sexta-feira, 25 de julho de 2014

«o PS deve ter muito orgulho nas marcas que deixou no país»

Estava a fazer zapping no outro dia quando oiço alguém dizer que «o PS deve ter muito orgulho nas marcas que deixou no país». A minha primeira reação foi pensar que estava a assistir a algum programa humorístico de mau gosto. Fiquei estarrecido ao verificar que se tratava do saudoso Dr. Jorge Coelho, um dos mais respeitados militantes socialistas. Optei então por pensar que tinha endoidecido de vez. Ao verificar que não era o caso, só pude concluir que este senhor insultou dez milhões e meio de almas com esta vilíssima frase.

A que se referiria o senhor? Quando penso em PS, penso no seguinte legado:
  • Promessas não cumpridas;
  • Gastos desmesurados, a maioria dos quais em investimentos não-reprodutivos (sobretudo rodovias);
  • Défices excessivos e contínuo aumento da dívida (e sobretudo do rácio dívida/PIB);
  • Eleitoralismo (medidas populistas antes das eleições com resultados desastrosos para as contas públicas, nomeadamente em 2009);
  • O "Pântano" (em 2001) e "FMI" (em 2011) - eles criam os problemas, e depois, que venham outros resolvê-los;
  • O facilitismo e as Novas Oportunidades, claro, uma indelével marca do PS no desprestígio da formação escolar e universitária nacional e nas desvalorização dos títulos académicos;
  • E claro, o ramalhete não poderia ficar completo sem falar das negociatas, das parcerias público-privadas altamente lesivas para o erário público e o contínuo saltitar entre cargos públicos e a gestão de empresas-chave.
A este respeito, note-se que o referido senhor, é useiro e vezeiro. Senão, repare-se no seu curriculum:
  • XIII Governo Constitucional:
    • Ministro Adjunto;
    • Ministro da Administração Interna;
  • XIV Governo Constitucional:
    • Ministro do Equipamento Social (Obras Públicas) - onde concessionou as SCUT à Monta-Engil, cargo de que se demitiu em 2001 depois da queda da ponte de Entre-os-Rios;
    • Ministro da Presidência;
    • Ministro de Estado.
  • CEO da Monta-Engil (a quem concessionou as SCUT);
  • Foi ainda consultor da Martifer Novabase e Visabeira.
Não sei de há alguma ilegalidade nisto tudo, mas que é muito promíscuo, lá isso é. Vamos esperar que seja só isso. Segundo o jornal Expresso, o referido senhor, é ainda membro da Maçonaria.

Mais recentemente voltou à política ativa e está a mobilizar a máquina socialista para a vitória em 2015, como já tinha feito em 1995 na primeira vitória do Eng. Guterres (qual Miguel Relvas do PS!).
Ora digam lá: este PS não é um exemplo de partido e este senhor Jorge Coelho não é o arquétipo da perfeição? Façam uma coisa, pensem bem nisto tudo antes de votar num partido cujo atual secretário-geral se insurge contra a promiscuidade entre política e negócios e tem gente com o sr. Jorge Coelho - entre muitos outros - no seu círculo mais próximo.

Bom fim de semana para todos!