quinta-feira, 28 de março de 2013

Nós Europeus (Suécia)


Breve História:

Bandeira do Reino da Suécia
A História da Suécia e da ocupação humana do seu território inicia-se na Idade da Pedra, aquando do recuo do gelo da última glaciação, movimento que, naturalmente, se iniciou pelo sul do país. Acredita-se que durante a Idade do Bronze o sul do país tenha sido densamente povoado como atestam várias ruínas que datam desta época. Os vários reinos que foram sendo criados foram unificados pela primeira vez no período entre os séculos VI e IX, tendo-se seguido a era Viking na Suécia, período em que lograram conquistas no Báltico, e da Rússia até ao longínquo Mar Negro.
A cristianização do país tem início no século XI com a chegada de missionários alemães e ingleses. Em 1397, os quatro países escandinavos foram reunidos através de linhagens e casamentos, mas disputas entre as classes nobiliárquicas de cada país pelo trono levaram à sua separação no início do século XVI.
A participação na Guerra dos 30 anos no século XVII tornou a Suécia numa das principais potências europeias da época. Em 1809 contudo, a separação da parte oriental da Suécia, dando origem à Finlândia como Grão-Ducado Russo viria a fazer o país entrar em declínio.
A história mais recente do país tem sido pacífica, com a última guerra datando de 1814 com a Noruega e que viria a resultar numa união dominada pela Suécia, união que se viria a desfazer pacificamente em 1905. O país adotou uma posição de neutralidade durante a I e a II Guerra Mundial (com a exceção da Guerra do Inverno, em que apoiou os esforços Finlandeses em resistir à União Soviética que procurava aproximar-se das minas de ferro do norte da Suécia para alimentar a sua indústria de guerra). O país manteve a posição de neutralidade durante a Guerra Fria e hoje em dia não faz parte de qualquer organização militar.
Apesar da grave crise económica que o país viveu no início da década de 1990, que resultou em muitas falências e numa elevada taxa de desemprego, o país conseguiu superar os seus problemas, tendo entrado em 1995 para a UE. A entrada do país para a zona euro foi chumbada em referendo no ano de 2003, não havendo previsão da sua entrada para a moeda única.
A Suécia é hoje um dos países com maior índice de desenvolvimento humano do mundo, um país pacífico e tecnologicamente avançado, marcado por uma forte cultura democrática onde a igualdade de género está mais patente e as desigualdades de rendimentos são menos pronunciadas.

 Política:
  • Regime Político: Monarquia Constitucional com Democracia Parlamentar;
  • Capital: Estocolmo;
  • Língua oficial: Sueco (uma língua de origem germânica falada por cerca de 9 milhões de pessoas enquanto língua nativa e por um total de 10 milhões em todo o mundo);
  • É um dos países com o Estado Social mais forte da Europa, algo que é sustentado graças a uma das cargas fiscais mais elevadas do mundo;
  • Entre 1932 e 2006 os sociais-democratas presidiram ao governo sueco durante 65 anos (pertencem à família do Partido Socialista Europeu).
Personalidades:
  • Alfred Bernhard Nobel (1833-1896) foi um químico, engenheiro e inventor que patenteou mais de 350 invenções (sendo a dinamite a mais famosa). A sua fortuna foi utilizada postumamente instituir os prémios Nobel;
  • Carl XVI Gustaf (1946-) é Rei da Suécia desde 1973;
  • Margot Wallstrom (1954-) é uma política sueca que é a Comissária Europeia para as Relações Institucionais e Estratégia de Comunicação e a primeira de cinco vice-presidentes da Comissão Europeia presidida pelo português Durão Barroso. 
Economia:
  • Divisa: Coroa Sueca;
  • PIB nominal: 387.596 M€ (com 2.3 vezes o PIB de Portugal é a 7ª maior economia da UE);
  • PIB per capita: 41.000 € (com quase 2.6 vezes o valor nacional é o em termos relativos o 6º país mais rico da UE, apenas superado por Luxemburgo, Reino Unido, Países Baixos, Áustria e Irlanda)
  • Marcas internacionalmente conhecidas: IKEA, Volvo, SAAB e ABBA;
  • Principais parceiros de exportação: Alemanha (10,5%), Noruega (9,3%) e Dinamarca (6,5%);
  • Principais parceiros de importação: Alemanha (18,4%), Dinamarca (8,2%) e Noruega (7,8%).
 Geografia/Demografia:
  • Área: 449.964 km2 (com 4.9 vezes a área de Portugal é o 3º maior país da UE, apenas atrás de França e de Espanha);
  • Densidade Populacional: 20.6/km2 (inferior a 18% da densidade populacional portuguesa);
  • Cerca de 20% da população residente no país tem origem estrangeira;
  • 78% da área total do país é constituída por florestas e apenas 8% é utilizada para o cultivo.

Curiosidades:
Ponte/túnel que unem a Suécia (Malmo)
à Dinamarca (Copenhaga)
  • A Suécia era em 2010 o 3º país da Europa com a mais elevada esperança média de vida, depois de Itália e de França, com quase 81 anos;
  • As mães suecas têm o 1º filho com uma idade média de 30 anos, a média mais elevada da Europa;
  • 40% das mulheres e 32% dos homens entre os 25 e os 64 anos participam em atividades de educação ou formação, quando a média da UE é de 10% para as mulheres e 9% para os homens;
  • Mais de 76% das mães trabalham;
  • Em 1980 foi passado no parlamento sueco a lei da primogenitura absoluta, pondo fim à primazia masculina na sucessão ao trono (atitude seguida pelos Países Baixos (1983), Dinamarca (1990), Bélgica (1991), Dinamarca (2009) e Luxemburgo (2011));
  • É um dos países com os níveis de rendimentos menos desiguais do mundo, e o segundo na UE, atrás da Dinamarca.
A Suécia e Portugal:
  • Com uma população aproximadamente igual em número, o peso político dos dois países é também semelhante e os interesses partilhados;
  • Portugal está entre os 30 principais mercados de exportação da Suécia;
  • Em 2008, a Suécia exportou para Portugal cerca de 600 milhões de euros e Portugal exportou para a Suécia perto de 450 milhões de euros;
  • São dois países da periferia do continente europeu;
  • Durante muitos séculos, fizemos contactos em locais diferentes. Quando os avanços na construção naval, permitiram realizar o sonho das viagens longínquas, os vikings suecos dirigiram os seus navios para leste, enquanto os portugueses se fizeram aos oceanos. Gradualmente, ambos os países viriam a criar grandes impérios que, com o passar dos tempos viriam a perder;
  • A TAP Portugal tem voos diretos entre Lisboa e Estocolmo, enquanto a SATA Internacional tem voos diretos entre Ponta Delgada e Funchal e a capital sueca. 10% do turismo madeirense é de origem sueca. Várias companhias aéreas de baixo-custo têm ligações entre Faro e Estocolmo, havendo ainda voos diretos entre Faro e Gotemburgo.
Na próxima semana: «Nós, Europeus (Eslováquia)», que é, juntamente com a República Checa o país mais novo da UE.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O Fim da UE


O que se passou com Chipre nas últimas semanas é um verdadeiro ultraje para o projeto da UE, para a confiança no sistema bancário europeu e para a moeda única europeia. Os líderes europeus ensandeceram!

