quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Brincar às Democracias

O triste espectáculo a que se vem assistindo desde o último dia 4 de outubro é qualquer coisa de assustador.

  • Assustador porque o Presidente da República recebe um líder partidário por semana: como é possível Cavaco Silva se ter colocado completamente à margem e não ter ouvido logo todos os partidos no dia seguinte ao escrutínio?;
  • Assustador porque quem ganhou as eleições pode não formar governo, o que, a confirmar-se constitui uma autêntica subversão dos resultados eleitorais;
  • Assustador porque o BE e a CDU se mostram repentinamente próximos do PS, o que indicia que não irão ser fiéis aos eleitores que em si votaram ou, alternativamente, porão em marcha um programa que 82% dos eleitores portugueses não sufragaram;
  • Assustador porque o PS quer que todos acreditem que está mais próximo do BE e CDU que do PSD e CDS, o que, a ser verdade, é contrário ao seu programa eleitoral, e a ser mentira, é isso mesmo, mentira;
  • Assustador porque não pode haver eleições antes do final da primavera;
  • Assustador porque os juros da dívida pública já começaram a subir, e não, não é com medo de um governo de esquerda, mas é pelo protelar desta situação indefinida.

Goste-se ou não, está absolutamente claro que quem decidirá o futuro do país será o líder do partido que teve a mais estrondosa derrota nas passadas eleições. Parece-me igualmente evidente que António Costa tem os seus dias contados, quer apoie a coligação, quer forme governo,  maioritário ou não, sem ter ganhado eleições. O seu fim está à vista, o desastre eleitoral do PS nas próximas eleições afigura-se como provável, mas aquilo que importa é o país, e esse, não deve estar sujeito a esta espera angustiante, estas negociações inconsequentes, estas reuniões à porta fechada, este diz que disse.

Que a democracia funcione e que tenhamos um governo a governar ainda este mês, seja ele qual for. Chega de circo, de manobras e de pretensas negociações ao ralenti.

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