domingo, 14 de dezembro de 2014

Gafes à Costa

Esta é uma breve chamada de atenção ao dr. António Costa, Presidente da CML, Líder do PS e candidato a PM de Portugal. Durante a sua intervenção de ontem, em meras 2 ou 3 frases a defender a não privatização da TAP, conseguiu cometer dois erros:

  • primeiro veio citar o Memorando de Entendimento com a Troika para desmentir o PM e conseguiu dizer que o encaixe financeiro previsto com as privatizações era de 5.5 milhões de euros, quando de facto era de 5.5 mil milhões (três ordens de grandeza de erro);
  • depois disse que a TAP tinha hoje a importância que as Caravelas tinham durante os Descobrimentos no século XIV, o que é errado pois a expansão em África só começou em 1415 (século XV) e os descobrimentos na verdadeira aceção do termo com as descobertas da Madeira, em 1418, e dos Açores, em 1427, o que também ocorreu já no século XV e não no século XIV.
A falta de rigor só prejudica a eficácia do seu discurso dr. António Costa! Vamos lá elevar a qualidade do debate político e pensar bem o que dizemos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Black Friday na TAP - O direito à indignação

A TAP - até ver - é 100% pública e, por essa razão, a sua ação deve pautar-se pelos mais elevados padrões de serviço público, pois os seus acionistas são todos os portugueses.
Neste contexto, é com manifesta incompreensão que venho chamar a atenção para uma recente manobra de marketing da TAP (Transportes Aéreos Portugueses).

A Black Friday da TAP teve lugar no dia 28 de novembro, e dirigia-se aos clientes brasileiros da companhia, prometendo bilhetes acessíveis e a crédito em 5 prestações para reservas em datas especificadas a partir de um dos 12 aeroportos brasileiros servidos pela companhia portuguesa.

Os preços a partir de:

  • 149.80 dólares norte-americanos para: Madrid, Milão, Frankfurt, Munique, Paris e Londres;
  • 159.80 dólares norte-americanos para: Lisboa, Porto, Hamburgo, Düsseldorf, Berlim, etc.
Ora, como português é-me totalmente incompreensível a razão de se cobrar mais a um brasileiro por viajar até ao Porto ou Lisboa do que por este viajar até Frankfurt ou Paris, sendo que terá necessariamente de passar por uma destas duas cidades portuguesas.

A campanha não tem racionalidade económica, e mesmo assumindo que se encontra assente numa estratégia de marketing racional, não compreendo que a companhia aérea de bandeira portuguesa prejudique de forma premeditada quem quer visitar o seu país, por comparação com outros destinos. Numa palavra: «uma vergonha!».


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

É a hora!

Poucos lhe anteveriam uma chegada à liderança tão funesta. Afinal, estamos a falar de um político com uma boa imagem junto dos portugueses, que deu provas de capacidade de governar (em Lisboa e na Administração Interna), com uma capacidade de diálogo e entendimento político acima da média (como se viu em Lisboa), e claro, com uma imagem muito menos desgastada que a concorrência (interna e dos partidos do governo).

Uma semana depois da ala socrática do PS voltar por sua mão a ser a grande protagonista nos debates da AR e do novo líder parlamentar - Ferro Rodrigues - ter assumido com orgulho o ónus da governação do último primeiro-ministro socialista, o alegado caso de corrupção associado aos Vistos Dourados fazia o sol brilhar no Largo do Rato.

No entanto, e, justamente no fim-de-semana em que Costa foi eleito Secretário-Geral, o chão desabou debaixo dos seus pés. A prisão preventiva do ex-primeiro-ministro é um autêntico pesadelo que agrava ainda mais a já grandíssima desconfiança dos portugueses no Estado. António Costa foi de Messias a "nado-morto" em menos de um fósforo.

Da Justiça os portugueses esperam que seja justa, célere e clara ao dirimir os casos que tem entre mãos, mas não só. Se é verdade que alguém conseguiu juntar 20 milhões de euros com luvas, o que não terá o Estado em contrapartida pago, ou estar a pagar a essa pessoa, pessoas ou entidade? Isso sim, seria um trabalho completo.

De Pedro Passos Coelho e de António Costa - como o General Garcia Leandro teve oportunidade de referir na passada 2ª feira no «Prós e Contras» da RTP - os portugueses esperam que sejam capazes de apanhar o comboio da história que lhes está a passar à frente. Está na hora de colocar a corrupção no centro do debate político, condená-la abertamente e discutir formas de a combater de forma eficaz.