Não podemos vir com "chavões" chamar nazis aos alemães. Não devemos ter para com eles os preconceitos que eles têm para com os povos do sul, classificando-nos a todos como preguiçosos, desorganizados e despesistas. Há gente boa e má em todo o lado! Os alemães não são maus, são como são, têm virtudes e defeitos tais como os demais povos
- simplesmente a Sra. Merkel trabalha no sentido de defender os interesses do seu país e não os da UE. Quem a pode criticar por isso? Afinal, a Sra. é a Chanceler Alemã e não a Presidente da UE. Quem nos dera que do nosso lado se fizesse o mesmo!

Não venho com demagogias fáceis defender o não pagamento da dívida, mas sim renegociar as condições do acordo de assistência económico-financeira, nomeadamente em razão dos desenvolvimentos externos a nível económico.

A UE está partida entre o norte e o sul. A Grécia, Portugal, Espanha e Itália têm muitas semelhanças e interesses comuns e a estratégia de desunião dos povos do sul tem dado os piores resultados. O medo "terrível" de nos parecermos ou sermos associados à Grécia não deve prevalecer perante a necessidade urgente de concertar posições. Mete medo olhar para as taxas de desemprego destes países, e constatar-se que as economias continuam a cair.

Não temos massa crítica para nos sublevarmos sozinhos, mas se o fizermos junto com gregos, espanhóis, italianos e, porque não, cipriotas, estamos a falar de 3 vezes o território alemão, de 1.5 vezes a população alemã e de uma economia total superior à da Alemanha. Se o fizermos juntos, que ninguém duvide que teremos massa crítica!

Sem esta iniciativa, não sei onde iremos parar, mas o presente estado das coisas não augura nada de bom.

O regresso da Guerra ao velho continente deixou de ser um cenário extremamente improvável e está a tornar-se numa possibilidade moderadamente plausível a médio prazo e parece que quase ninguém se apercebeu disso.

terça-feira, 26 de março de 2013

Boas Portugalidades

Sabia que:
  • Lisboa eleita segundo melhor destino da Europa? A capital portuguesa ficou a apenas 0.2 pontos percentuais dos votos de Istambul, a vencedora da competição Melhores Destinos Europeus 2013 promovida pela European Consumers Choice (PÚBLICO).
  • O Novo videoclip dos Muse é da autoria de dois jovens portugueses? Inês Freitas e Miguel Mendes foram os escolhidos entre mais de uma centena de candidaturas (PÚBLICO).
Deixo aqui o Link o Videoclip, que não deixa de ser irónico.

Dinis Lopes



quinta-feira, 21 de março de 2013

Nós, Europeus (Roménia)


Breve História:

Bandeira da Roménia
Em 1878, através do Tratado de Berlim, foi reconhecida a independência da Roménia, que viria a tornar-se num Reino em 1881 chefiado pelo Rei Carol I. O período entre a fundação do reino e a I Guerra Mundial foi um tempo de grande progresso no país.
Durante a 2ª Guerra dos Balcãs (1913), a Roménia lutou contra os Búlgaros (revoltados com os resultados da 1ª Guerra dos Balcãs), em apoio da Grécia, Montenegro, Sérvia e Império Otomano.
O novo Reino estava rodeado de grandes potências, como o Império Austro-Húngaro, Império Russo e Império Otomano, tendo adotado a França como o seu paradigma cultural, em parte devido à sua herança latina (manifesta na sua língua).
Embora no início da I Guerra Mundial o país tenha declarado neutralidade relativamente ao conflito, depois de se ter exercido muita pressão por parte das forças Aliadas, a Roménia viria a declarar guerra ao Império Áutro-Húngaro. Apesar da campanha militar ter sido uma grande derrota, com muitos mortos e territórios perdidos, o pós-guerra, e, em particular, a desintegração dos Impérios Austro-Húngaro e Russo permitiu à Roménia ganhar alguns outros territórios. A Roménia Maior (1918-1910) incluía os territórios do Reino da Roménia, da Transilvânia, da Bucóvina e da Bessarábia. Foi o período de paz mais duradouro que o país viveu até hoje e a sua maior extensão territorial.
Na II Guerra Mundial, a Roménia tentou igualmente manter-se neutra relativamente ao conflito, mas depois de perder territórios para a União Soviética, acabou por se juntar às Potências do Eixo, que viriam a perder a Guerra. Desde 1947 até 1989 a Roménia esteve dominada por um regime comunista e autocrático. Em 1947 o Rei foi obrigado a deixar o país e este ficou sob controlo direto da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas  (URSS) até 1950. Na sequência de negociações com o regime soviético, Nicolae Ceausescu foi presidente do país entre 1967 e 1989, período marcado por crises financeiras e económicas, retrocessos sociais que viriam dar lugar à sangrenta revolução de 1989. 
Depois de 1989, o país começou a transformar-se política, económica e socialmente, constituindo-se como uma economia livre, integrada na NATO desde 2004 e na UE desde 2007. Ainda assim, a Roménia continua a ser um país de emigrantes, resultado da abertura ao mercado comunitário e do seu atraso económico relativamente a quase todos os seus parceiros continentais (apenas a Bulgária é mais pobre).

