quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Referendos

Primeiro a regionalização, depois o aborto - repetido até dar o resultado que interessava a alguém, agora a adoção de crianças por homossexuais.

Nesta democracia só cabe ao povo decidir aquilo que não interessa - ou interessa realmente a muito poucos. Tanto mais que me parece uma falsa questão, pois, se alguém sozinho pode adotar, um(a) homossexual só não o faz se não quiser. Mais - quem somos nós, ou o Estado, para achar que um par de homossexuais não tem direito a adotar? A Constituição não estabelece que somos todos iguais? Será melhor andarem a ser maltratados e abusados em instituições de caridade!?

Quando toca a decidir sobre assuntos que realmente merecem toda a atenção, porque dizem respeito a todos, já não há referendos - «livra»! Em suma, somos chamados a decidir sobre a vida dos outros, mas não podemos decidir sobre aquilo que mais diretamente diz respeito à nossa, o que é, no mínimo, sui generis e pouco-democrático.

Ora, será mais importante discutirmos e darmos voz ao povo em assuntos que dizem realmente respeito a todos, nomeadamente no que diz respeito à destruição do erário que temos assistido com as privatizações. A REN, EDP, ANA, Águas, TAP, CP Carga, ENVC, CTT, etc é que são de todos nós e nos dizem respeito a todos.

Privatizar (ou concessionar) em tempo de crise é, na opinião do autor, bem entendido, errado - e não se trata de um argumento ideológico. As empresas que dão prejuízo não se conseguem privatizar e as que dão lucro, ou têm grande potencial, fazem com que o Estado (ergo, todos nós) percamos (muito) dinheiro a médio prazo, para além do controlo sobre setores chaves da economia como são as energias, águas, transportes e comunicações. Acresce que privatizar monopólios deveria ser liminarmente proibido.