O desenvolvimento económico e o combate às crescentes desigualdades também passa por aqui. Os países mais corruptos são os países mais desiguais e frequentemente mais pobres, e, quando maior é a desigualdade, maior é o potencial de corrupção.

Se os "principais" partidos não se regenerarem, Portugal seguirá as passadas gregas, italianas e espanholas rumo à desagregação do regime político vigente. Depois não se queixem!

Como diria Fernando Pessoa: «É a hora!»

domingo, 9 de novembro de 2014

Reativar o «Portugal Profundo»

A Defesa do Interior é uma das parangonas mais publicitadas por políticos, especialmente quando estão na Oposição ou em Campanha. Quando chegam ao poder, pouco ou nada se vê em termos de alterações mensuráveis.

Desde o século XIII, altura em que D. Afonso III conquistou o Algarve, que Portugal sofre de um desequilíbrio demográfico no eixo norte-sul, com prejuízo para o sul. Essa diferença ainda hoje se faz sentir. A norte do rio Tejo vivem mais de 8 milhões de pessoas e a sul do mesmo rio residem menos de 2 milhões. Para além deste desequilíbrio, desde finais do século XIX que se assiste a um processo de desertificação progressiva do interior do país. Uns migraram para o litoral, sobretudo para as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, outros emigraram, sobretudo nos anos 1960 e 1970 para a Europa central (principalmente para França, Alemanha, Luxemburgo e Suíça). Hoje em dia, mais de 80% da população vive numa estreita faixa a menos de 50km da costa que vai de Setúbal a Braga.

Todos concordam que algo tem de ser feito, e rápido, para evitar que o interior desapareça do mapa. Não há soluções fáceis nem remédios santos, mas não podemos continuar como até aqui. Todas as estratégias têm fracassado globalmente, e apenas se assiste a uma modesta, mas inexpressiva dinâmica em poucas cidades de dimensão relativamente exígua. Tem-se apostado no interior no seu todo, mas, por falta de meios, pouco. Porque é que as pessoas não vão viver para o interior? Porque é longe? Porque é inacessível? Não. Com as vias de comunicação de hoje não há lugar que esteja a mais de 3h do litoral. O problema é a falta de investimento, de emprego e sobretudo de cidades médias (com mais de 100 mil habitantes). Afinal, uma cidade atrativa tem que ter, pelo menos, um bom hospital, um tribunal, uma universidade, uma biblioteca, um teatro, cinemas e boas acessibilidades (ferroviária e rodoviária, pelo menos), entre outros.

Tendo as entidades públicas pouca capacidade financeira no atual contexto, temos de ESCOLHER pólos de desenvolvimento do interior capazes de ganharem escala, atraírem investimento, e por essa via criarem emprego e atraírem população nova.
Considero que seria muito útil escolherem-se 3/4 cidades/concelhos no interior para terem um regime fiscal muitíssimo mais favorável que o atualmente vigente. Algo como reduzir todos os impostos (à exceção do IVA e Segurança Social) na ordem dos 50% (IRS e IRC) durante um período mínimo garantido de 10 anos criaria uma dinâmica muito importante que a prazo se poderia auto-sustentar.
Quanto às cidades, pelo menos, uma no norte, outra no centro e outra no sul:
  • Norte: Bragança (por ser a mais periférica na perspetiva de se investir em ferrovia e/ou autoestrada) ou Vila Real (por ter Universidade, estar mais perto do Porto e possuir melhores vias de comunicação).
  • Centro: Guarda (por estar na confluência da A23 e da A25, das linhas férreas da Beira Baixa e Beira Alta e ainda no eixo Aveiro-Salamanca), ou Covilhã (por estar no centro da Beira Interior, no eixo Guarda-Castelo Branco, por ter Universidade e ser a segunda maior cidade) ou Castelo Branco (por ser a maior das três cidades).
  • Sul: Évora (por estar no centro do Alentejo, no eixo Lisboa-Madrid, ser a maior cidade da região e ter Universidade) ou Beja (pelo aeroporto e proximidade ao porto de Sines).
Se quisermos continuar a acreditar que podemos ter tudo e apostar em tudo, sofreremos as consequências. Se, pelo contrário, conseguirmos ser inteligentes e perceber que temos de fazer escolhas, talvez possamos começar a dinamizar a economia no interior do país. É terrível e extremamente impopular escolher e criar situações discriminatórias entre cidades do mesmo país e região, mas neste momento afigura-se como um mal necessário... Deixemos-nos de visões curtas. Afinal, uma cidade com dimensão e dinamismo demográfico e económico teria um efeito virtuoso sobre toda a sua região, pelo que, no final das contas, todos sairiam beneficiados.