 Política:
  • Capital: Bucareste;
  • Línguas oficiais: Romeno (com cerca de 24 milhões de falantes, sendo língua oficial da Roménia e da Moldávia, é a quinta língua latina mais falada no mundo, à frente do Catalão e do Galego);
  • Regime Político: República Unitária Semi-Presidencialista (a transição democrática iniciou-se em 1989).
Personalidades:
  • Henri Marie Coanda (1886-1972) foi um inventor e pioneiro em aerodinâmica (o principal aeroporto internacional da capital é nomeado em sua honra e o famoso "efeito coanda" em mecânica dos fluidos foi descoberto por si);
  • Nicolae Ceausescu (1918-1989) foi um líder autocrata comunista e presidente da Roménia Socialista entre 1967 e 1989;
  • Herta Muller (1953-) é uma poetisa romena que venceu o Prémio Nobel da Literatura em 2009.
  • Nadia Elena Comaneci (1961-) é uma ginasta romena que venceu 3 medalhas de ouro nas olimpíadas de 1976 e foi a primeira ginasta feminina a ser atribuída uma pontuação de 10.
Economia:
  • Divisa: Leu (prevê-se a entrada na Zona Euro a 01/01/2015);
  • As taxas de IRS e IRC cifram-se nos 16% e são únicas;
  • O salário mínimo é de 150€ e o salário médio ronda os 380€, fazendo do seu povo um dos piores pagos do continente europeu.
 Geografia/Demografia:
  • Área: 238.391 km2 (2,58 vezes da área de Portugal);
  • População: 19.043.767 habitantes (1,8 vezes a população de Portugal; 12% da população são imigrantes);
  • Países-fronteiros: Bulgária, Sérvia, Hungria, Ucrânia e Moldávia. Faz ainda fronteira com o Mar Negro;
  • Principal comunidade imigrante: húngaros (as línguas estrangeiras mais faladas são o húngaro e o alemão);
  • Bucareste é uma das maiores áreas metropolitanas da Europa (mais de 2 milhões de habitantes), sendo a segunda mais populosa da península balcânica, a seguir a Atenas;
  • O rio Danúbio (2º maior da Europa) desagua do mar negro em território romeno;
  • O gentílico da Roménia é «romeno».
Curiosidades:
Palácio do Parlamento (um dos
maiores edifícios do mundo)
  • A Roménia foi o único país do bloco de Leste com um fim violento do regime comunista, em 1989;
  • O país possui apenas 350 km de autoestradas;
  • A primeira caneta de tinta-permanente foi inventada por um Romeno (Petrache Poenaru);
  • A palavra «laranja» em romeno escreve-se «portocaliu», (provavelmente por influência árabe);
  • A Roménia é o 7º país mais populoso da UE.

A Roménia e Portugal:
  • Cerca de 10% da população imigrante em Portugal é romena (o número cresceu de cerca de 1.000 em 2004 para quase 40.000 na atualidade). Portugal é, de um modo geral, percecionado como um caso de sucesso na aplicação de fundos europeus, um país seguro e com grandes semelhanças culturais e linguísticas, o que facilita a sua integração no nosso país;
  • A Roménia possui uma embaixada em Lisboa e três consulados (Estoril, Faro e Porto);
  • O Millenium BCP possui mais de 80 balcões no país;
  • O interesse na aprendizagem da língua portuguesa na Roménia tem crescido significativamente ao longo da última década;
  • A TAP Portugal começou a fazer voos diretos entre Lisboa e Bucareste em 2012.
Na próxima semana: «Nós, Europeus (Suécia)», um dos países mais desenvolvidos do mundo.

Gap Year

Lia, com algum agrado confesso, no domingo de manhã no Público, sobre a intenção por parte de várias entidades nacionais de divulgar o conceito, e mais importante o incentivo à prática, de Gap Year. O termo, que em Português "Ano Sabático", consiste em interromper o normal percurso académico ou profissional por vários meses a um ano para viajar, fazer voluntariado, trabalhar no estrangeiro, etc.. Não sendo desconhecido em Portugal, é prática comum nos países anglo-saxónicos: lembro-me de ouvir pela primeira vez sobre o assunto nas aulas de Inglês. Contudo este pequeno estimulo não foi suficiente para mim ou para os meus colegas de então o termos posto em prática.

O artigo que lia no jornal online, dizia eu, referia-se em particular à aplicação desta prática entre o final do ensino secundário e o início do ensino superior. Segundo o texto, cada vez mais jovens em Portugal, sendo ainda uma ínfima minoria, atrasam em um ano a entrada na Universidade para, na grande maioria, viajar e/ou fazer voluntariado. Perante isto, existe vontade de solicitar ao Governo a criação de uma campanha de promoção do conceito junto dos alunos do ensino secundário. Em causa está a ideia de que um ano de viagem, de trabalho ou voluntariado no estrangeiro (ou não, apenas num ambiente diferente) contribuem em muito para o desenvolvimento pessoal dos jovens. Acredita-se que voltam mais maduros, mais seguros, mais abertos, mais preparados para o futuro.

No entanto, lia-se também no mesmo artigo, há que encarar o conceito com cautela: o que para uns pode ser uma experiência única, para outros pode ser um pesadelo. Muitos jovens com certeza não terão o mínimo de maturidade necessária aos 17-18 anos para partir sozinhos para longe, ou para realizar trabalho voluntário num ambiente tão diferente do seu e por tanto tempo. Mais ainda, nem todos terão as possibilidades financeiras não só para ir como para dispor de um bom plano de contingência para, estando longe, o caso de algo correr mal: por ventura partir não significará necessariamente um grande investimento inicial, mas garantir um nível de apoio e segurança enquanto decorre a viagem poderá acarretar um pouco mais.

Para apoiar e aconselhar os jovens (e pais) interessados no tema, um grupo de recém experimentados na prática criou a Associação Gap Year Portugal. Para além de ideias, partilha de experiências em artigos ou no forum, está ainda disponível no site uma lista de contactos de portugueses no estrangeiro que, como dizem no site, "com jeitinho" podem oferecer um sofá na sua casa aos viajantes de passagem.
A existir uma campanha, eu propunha que se fizesse em parceria com instituições para o voluntariado (em solo nacional ou internacional). Com isto o potencial interessado, não só juntaria à experiência uma importantíssima componente solidária, como também teria um melhor acompanhamento organizacional e mesmo motivacional antes e durante o seu "Ano Sabático".

Apesar de não ser exactamente o mesmo, encontro muitas semelhanças entre algumas facetas do conceito de Gap Year e o já tão popular programa de Erasmus. Neste, o aluno muda-se para um país Europeu (outros programas há em que o país de destino fica noutro continente) por um período até um ano para estudar. Talvez o choque cultural seja pequeno quando comparado com uma viagem a destinos mais longínquos mas a exposição a outras línguas, sociedades, realidades de trabalho e ensino são, na minha opinião, já uma gigantesca mais valia pessoal, comparável ao que se escreve sobre o Gap Year. Nestas experiências, o que se perde em tempo (e dor-de-cabeça) de logística e organização, em ansiedade e saudade ganha-se não só em autonomia e maturidade mas também em cultura e abertura ao mundo. Isto para não falar da realização pessoal, das amizades, dos momentos únicos de troca cultural, do prazer em mostrar ao mundo o que somos (lá estou a voltar ao tema do meu post anterior).

