quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Alexandre Soares dos Santos deixa presidência da Jerónimo Martins

Alexandre Soares dos Santos anunciou hoje a saída do Conselho de Administração da Jerónimo Martins. Após 56 anos de trabalho e aos 79 anos, Alexandre Soares dos Santos decidiu afastar-se da liderança do grupo que é hoje uma multinacional com mais de 60 mil colaboradores, principalmente em Portugal e na Polónia, mas também na Colômbia.

Numa vida cheia e com um percurso ímpar, uma carreira de gestor que passou pela Alemanha e pela Irlanda, Soares dos Santos mostrou ser um homem trabalhador, sério, sincero e por vezes, muito crítico da política e dos políticos nacionais. Sendo um dos homens mais ricos de Portugal, sempre revelou uma humanidade pouco comum entre os senhores do grande capital.

Nunca escondeu os erros cometidos pela empresa durante a sua liderança, como o fracasso do investimento no Brasil, nem evita sublinhar o valor da equipa com que trabalhou e conseguiu resultados muito bons nos últimos anos, em Portugal (com as lojas Pingo Doce), mas sobretudo na Polónia, onde detém o maior grupo retalhista local (Biedronka) e contribui muito ativamente para a exportação de produtos portugueses para a única economia da UE que não entrou em recessão durante a última crise financeira.
Despede-se com a seguinte frase: "Dediquei ao grupo Jerónimo Martins o melhor do meu conhecimento e das minhas capacidades e não escondo o orgulho que sinto com o que fomos capazes de construir".

Um grande bem-haja pelo seu esforço e pelos empregos que direta e indiretamente dependem do seu trabalho e pelas gerações de gestores e empreendedores que continua a inspirar.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Investimento nos portos de Faro e Portimão

O terminal de cruzeiros do porto de Portimão vai receber investimentos significativos. De igual modo, o porto da capital algarvia, que tem registado um crescimento muito forte no ano corrente, dando o seu pequeno contributo para as exportações nacionais, será alvo de melhoramentos.
Ambos os portos foram recentemente integrados na Administração do Porto de Sines.

Em Portimão, em abril deste ano, estimava-se um movimento de 35 mil passageiros em 55 escalas de cruzeiros e a expansão do negócio está dependente de obras de dragagem do rio Arade.

No cais comercial do porto de Faro, a partir de onde é exportado o cimento produzido na fábrica da CIMPOR em Loulé, será alvo de melhoramentos com vista a facilitar e tornar mais expedito o processo de movimentação de mercadorias.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Lisboa, Madrid e... Barcelona

LISBOA

No ano de 2012 os números foram claros, o aeroporto de Lisboa cresceu acima da média e conseguiu, num cenário de recessão profunda da economia nacional e de recessão na Zona Euro um crescimento pouco comum de 3.5% no número de passageiros. A abertura da base da EasyJet e a abertura de novas rotas (e.g. Dubai) ajudaram, mas foi sobretudo graças ao grande crescimento da TAP que se conseguiram estes resultados. O Hub de Lisboa existe graças à TAP e o sucesso do aeroporto da capital portuguesa no transbordo de passageiros em trânsito entre os continentes americano e africano e o continente europeu tem sido evidente. Os excelentes resultados de recentes rotas da TAP como Dakar (no Senegal), Bamako (no Mali), Miami (nos EUA), Viena (na Áustria), Porto Alegre (no Brasil), Manchester (em Inglaterra) e Bucareste (na Roménia) em muito contribuiram e foram conseguidos com um grande esforço de melhoria da produtividade, já que a frota de 71 aeronaves da TAP (55 da TAP, 14 da PGA e 2 da PGA Express) se mantém inalterada desde 2009.

MADRID

O principal aeroporto que compete com Lisboa é naturalmente o da capital espanhola, desde logo pela sua proximidade geográfica, mas sobretudo pela sua dimensão - demográfica e económica. O aeroporto de Madrid-Barajas teve a maior queda a nível europeu entre os grandes aeroportos em 2012, com um estrondoso decréscimo de 9.0% no número de passageiros. Estes números encontram justificação na crise económica que também afeta o país vizinho, mas sobretudo nos esforços de racionalização da Iberia que viu o grupo IAG (do qual faz parte, juntamente com a British Airways e a Vueling) obrigá-la a fechar um número significativo de rotas não-lucrativas, reduzir a sua frota e despedir um número record de funcionários e no fecho da base da EasyJet (e com ela dum elevado número de rotas) devido ao aumento das taxas. Já na primeira metade deste ano, os resultados não se inverteram e as quedas estão agora acima dos 10.0% face ao período homólogo.

BARCELONA

A capital da Catalunha, que, se fosse um país independente, seria o 4º mais rico (per capita) da União Europeia projeta-se como um destino turístico de eleição dentro e fora da Europa e a resiliência da sua economia face ao resto de Espanha está bem patente no crescimento continuado do seu aeroporto, pese embora a crise económica. O aeroporto de El Prat conseguiu reagir de forma muito boa ao fechar de portas da companhia aérea Spanair (baseada em Barcelona) em janeiro de 2012 e conseguiu um crescimento de 2.2% no número de passageiros face a 2011, crescimento que se tem confirmado no presente ano, sobretudo sustentado pela Vueling (subsidiária do IAG, juntamente com a British Airways e a Iberia) e pelo grande número de companhias estrangeiras que a elegem como destino. Dados recentes, indicam que, pela 1ª vez na história Barcelona foi mais visitada que Madrid e na última semana, Madrid perdeu, pela terceira ocasião consecutiva, a nomeação para cidade organizadora dos Jogos Olímpicos (que Barcelona organizou em 1992).

Rank
2012
CountryAirportCityPassengers
2011
Passengers
2012
Change
2011-2012
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5 SpainMadrid–Barajas AirportMadrid49,671,270[6]45,195,014[6]Decrease9.0%
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9 SpainBarcelona El Prat AirportBarcelona34,398,226[6]35,145,176[6]Increase2.2%
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28 PortugalLisbon Portela AirportLisbon14,805,624[20]15,301,176[21]Increase3.5%
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Fonte: Wikipedia

A estratégia espanhola de fazer de Madrid uma capital central no contexto ibérico, a nível económico, demográfico e das vias de comunicação, particularmente bem sucedida nas últimas décadas, está a sofrer um forte revés nesta crise, agravado com a pujança relativa que se vê nas outras duas grandes metrópoles peninsulares.

Em Portugal, devemos procurar reforçar o crescimento de Lisboa - a medida da nossa periferia é inversamente proporcional à conetividade e o transporte aéreo é crítico. Um grande aeroporto é uma via aberta para o crescimento económico. As taxas aeroportuárias cresceram 4.4% em Lisboa e mais subirão com a concessão aos franceses da Vinci (conforme previsto no respetivo contrato). Em Madrid, a AENA duplicou as taxas e o efeito está bem patente. Esperemos que o contrato celebrado entre o Estado Português e a Vinci não padeça dos mesmos erros.
Os nossos governantes têm de perceber que excecionar determinadas áreas aos sacrifícios (ou moderar os seus efeitos), embora possa ter custos políticos no curto prazo, pode ser crucial para sairmos da crise económica, mas, como em tudo, há que saber distinguir o «trigo do joio»!