Claro que isto também deve ser inconstitucional, mas levar o país à bancarrota já é constitucional! Mas já todos devem ter percebido que com esta Constituição não vamos a lado nenhum, certo?

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

DEIXEM-NOS TRABALHAR

Venho por este meio manifestar o meu mais profundo desrespeito, leram bem, desrespeito por todos aqueles que fizeram greve no metropolitano de Lisboa na semana passada.

Não venham agora os sindicalistas mais acérrimos manifestar-se a favor da greve, eles que defendem tanto a liberdade e o sacrifício da parte pelo todo. Os trabalhadores do Metro da capital portuguesa foram - mais uma vez - egoístas e insensíveis, ou serão eles os únicos a sofrer pela crise?! E os enfermeiros, os professores, os médicos, os militares, os polícias, os juízes, os trabalhadores das empresas públicas e demais funcionários públicos não estão também a sofrer!? E os desempregados? Há naturalmente greves de outros setores, por exemplo, dos enfermeiros, mas deles não depende a economia como depende das empresas de transportes.
Querem reclamar, façam manifestações, façam uma greve de zelo e não recebam dinheiro pelos bilhetes (isso sim, preocuparia o ministro e não afetaria o povo), vão a casa do ministro da tutela manifestar-se, vão a casa do primeiro-ministro, mudem todos de emprego se puderem, mas como diria o prof. Cavaco Silva numa altura mais feliz da sua vida: «DEIXEM-NOS TRABALHAR».

A democracia consiste em cada um manifestar a sua opinião livremente, e, se os trabalhadores do metropolitano de Lisboa têm o direito a parar a cidade - o que vai muito para além de se manifestarem - também eu tenho o direito, afetando-os muito menos que o que eles mesmos afetaram todos os cidadão que se deslocaram na capital na passada quinta-feira - que desprezo todos os grevistas, independentemente de terem toda a razão do mundo. Afinal, em democracia, a minha liberdade termina onde começa a do meu vizinho e na semana passada, os trabalhadores do metro de Lisboa condicionaram - e muito - a liberdade dos cidadãos lisboetas.

Não sou pela proibição da greve, mas sou contra a sua banalização e não posso concordar que o setor dos transportes, crítico como é para a economia, bloqueie a sociedade desta forma. Com estas greves só se ajuda a direita que quer privatizar tudo a eito por imperativo ideológico, porque greves neste país, só mesmo no setor público. Porque será?



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Ensino Superior

42.408 estudantes candidataram-se à 1ª fase de candidaturas ao Ensino Superior, tendo sido

colocados 37.778 estudantes (mais 363 do que em 2013). A maioria dos estudantes preferiu o ensino universitário face ao politécnico. As universidades disponibilizaram 28.367 vagas, tendo recebido 30.241 candidaturas, que ocuparam 87% das vagas, enquanto o ensino politécnico disponibilizou 22.453 vagas, tendo recebido 12.167 candidaturas (como 1ª opção) e tendo sido ocupadas apenas 58% das vagas.


As medicinas voltaram a ser os cursos com média de acesso mais elevada, com destaque para a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (18.27 valores para 245 vagas) e para o Instituto Abel Salazar da Universidade do Porto (18.10 valores para 155 vagas). A fechar o pódio ficou, pela primeira vez Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa (18.00 valores para 85 vagas).

Pela negativa tem que se destacar o curso de Engenharia Civil - dos 20 cursos que há no país (sendo que 11 não tiveram qualquer colocado), apenas dois ficaram com mais de 7 colocados, no Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa e na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), com 82 em 150 no caso do IST e 50 em 140 na FEUP, o que, se por um lado ilustra que os candidatos se preocupam crescentemente com a empregabilidade dos cursos, revela que há, neste particular, uma urgente necessidade de reforma por parte de universidades, politécnicos e Ministério da Educação a empreender.

A Universidade do Algarve registou o maior crescimento relativo a nível nacional, em termos de alunos aceites na 1ª fase de candidaturas ao Ensino Superior, com um acréscimo de 14%, face a um aumento médio a nível nacional de 1%.

Este é ainda o primeiro ano letivo depois da aprovação do estatuto do aluno internacional que visa criar condições para a atração de alunos estrangeiros. Um dos mercados-alvo é o Brasil onde há cerca de 6 milhões de candidatos ao Ensino Superior por ano para apenas 600 mil vagas.
Universidade de Coimbra e a Universidade da Beira Interior são já as primeiras a nível nacional a aceitar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) brasileiro (equivalente aos exames nacionais em Portugal) para efeitos de candidatura. Espera-se portanto que haja um reforço do aumento global já verificado com o concurso nacional.