Independentemente do âmbito ou destino da viagem, seja para passear, estudar ou trabalhar, o importante é levar a motivação certa. Levar a mente aberta. Absorver tudo, experimentar, conhecer e dar a conhecer. Se assim se fizer é garantido que o que se traz é várias vezes maior que aquilo com que se partiu.
Acredito que nós, sociedade, só temos a ganhar com a generalização de experiências e programas como o Gap Year ou o Erasmus. Como sempre se diz, os jovens de hoje são os adultos de amanhã, e o amanhã cada vez mais precisa de adultos maduros, sensatos e abertos ao mundo.

Deixo aqui o artigo a que me refiro.

GT

quarta-feira, 20 de março de 2013

Ideias Subversivas: Então Europa, e agora?


A ganância foi, é e será causadora de várias guerras, tanto civis como económicas. Ao levarmos a nossa determinação de sermos melhores que os outros ao extremo, carregado de egocentrismo, consegue despertar em nós o pior que temos para dar.

Actualmente, a Europa tem conseguido mostrar ao mundo que até no melhor pano cai a nódoa. A União [Europeia] já não passa muito mais de um adjectivo que tenta mascarar algo que até há alguns anos se julgava ser impensável. Falo da divergência e do afastamento notório entre os povos europeus devido à ganância pelo dinheiro. Uns são acusados de se aproveitarem de povos em dificuldades e outros são acusados de viverem acima das suas possibilidades. A melhor resposta para uma situação destas é como um provérbio famoso diz: «Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão».

Em vez de a resolução deste problema passar por soluções individuais de países, deverá passar por soluções globais que nos juntem e que não nos deixem, dentro de um ano ou dois, a navegar em direcções opostas.  O mundo está em mudança, e a história mundial ensinou-nos que não é sozinhos que triunfamos.

Um conjunto de medidas a nível europeu é urgentemente necessário. Por exemplo:

·         Federalismo fiscal em vez de uma vigilância centralizada nos orçamentos nacionais. Isto evitaria as numerosas incoerências entre os orçamentos dos países da comunidade europeia. Um maior investimento na despesa europeia (exactamente o contrário do que foi aprovado há poucas semanas atrás) será fundamental, para todos sentirem que realmente contribuem para algo e é para esse algo que têm de lutar.

·         União Bancária eficaz e verdadeira. Os recentes acontecimentos no Chipre ou na impossibilidade de vários países (Portugal, Grécia, etc.) conseguirem aceder aos mercados para se financiar (esmagando as pequenas e médias empresas que não conseguem investir nos países de residência) mostram a urgente necessidade da implementação de eurobons ou algum instrumento semelhante. Faria da Europa uma entidade mais forte ao negociar com financiadores.

·         Reformas estruturais a nível europeu que salvaguardem os interesses de todos (leis de inclusão e não de exclusão) e que sejam impulsionadoras de um tecido empresarial europeu de classe mundial.

Isto é afirmado por muitos (e.g., Joseph Stiglitz), mas apoiado por poucos que tenham influência nas decisões políticas. E até algum lider realmente sério e inteligente, limpo de interesses individuais, chegar ao topo, a ganância ditará que caminho vamos seguir.

Dinis Lopes

segunda-feira, 18 de março de 2013

Jerónimo Martins na Colômbia

Foi na semana passada que a Jerónimo Martins de Alexandre Soares dos Santos se tornou uma verdadeira multinacional. Líder de mercado em Portugal (com as lojas Pingo Doce, Pão de Açúcar e Recheio) e na Polónia (com as lojas Biedronka), o grupo entra agora na Colômbia (com as lojas Ara). Neste momento já tem 5 lojas em funcionamento, espera abrir muitas mais ainda este ano, abrindo portas para um fortíssimo incremento das exportações de produtos portugueses para um país cujas relações económicas com Portugal têm sido pródigas nos últimos anos.
Podem aqui consultar a notícia em que o Presidente do Conselho de Administração da empresa admite que a Colômbia se poderá tornar no centro de distribuição do grupo Jerónimo Martins para a América Latina.

domingo, 17 de março de 2013

Manifesto pela Democratização do Regime


A notícia de um Manifesto pela Democratização do Regime foi divulgada esta última semana por uma lista de cidadãos de várias áreas. São movimentos como este que são necessários para o futuro da contestação nacional à política de seguida actualmente e solução para a falta de credibilidade na política em Portugal. O manifesto pode ser lido aqui.

Em baixo apresento as principais ideias expressas no manifesto onde a sua conclusão é que a solução “passa obrigatoriamente pelo fim da concentração de todo o poder político nos partidos e na reconstrução de um regime verdadeiramente democrático”. Passo a citar:

«Impõe-se uma ruptura, que a nosso ver passa por três passos fundamentais:

- Em primeiro lugar, por leis eleitorais transparentes e democráticas que viabilizem eleições primárias abertas aos cidadãos na escolha dos candidatos a todos os cargos políticos;

- Em segundo lugar, pela abertura da possibilidade de apresentação de listas nominais, de cidadãos, em eleições para a Assembleia da República. Igualmente, tornando obrigatório o voto nominal nas listas partidárias;

- Em terceiro lugar, é fundamental garantir a igualdade  de condições no financiamento das campanhas eleitorais. O actual sistema assegura, através de fundos públicos, um financiamento das campanhas eleitorais que contribui para a promoção de políticos incompetentes e a consequente perpetuação do sistema.»

A leitura é simples e curta e penso que, mesmo que não seja a solução total para a nossa situação, não deixa de apresentar ideias a serem estudadas no curto prazo.

Dinis Lopes

Pontualidade


O laxismo que vigora em Portugal relativamente à problemática da pontualidade urge ser alterado. Ser pontual é uma questão de seriedade e de amor próprio e ao próximo.


O problema nasce logo da atitude que os portugueses - no geral - têm perante o assunto. O normal é ser pontual e ninguém deve ser elogiado por isso. Da mesma forma, quando alguém se atrasa (situação anormal) deve ser severamente repreendido. E isto tem que acontecer em todo o lado: nas escolas, universidades, politécnicos, empresas (públicas e privadas), em toda a estrutura do Estado e, desde logo, em casa. Temos de começar a incutir uns nos outros uma atitude de cumprimento e não de incumprimento.

