 76% das mães trabalham;
  • Em 1980 foi passado no parlamento sueco a lei da primogenitura absoluta, pondo fim à primazia masculina na sucessão ao trono (atitude seguida pelos Países Baixos (1983), Dinamarca (1990), Bélgica (1991), Dinamarca (2009) e Luxemburgo (2011));
  • É um dos países com os níveis de rendimentos menos desiguais do mundo, e o segundo na UE, atrás da Dinamarca.
A Suécia e Portugal:
  • Com uma população aproximadamente igual em número, o peso político dos dois países é também semelhante e os interesses partilhados;
  • Portugal está entre os 30 principais mercados de exportação da Suécia;
  • Em 2008, a Suécia exportou para Portugal cerca de 600 milhões de euros e Portugal exportou para a Suécia perto de 450 milhões de euros;
  • São dois países da periferia do continente europeu;
  • Durante muitos séculos, fizemos contactos em locais diferentes. Quando os avanços na construção naval, permitiram realizar o sonho das viagens longínquas, os vikings suecos dirigiram os seus navios para leste, enquanto os portugueses se fizeram aos oceanos. Gradualmente, ambos os países viriam a criar grandes impérios que, com o passar dos tempos viriam a perder;
  • A TAP Portugal tem voos diretos entre Lisboa e Estocolmo, enquanto a SATA Internacional tem voos diretos entre Ponta Delgada e Funchal e a capital sueca. 10% do turismo madeirense é de origem sueca. Várias companhias aéreas de baixo-custo têm ligações entre Faro e Estocolmo, havendo ainda voos diretos entre Faro e Gotemburgo.
Na próxima semana: «Nós, Europeus (Eslováquia)», que é, juntamente com a República Checa o país mais novo da UE.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O Fim da UE


O que se passou com Chipre nas últimas semanas é um verdadeiro ultraje para o projeto da UE, para a confiança no sistema bancário europeu e para a moeda única europeia. Os líderes europeus ensandeceram!

Não podemos vir com "chavões" chamar nazis aos alemães. Não devemos ter para com eles os preconceitos que eles têm para com os povos do sul, classificando-nos a todos como preguiçosos, desorganizados e despesistas. Há gente boa e má em todo o lado! Os alemães não são maus, são como são, têm virtudes e defeitos tais como os demais povos
- simplesmente a Sra. Merkel trabalha no sentido de defender os interesses do seu país e não os da UE. Quem a pode criticar por isso? Afinal, a Sra. é a Chanceler Alemã e não a Presidente da UE. Quem nos dera que do nosso lado se fizesse o mesmo!

Não venho com demagogias fáceis defender o não pagamento da dívida, mas sim renegociar as condições do acordo de assistência económico-financeira, nomeadamente em razão dos desenvolvimentos externos a nível económico.

A UE está partida entre o norte e o sul. A Grécia, Portugal, Espanha e Itália têm muitas semelhanças e interesses comuns e a estratégia de desunião dos povos do sul tem dado os piores resultados. O medo "terrível" de nos parecermos ou sermos associados à Grécia não deve prevalecer perante a necessidade urgente de concertar posições. Mete medo olhar para as taxas de desemprego destes países, e constatar-se que as economias continuam a cair.

Não temos massa crítica para nos sublevarmos sozinhos, mas se o fizermos junto com gregos, espanhóis, italianos e, porque não, cipriotas, estamos a falar de 3 vezes o território alemão, de 1.5 vezes a população alemã e de uma economia total superior à da Alemanha. Se o fizermos juntos, que ninguém duvide que teremos massa crítica!

Sem esta iniciativa, não sei onde iremos parar, mas o presente estado das coisas não augura nada de bom.

O regresso da Guerra ao velho continente deixou de ser um cenário extremamente improvável e está a tornar-se numa possibilidade moderadamente plausível a médio prazo e parece que quase ninguém se apercebeu disso.

terça-feira, 26 de março de 2013

Boas Portugalidades

Sabia que:
  • Lisboa eleita segundo melhor destino da Europa? A capital portuguesa ficou a apenas 0.2 pontos percentuais dos votos de Istambul, a vencedora da competição Melhores Destinos Europeus 2013 promovida pela European Consumers Choice (PÚBLICO).
  • O Novo videoclip dos Muse é da autoria de dois jovens portugueses? Inês Freitas e Miguel Mendes foram os escolhidos entre mais de uma centena de candidaturas (PÚBLICO).
Deixo aqui o Link o Videoclip, que não deixa de ser irónico.

Dinis Lopes



quinta-feira, 21 de março de 2013

Nós, Europeus (Roménia)


Breve História:

Bandeira da Roménia
Em 1878, através do Tratado de Berlim, foi reconhecida a independência da Roménia, que viria a tornar-se num Reino em 1881 chefiado pelo Rei Carol I. O período entre a fundação do reino e a I Guerra Mundial foi um tempo de grande progresso no país.
Durante a 2ª Guerra dos Balcãs (1913), a Roménia lutou contra os Búlgaros (revoltados com os resultados da 1ª Guerra dos Balcãs), em apoio da Grécia, Montenegro, Sérvia e Império Otomano.
O novo Reino estava rodeado de grandes potências, como o Império Austro-Húngaro, Império Russo e Império Otomano, tendo adotado a França como o seu paradigma cultural, em parte devido à sua herança latina (manifesta na sua língua).
Embora no início da I Guerra Mundial o país tenha declarado neutralidade relativamente ao conflito, depois de se ter exercido muita pressão por parte das forças Aliadas, a Roménia viria a declarar guerra ao Império Áutro-Húngaro. Apesar da campanha militar ter sido uma grande derrota, com muitos mortos e territórios perdidos, o pós-guerra, e, em particular, a desintegração dos Impérios Austro-Húngaro e Russo permitiu à Roménia ganhar alguns outros territórios. A Roménia Maior (1918-1910) incluía os territórios do Reino da Roménia, da Transilvânia, da Bucóvina e da Bessarábia. Foi o período de paz mais duradouro que o país viveu até hoje e a sua maior extensão territorial.
Na II Guerra Mundial, a Roménia tentou igualmente manter-se neutra relativamente ao conflito, mas depois de perder territórios para a União Soviética, acabou por se juntar às Potências do Eixo, que viriam a perder a Guerra. Desde 1947 até 1989 a Roménia esteve dominada por um regime comunista e autocrático. Em 1947 o Rei foi obrigado a deixar o país e este ficou sob controlo direto da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas  (URSS) até 1950. Na sequência de negociações com o regime soviético, Nicolae Ceausescu foi presidente do país entre 1967 e 1989, período marcado por crises financeiras e económicas, retrocessos sociais que viriam dar lugar à sangrenta revolução de 1989. 
Depois de 1989, o país começou a transformar-se política, económica e socialmente, constituindo-se como uma economia livre, integrada na NATO desde 2004 e na UE desde 2007. Ainda assim, a Roménia continua a ser um país de emigrantes, resultado da abertura ao mercado comunitário e do seu atraso económico relativamente a quase todos os seus parceiros continentais (apenas a Bulgária é mais pobre).

 Política:
  • Capital: Bucareste;
  • Línguas oficiais: Romeno (com cerca de 24 milhões de falantes, sendo língua oficial da Roménia e da Moldávia, é a quinta língua latina mais falada no mundo, à frente do Catalão e do Galego);
  • Regime Político: República Unitária Semi-Presidencialista (a transição democrática iniciou-se em 1989).
Personalidades:
  • Henri Marie Coanda (1886-1972) foi um inventor e pioneiro em aerodinâmica (o principal aeroporto internacional da capital é nomeado em sua honra e o famoso "efeito coanda" em mecânica dos fluidos foi descoberto por si);
  • Nicolae Ceausescu (1918-1989) foi um líder autocrata comunista e presidente da Roménia Socialista entre 1967 e 1989;
  • Herta Muller (1953-) é uma poetisa romena que venceu o Prémio Nobel da Literatura em 2009.
  • Nadia Elena Comaneci (1961-) é uma ginasta romena que venceu 3 medalhas de ouro nas olimpíadas de 1976 e foi a primeira ginasta feminina a ser atribuída uma pontuação de 10.
Economia:
  • Divisa: Leu (prevê-se a entrada na Zona Euro a 01/01/2015);
  • As taxas de IRS e IRC cifram-se nos 16% e são únicas;
  • O salário mínimo é de 150€ e o salário médio ronda os 380€, fazendo do seu povo um dos piores pagos do continente europeu.
 Geografia/Demografia:
  • Área: 238.391 km2 (2,58 vezes da área de Portugal);
  • População: 19.043.767 habitantes (1,8 vezes a população de Portugal; 12% da população são imigrantes);
  • Países-fronteiros: Bulgária, Sérvia, Hungria, Ucrânia e Moldávia. Faz ainda fronteira com o Mar Negro;
  • Principal comunidade imigrante: húngaros (as línguas estrangeiras mais faladas são o húngaro e o alemão);
  • Bucareste é uma das maiores áreas metropolitanas da Europa (mais de 2 milhões de habitantes), sendo a segunda mais populosa da península balcânica, a seguir a Atenas;
  • O rio Danúbio (2º maior da Europa) desagua do mar negro em território romeno;
  • O gentílico da Roménia é «romeno».
Curiosidades:
Palácio do Parlamento (um dos
maiores edifícios do mundo)
  • A Roménia foi o único país do bloco de Leste com um fim violento do regime comunista, em 1989;
  • O país possui apenas 350 km de autoestradas;
  • A primeira caneta de tinta-permanente foi inventada por um Romeno (Petrache Poenaru);
  • A palavra «laranja» em romeno escreve-se «portocaliu», (provavelmente por influência árabe);
  • A Roménia é o 7º país mais populoso da UE.

A Roménia e Portugal:
  • Cerca de 10% da população imigrante em Portugal é romena (o número cresceu de cerca de 1.000 em 2004 para quase 40.000 na atualidade). Portugal é, de um modo geral, percecionado como um caso de sucesso na aplicação de fundos europeus, um país seguro e com grandes semelhanças culturais e linguísticas, o que facilita a sua integração no nosso país;
  • A Roménia possui uma embaixada em Lisboa e três consulados (Estoril, Faro e Porto);
  • O Millenium BCP possui mais de 80 balcões no país;
  • O interesse na aprendizagem da língua portuguesa na Roménia tem crescido significativamente ao longo da última década;
  • A TAP Portugal começou a fazer voos diretos entre Lisboa e Bucareste em 2012.
Na próxima semana: «Nós, Europeus (Suécia)», um dos países mais desenvolvidos do mundo.