A desculpa de "São só 3/5 minutos" é do mais enganador que pode haver, senão vejamos três exemplos:
  • Uma reunião com 8 pessoas. Se uma pessoa se atrasa 5 minutos, as 8 pessoas perderão um total de 40 minutos, para não falar na possibilidade de um atraso poder causar novo atraso;
  • Um comboio que atrasa uns inofensivos 3 minutos em hora de ponta no seu percurso entre o centro de Lisboa e Sintra. Não raras vezes seguem mais 1000 pessoas num só comboio. Isso resulta em 3000 minutos=50h=2dias+2h. Isto para não falar nos atrasos de pessoas que aguardam pelos passageiros nas estações de comboio e nos passageiros que perdem o transporte seguinte devido ao atraso;
  • Alguém estaciona mal a sua viatura em 2ª fila e só aparece passados uns 5 minutos do condutor estar a buzinar. Pode ser a diferença entre a vida e a morte de alguém que precise de ir a um hospital.
Contabilizem-se as horas que cada português perde à espera de alguém que esteja atrasado. Essas horas podiam ser utilizadas para várias atividades muito mais úteis à sociedade, e.g. dormir, lazer, tratar dos filhos/pais e/ou trabalhar.

Oiço estrangeiros no nosso país a questionarem-se porque chegamos sempre (ou quase) tão atrasados. Nesse momento, sinto uma imensa vergonha - ainda que me orgulhe de ser dos poucos que fazem questão de cumprir (e o burro sou eu!?) - porque não sei o que responder. Penso horas sem fim e não consigo encontrar uma razão verosímil! 

A nossa vida é demasiado importante e curta para perdermos tempo com literalmente coisa nenhuma!

Se concordam comigo, juntem-se ao movimento pela tolerância zero à falta de pontualidade: http://pontualidade.blogs.sapo.pt/

Se ao leitor lhe acontece com frequência chegar atrasado aos seus compromissos (mais do que uma vez por mês), o meu conselho é simples: «Quem não pode chegar a horas, deve chegar antes.».

quinta-feira, 14 de março de 2013

Nós, Europeus (Países Baixos)


Breve História:

A história dos Países Baixos é a história de um povo de navegadores confinados a um território geográfico muito limitado e em relação ao qual o maior inimigo era o mar que muito ameaçou sempre a sobrevivência do povo. Os Romanos chegaram no ano de 57, tendo encontrado um país pouco populado e dividido em várias tribos que estavam na periferia do império romano.
Bandeira dos Países Baixos
A diversidade tribal ganhou relevância com o passar dos séculos, mas foi em larga medida o mar que contribuiu para a união das tribos. A permanente ameaça e o inimigo comum das terras baixas, fizeram com que todos trabalhassem juntos com um objetivo comum de transformar o país num grande jardim altamente produtivo, capaz de liderar o Mar do Norte e não só, emergindo das dificuldades como uma das nações mais dinâmicas, urbanas e empreendedoras da Europa que é hoje.
Entre 1482 e 1556, o país esteve sob domínio do Império Espanhol. A reforma Protestante tornou o Calvinismo a principal religião nos Países Baixos, enquanto o Catolicismo se manteve dominante na Bélgica. A Guerra contra os espanhóis foi dura e longa e a paz só conseguida em 1648, altura em que foi criada a República dos Países Baixos.
Amesterdão tornou-se então o principal centro comercial da Europa do norte. A Idade de Ouro neerlandesa ocorreu em torno de 1667. Utilizando a sua vasta frota naval, a província da Holanda construiu um Império à escala global, incluindo domínios na Ásia, África e nas Américas.
A partir de meados do século XVIII o país entrou em declínio económico. A população era escassa (cerca de 2 milhões de pessoas) e uma série de guerras com a Inglaterra e com a França não ajudaram, com Amesterdão a perder a sua posição de liderança económica para Londres. Depois de várias disputas de poder, o país viria a cair sob o domínio francês, tornando-se um estado satélite da França de Napoleão (1806-1810). Depois da batalha de Leipzig e o consequente colapso do Império Francês, em 1813, os Países Baixos viram a sua soberania recuperada para a Casa Laranja, o que viria a ser confirmado pelo Tratado de Viena que criou o Reino Unido dos Países Baixos. O Rei William I exerceu então funções de soberania sob o território da atual Bélgica, contudo, as diferenças culturais entre o norte o sul eram excessivamente grandes. A revolta da Bélgica deu-se em 1830, tendo sido reconhecida pelas principais potências políticas do continente. Na sequência de um período de conservadorismo, fizeram sentir-se fortes sentimentos liberais no  país e, em 1848 uma nova constituição estabeleceu o regime de democracia parlamentar com uma Monarquia Constitucional.
Os Países Baixos adoptaram uma posição de neutralidade durante a I Guerra Mundial. 
A 10 de maio de 1940 a Alemanha Nazi invadiu o país e após destruir a cidade de Roterdão, ocupou-a. Cerca de 100.000 judeus neerlandeses foram mortos durante o Holocausto, tendo muitos outros perecido também. A 5 de maio de 1945 o país foi libertado por tropas maioritariamente canadianas.
O pós-II Guerra Mundial foi um tempo de grandes dificuldades, marcado por uma elevada taxa de emigração e por programas de reconstrução do país e revitalização da economia. Depois de um conflito com a Indonésia, os Países Baixos abandonaram a maior parte das suas colónias em 1961, apenas retendo desde então algumas ilhas no arquipélago das Caraíbas.
Desde a segunda metade do século XX, os Países Baixos viveram um período de paz, prosperidade e democracia. Hoje em dia, é um país moderno e dinâmico com uma economia altamente internacionalizada e com um elevado nível de vida.

 Política:
  • Capital: Amesterdão;
  • Línguas oficiais: Neerlandês (cerca de 24 milhões de falantes);
  • Regime Político: Monarquia Constitucional, Democracia Representativa (O País é uma democracia desde 1848, à exceção do período de ocupação alemã na II Guerra Mundial);
Personalidades:
  • Hugo de Groote (Hugo Grotius ou Hugo, O Grande), nascido em Delft a 10 de Abril de 1583, foi um dos fundadores do Direito internacional, precursor dos ideais republicanos, da tolerância entre povos, da liberdade culto religioso e da sua influência no funcionamento da economia das nações;
  • Willem I van Oranje, líder da revolta contra Espanha.
Economia:
  • Divisa: Euro;
  • O PIB per capita dos Países Baixos em 2011 era 131% da média da UE (apenas ultrapassado pelo Luxemburgo), o que compara com os 77% de Portugal;
  • Com cerca de 160% da população portuguesa, a economia neerlandesa em valor absoluto vale mais do que o triplo da economia nacional;
  • Economia com forte componente industrial onde as principais exportações são maquinaria, equipamentos, produtos químicos, combustíveis e alimentos;
  • Principais parceiros de importação:Alemanha, China e Bélgica;
  • Principais parceiros de exportação: Alemanha, Bélgica e França;
  • O aeroporto de Schiphol (em Amesterdão) foi o 4º aeroporto da Europa com maior movimento de passageiros em 2012 (um total de 51M, que compara com os 15,3M do aeroporto de Lisboa, 28º do mesmo ranking).
Moinho Neerlandês e campo de tulipas
 Geografia/Demografia:
  • Área: 41.543 km2 (45% da área de Portugal);
  • População: 16.751.323 habitantes (158% da população de Portugal; 20% da população são imigrantes);
  • Países-fronteiros: Bélgica e Alemanha;
  • Principais comunidades imigrantes: turcos, indonésios e marroquinos;
  • O gentílico dos Países Baixos é «neerlandês/neerlandesa».

Curiosidades:
  • O país é erradamente conhecido pelo nome «Holanda». Na realidade, a Holanda é uma região histórica no noroeste dos «Países Baixos». A utilização do topónimo «Holanda» é contudo comummente aceite por duas razões fundamentais: a primeira porque a designação «Países Baixos» inclui, em rigor, parte do território da Bélgica e do Luxemburgo, por outro lado, no período 1806-1810 existiu o Reino da Holanda, sob o domínio da França de Napoleão Bonaparte, território que incluía todo o país;
  • O primeiro condensador eléctrico foi inventado no início do séc. XVIII por um professor e investigador da Universidade de Leiden;
  • Os Países Baixos fora um dos precursores dos ideais republicanos na Europa, tendo sido a primeira república do continente, a República das Sete Terras-Baixas;
  • A seleção nacional de futebol é uma das mais bem sucedidas da história mundial, com 3 presenças na final do campeonato do Mundo (1974, 1978 e 2010) e uma vitória num campeonato da Europa (1988);
  • Os neerlandeses são o povo com a estatura física média mais elevada em todo o mundo.

Os Países Baixos e Portugal:
  • Muitos judeus Portugueses emigraram para a Bélgica e os Países Baixos devida à perseguição da Inquisição, levando consigo não só ouro e diamantes, mas também contactos comerciais e competências técnicas diferentes de manufactura. A sua presença foi determinante para a chamada “Idade de Ouro” dos Países-Baixos. Em meados do séc. XVII, judeus portugueses e espanhóis construíram a mais importante sinagoga de Amesterdão, chamada, ainda hoje, de Sinagoga Portuguesa;
  • Um dos grandes nomes da filosofia europeia, Espinosa (1632-1677), nasceu nos Países Baixos e era filho de judeus Portugueses;
  • Ao longo de toda a “Idade de Ouro”, que coincidiu aproximadamente com o período dos Descobrimentos Portugueses, houve inúmeras disputas comerciais e territoriais entre Portugal e os Países Baixos (nomeadamente ataques neerlandeses a colónias portuguesas durante o período da União Ibérica);
  • Desde os últimos anos do séc. XX até hoje, os Países Baixos (uma das potências do futebol mundial) nunca venceram uma partida de futebol contra Portugal.
Algumas notícias sobre Portugal em websites neerlandeses:
http://www.dutchnews.nl/news/archives/2012/04/eu_wants_an_end_to_letter_box.php
http://www.dutchnews.nl/news/archives/2013/02/spanish_italian_and_portuguese.php
http://www.dutchnews.nl/news/archives/2013/02/70000_southern_europeans_live.php

Na próxima semana: «Nós, Europeus (Roménia)», o país latino menos conhecido dos portugueses.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Ideias Subversivas: Perguntas Desviadas

Muitas das vezes durante o dia-a-dia, perguntas que partem do meu próprio interior deixam-me sem resposta. Tudo advém do que o eu leio, vejo, com quem falo, etc. Hoje vou dar um exemplo de três perguntas que me surgiram durante a última semana. São muito simples e qualquer responsável político deveria ser capaz de responder.
  • “Como é possível as empresas portuguesas competirem com, por exemplo, as empresas alemãs se as portuguesas se financiam a 8-9% e as alemãs se financiam a 2-3%?” Estando nós numa “união” europeia em que os nossos supostos “parceiros” nos estão a ajudar, como é possível que a ajuda ao motor do nosso país seja precisamente dificultar o investimento e financiamento? Não será difícil concluir que “união” é algo ilusório neste contexto. Numa união teríamos um verdadeiro apoio, no qual o mínimo que se podia pedir eram condições semelhantes aos dos nossos colegas europeus.
  • “Sendo que a taxa de natalidade no ano de 2011 foi 1,36 (o necessário para renovação geracional é de 2,10), uma das piores do mundo, como vai ser assegurada a sustentabilidade de Portugal nas próximas décadas?” Das poucas reformas que conseguiram singrar nos últimos tempos, a reforma anti-natalidade, ocorrida nos últimos anos, foi uma delas. A dificuldade em conciliar a maternidade/paternidade e emprego acentuou-se com uma redução no pagamento do subsídio de maternidade e na sua duração. Como alguns dos meus colegas afirmam de momento: “neste momento ser pai/mãe é como uma aventura”.
  • “Pegando no exemplo da Itália, que é o mais recente e talvez não venha a ser o último, será que o descrédito na classe política atingiu um valor tal que, qualquer um, quer seja comediante ou pedófilo, consegue chegar à frente de um país?” A classe política está desacreditada. Não há volta a dar. Numa escala de 1 a 4, a satisfação dos portugueses com a democracia é de 2. O descrédito nesta classe acusa o mal-estar da população contra os seus representantes
Para estas, e muitas outras, simples questões exigem-se respostas. Somos nós que temos de as dar, começando pela renovação dos partidos políticos e de toda a organização democrática em Portugal. O futuro a nós pertence, mas limitámo-nos nos últimos anos a esperar que políticos corruptos, sem o mínimo de repeito pelos cidadãos que representam, tratem de nos arranjar um caminho. Por mais difíceis que sejam as mudanças, certamente que serão mais fáceis que as consequências da passividade.

Dinis Lopes

terça-feira, 12 de março de 2013

Mar Português

Eu sei que disse que em princípio não escreveria textos de cariz político-económico. E, se formos preciosistas, este texto não o é. É sim um texto de desapontamento, desilusão e frustração.

Vi hoje, no telejornal, que o português médio consome 60 Kg de peixe por ano, o que corresponde a três vezes a média europeia. É um bom hábito alimentar e, obviamente, não foi isto que me desiludiu…

O que me deixou incrédulo foi saber que Portugal importa mais de dois terços do peixe que consome. Sim, Portugal, o país europeu com a terceira maior Zona Económica Exclusiva, importa mais de dois terços do peixe que come! Não havemos de estar mal…

É verdade que, há mais de 40 anos, o peixe que era pescado se tornou insuficiente para sustentar o consumo mundial. Mas pelos vistos, segundo a reportagem, Portugal tem um enorme potencial e condições ímpares para a prática da aquacultura. Pois é... No entanto, a produção portuguesa desta actividade representa menos de 3% do peixe consumido no nosso país.

Situações como esta são exemplos concretos do que se faz mal por cá. São exemplos de desperdício e subaproveitamento do que é nosso. São situações que nos desequilibram em termos económicos, comprando algo que podíamos muito bem produzir nós próprios e que muito provavelmente poderíamos ainda exportar.

Portugal é agora como um barco. Um barco que está a meter água por um buraco no casco. E a tripulação – o Governo – está convencida que a solução para não ir ao fundo é deitar borda fora tudo o que pesa – tudo o que os portugueses lutaram por ter como, por exemplo, o emprego estável, serviço nacional de saúde, educação, cultura, entre outros – para tornar o barco mais leve e não entrar tanta água – a dívida. Mas o pior é que, para além de tudo isto, está a deitar fora as ferramentas que podia usar para reparar o buraco e salvar o barco. Essas ferramentas são os portugueses, nomeadamente os jovens, que sempre levaram o seu país para a frente a custo do seu sangue, suor e lágrimas; e é também o território do nosso país, um lugar abençoado pelos deuses que nos dá tudo o que poderíamos pedir com a maior das gentilezas.

É pena é nenhum membro da tripulação se lembrar do lastro. Esses interesses corruptos que sempre operaram por detrás das cortinas dos sucessivos governos. Esses que têm muito dinheiro e que cada vez têm mais. Esses que têm muito poder e que cada vez têm mais. Esses que têm muitas regalias e que cada vez têm mais. Esses que são difíceis de erradicar, como as baratas, e cada vez o são mais. Esses que têm muito e que cada vez têm mais.

Se não usarmos as nossas ferramentas para tapar o buraco e nos livrarmos do lastro, Portugal vai continuar a meter água. Por muitas coisas que deitemos borda fora, por muita austeridade que apliquemos.

Assim, como estamos, vamos ao fundo…

Até à próxima,
TM

PS: hoje à noite, após o jornal da SIC, irá passar uma reportagem que se debruçará sobre a questão que usei para abrir este texto.

PPS: eu escrevo segundo o antigo acordo ortográfico.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Espírito Português (I)


Gostaria, antes de mais, de dizer que este é o meu primeiro texto neste blog. Apesar do dito blog ter sido criado num espírito de seriedade e bom gosto, eu confesso que irei dar sempre mais importância ao segundo. Penso que os meus textos se irão desviar um pouco do estilo e temáticas dos outros autores. Serão mais relaxados, abstractos e filosóficos. Evitarei entrar em discussões político-económicas.

Esta rubrica será a primeira de uma série com o mesmo título. Não me vou comprometer com prazos nem com um número de textos porque, sinceramente, seria muito provável que não cumprisse as metas estipuladas. Os textos terão como tema várias facetas de algo a que chamei Espírito Português, algo que é composto por um conjunto de características, boas e más, que, a meu ver, a maioria dos portugueses possui e acabam, de alguma forma, por nos definir. Para começar, decidi explorar uma característica positiva de que me orgulho muito. O tema deste texto é então a simpatia, solidariedade e amabilidade do povo português.

Durante os meus anos de vida (eu sei, não são assim muitos) e viagens por vários países da Europa, nunca encontrei gente tão simpática, afável e solidária como os portugueses. Não que me sentisse mal tratado ou incomodado nos outros países (bem, os alemães são mesmo antipáticos!). No entanto, faltava algo… senti que faltava o calor e a alegria das pessoas que são simpáticas por gosto, porque isso é algo que lhes dá prazer, e não porque é isso que se espera delas ou porque faz parte do trabalho que desempenham na sociedade.

Vou vos dar apenas dois exemplos da manifestação desta faceta do Espírito Português.

Primeiro exemplo. Há alguns anos atrás, fui acampar com uns amigos a Belver, uma bonita aldeia na margem direita do rio Tejo, a 5 quilómetros de Portalegre. Estávamos em Fevereiro e, quando saímos do comboio, chovia copiosamente. A estação fica junto à margem do rio e a aldeia no cimo de um monte vizinho. Nada havia a fazer senão subir até à aldeia a pé e com os carregos às costas sob a impiedosa chuva.

A dois terços do caminho, uma velhotinha típica portuguesa vem à janela da sua casa à beira da estrada e diz: “Ai filhos! Vocês estão ensopados. Entrem e abriguem-se da chuva.” Agradecidos, apressamo-nos a entrar, molhando o chão todo à pobre senhora. Quando demos por ela, já a senhora andava a arranjar pão e chouriças para um grupo de rapazes que nunca tinha visto. Não nos conhecia de lado nenhum, não sabia de onde vínhamos ou ao que íamos e, mesmo assim, convidou-nos a entrar na sua casa e tratou-nos como filhos ou netos que tinham chegado para lanchar.

Segundo exemplo. Ainda no outro dia, estava a ver a série de ficção histórica de produção nacional intitulada “Depois do Adeus”. Retrata Lisboa em 1975, uma altura conturbada após a revolução de 25 de Abril. A série centra-se nos fortúnios e infortúnios de uma família de retornados de Angola. São estrangeiros no seu próprio país e tudo o que juntaram ao longo de uma vida, incluindo as próprias poupanças, ficaram em Angola.

Neste episódio em particular, o filho mais novo faz anos mas sente que não há razões para celebrar. Os pais, querendo animar o filho, organizam uma festa surpresa. Como pouco conseguiram juntar desde que voltaram, pedem ajuda aos amigos e familiares. A senhora do café faz o bolo de anos e disponibiliza a sala do café, um colega de trabalho do pai dá uma bicicleta usada que o pai repara, um outro amigo dá bilhetes para a Feira Popular para toda família, a vizinha faz umas sandes,… No final, o rapaz tem uma festa de anos melhor do que poderia sonhar.

Ao ver isto, eu penso: “Isto é mesmo à portuguesa! Todos dão o pouco que podem com uma enorme boa vontade e sem segundas intenções. E o resultado é maior, mais bonito e com mais significado do que qualquer um esperaria.” Eu sei que é um exemplo fictício, mas tenho a certeza que a maior parte de nós já teve uma experiência semelhante.

Esta faceta do que eu apelidei de Espírito Português: esta simpatia, bondade, boa vontade e especialmente amizade não só para com os nossos, mas também para com completos estranhos; e esta capacidade de nos juntarmos, de bom grado darmos, todos um pouco e conseguirmos criar algo impressionante que por vezes nos espanta até a nós. Tudo isto é algo que me dá um orgulho enorme de ser Português, um orgulho difícil de expressar por palavras.

Até à próxima,
TM

PS: o link para o episódio que referi: http://www.rtp.pt/programa/tv/p28774/e7 

quinta-feira, 7 de março de 2013

Nós, Europeus (Luxemburgo)

Bandeira do Grão-Ducado do Luxemburgo
Breve História:

Devido ao facto de ser um país interior e rodeado de várias outras nacionalidades, a sua história está intimamente relacionada com a dos seus vizinhos, tendo a soberania sob o seu território mudado repetidamente.
Considera-se que a história do Luxemburgo começa depois da presença Romana, em 963. Durante os cinco séculos seguintes surgiu a poderosa Casa do Luxemburgo, tendo a sua extinção posto fim à independência do país. Depois de um breve período de domínio do Ducado de Borgonha, o Luxemburgo caiu nas mãos dos Habsburgo em 1477.

No final da Guerra dos Oito Anos, o território integrou o sul dos Países Baixos, que passaram para a linha Austríaca da Casa dos Habsburgo em 1713.
Após a ocupação pela França revolucionária, em 1815, o Tratado de Paris criou o Grão-Ducado em união com os Países Baixos. Este tratado concorreu com outros dois (1658) e (1839) em que o território do país foi sendo reduzido mas progressivamente ganhando autonomia.
Na sequência da criação de uma Casa Real própria, o país ficou mais vulnerável à influência germânica. Durante a I e II Guerras Mundiais, o Luxemburgo esteve ocupado pela Alemanha (1914-1918) e (1940-1944).
Desde a II Guerra Mundial, o Luxemburgo tornou-se numa economia fluorescente, com estabilidade política, tendo sido fundador da então Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1957 e da Zona Euro (1999).

 Política:
  • Capital: Cidade do Luxemburgo;
  • Línguas oficiais: Luxemburguês, Francês e Alemão;
  • Regime Político: Monarquia Constitucional, Democracia Representativa;
Personalidades:
  • Jean-Claude Juncker (1954) é primeiro-ministro do luxemburgo desde janeiro de 1995 e presidente do Eurogrupo desde janeiro de 2005 até janeiro de 2013 (reunião dos ministros das finanças da Zona Euro).
Economia:
  • Divisa: Euro;
  • O Luxemburgo possui o segundo PIB per capita mais elevado do mundo, apenas ultrapassado pelo Qatar. Para o efeito concorrem vários fatores: a elevada competitividade, a centralidade e a pequena dimensão do país, permitindo que muitos lá trabalhem sem lá viverem;
  • Principais parceiros de importação: Bélgica Alemanha e China;
  • Principais parceiros de exportação: Noruega, Dinamarca e Bélgica.
 Geografia/Demografia:
Castelo de Vianden
  • Área: 2.586 km2 (2.8% da área de Portugal);
  • População: 524.000 habitantes (5% da população de Portugal; mais de 30% da população é estrangeira);
  • Clima oceânico, marcado pela ocorrência de muita precipitação, em particular, no verão;
  • Países-fronteiros: França, Alemanha e Bélgica;
  • Principais comunidades imigrantes: portugueses, italianos, franceses e belgas;
  • O gentíligo de Luxemburgo é «luxemburguês/luxemburguesa».

Curiosidades:
  • É concomitantemente o segundo país menos populoso e com menos área da UE, atrás de Malta;
  • Mais de metade da taxa de natalidade do país deve-se aos imigrantes, que representam 30% da população;
  • O primeiro-ministro Jean-Claude Juncker é o chefe de governo que está há mais tempo em funções na UE e ainda o chefe de governo democraticamente eleito em funções há mais tempo no mundo (em funções desde janeiro de 1995).

O Luxemburgo e Portugal:

  • Mais de 16% da população do Luxemburgo tem nacionalidade Portuguesa (mais de um terço da população estrangeira a residir no Luxemburgo);
  • Os Portugueses são a maior comunidade estrangeira no Luxemburgo;
  • «Contacto» é o nome do jornal de língua portuguesa no Luxemburgo;
  •  A TAP voa para o Luxemburgo com periodicidade diária. Voos a partir de Lisboa (operados pela TAP) e voos a partir do Porto (operados pela PGA). A Luxair também voa entre o Luxemburgo e o Porto.

Na próxima semana: «Nós, Europeus (Países Baixos)»

quarta-feira, 6 de março de 2013

Mostrar Portugal lá fora

Meio escondido no fundo das abas do jornal Público online lia-se "Alentejo estreia superprodução vídeo para mostrar a região onde há «tempo para ser feliz»". O título refere-se a um curto vídeo meio ao jeito cinematográfico - com direito a enredo e música consonante com a acção - que em pouco menos de 7 minutos procura mostrar o que o Alentejo de melhor tem para oferecer. Apesar da história tola de uma jovem senhora estrangeira que tenta salvar o seu cão Tempo encurralado e à deriva num balão de ar quente, o pequeno filme entretém e corre muitas das paisagens e até alguns costumes locais. Porventura não será o melhor filme turístico que já cá se fez mas é sem dúvida diferente e, diria mesmo, bastante competente. Vejam por vós próprios:



Num outro registo, mas não menos competente, foi há uns dias publicado pelo Turismo de Portugal um outro pequeno vídeo de promoção nacional lá fora. Este, através de testemunhos estrangeiros - reais ou fictícios - tenta passar uma mensagem diferente e nem sempre explorada pelas entidades turísticas nacionais: o Português, na generalidade, acolhe com generosidade, sem medo de sair do conforto da sua língua e sempre com uma enorme vontade e orgulho de mostrar a sua história e a sua cultura.
Nós, que cá por fora andamos meio camuflados - pois vimos de um canto pouco conhecido e sem um notório sotaque em línguas estrangeiras - tantas vezes deixamos surpresos os que nos ouvem, com as histórias do que fomos, com os relatos do que somos e temos, com os sabores que veneramos e damos a conhecer, com os costumes que não dispensamos, e com a paixão com que contamos tudo isto.
Raras não são as vezes em que esta paixão se pega aos que connosco se cruzam tornando-nos, de facto, os melhores embaixadores de Portugal.
Fica o vídeo de que falo:



GT