Finalmente, ficou a saber-se que a Universidade de Lisboa (resultante da fusão da Clássica com a Técnica) encontra-se entre as posições 201 e 300 do ranking Xangai para as melhores universidades do mundo, e vem confirmar uma das virtudes esperadas com a fusão - maior visibilidade nos rankings. Entre as 500 melhores do mundo figuram ainda a Universidade do Porto, no grupo 301-400 e a Universidade de Coimbra, no grupo 401-500.

sábado, 9 de agosto de 2014

«Só podia ser alemão»

«Só podia ser alemão», é a assinatura do novo vídeo promocional da Opel, que inclui Claudia Schiffer. A associação da fiabilidade que a marca alemã afirma os seus automóveis têm à marca «Alemanha» e ao ser «alemão» é deveras perigosa e deve fazer soar os alarmes de todos os ouvintes. Os fantasmas do passado pairam sempre por aí quando o assunto é a Alemanha.

Na altura em que se comemoraram os 100 anos do assassinato do Arquiduque Francisco Fernando da Áustria, e o consequente início da I Guerra Mundial, é importante pensar o quão pouco tempo passou desde essa altura e as duas terríveis Guerras Mundiais que mataram milhões de pessoas. A estas duas guerras, seguiram-se períodos de grande humilhação para o povo alemão. E convém não esquecer que o primeiro destes dois períodos de humilhação foi talvez a principal razão unificadora e mobilizadora dos alemães para a II Guerra Mundial. O segundo período de humilhação - que só terminou verdadeiramente com a queda do Muro - é ainda muito recente, mas em pouco mais de duas décadas, a Alemanha reergueu-se, e hoje, com uma economia pujante, é o coração financeiro, económico, tecnológico, científico e político do continente.

Terão os alemães de hoje aprendido com os erros do passado? Terão os demais europeus de hoje aprendido com os erros do passado? Esperemos que sim, mas não é com anúncios como estes que vamos lá.

Convém ter cuidado e garantir que não há uma escalada destes sentimentos perigosos, como o anti-europeísmo, o racismo, a xenofobia, entre outros. Todos temos que lutar por ter uma Alemanha mais Europeia, ao invés de uma Europa mais Alemã - a bem de todos, inclusive dos alemães, como a história tem teimado em demonstrar à saciedade.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

«o PS deve ter muito orgulho nas marcas que deixou no país»

Estava a fazer zapping no outro dia quando oiço alguém dizer que «o PS deve ter muito orgulho nas marcas que deixou no país». A minha primeira reação foi pensar que estava a assistir a algum programa humorístico de mau gosto. Fiquei estarrecido ao verificar que se tratava do saudoso Dr. Jorge Coelho, um dos mais respeitados militantes socialistas. Optei então por pensar que tinha endoidecido de vez. Ao verificar que não era o caso, só pude concluir que este senhor insultou dez milhões e meio de almas com esta vilíssima frase.

A que se referiria o senhor? Quando penso em PS, penso no seguinte legado:
  • Promessas não cumpridas;
  • Gastos desmesurados, a maioria dos quais em investimentos não-reprodutivos (sobretudo rodovias);
  • Défices excessivos e contínuo aumento da dívida (e sobretudo do rácio dívida/PIB);
  • Eleitoralismo (medidas populistas antes das eleições com resultados desastrosos para as contas públicas, nomeadamente em 2009);
  • O "Pântano" (em 2001) e "FMI" (em 2011) - eles criam os problemas, e depois, que venham outros resolvê-los;
  • O facilitismo e as Novas Oportunidades, claro, uma indelével marca do PS no desprestígio da formação escolar e universitária nacional e nas desvalorização dos títulos académicos;
  • E claro, o ramalhete não poderia ficar completo sem falar das negociatas, das parcerias público-privadas altamente lesivas para o erário público e o contínuo saltitar entre cargos públicos e a gestão de empresas-chave.
A este respeito, note-se que o referido senhor, é useiro e vezeiro. Senão, repare-se no seu curriculum:
  • XIII Governo Constitucional:
    • Ministro Adjunto;
    • Ministro da Administração Interna;
  • XIV Governo Constitucional:
    • Ministro do Equipamento Social (Obras Públicas) - onde concessionou as SCUT à Monta-Engil, cargo de que se demitiu em 2001 depois da queda da ponte de Entre-os-Rios;
    • Ministro da Presidência;
    • Ministro de Estado.
  • CEO da Monta-Engil (a quem concessionou as SCUT);
  • Foi ainda consultor da Martifer Novabase e Visabeira.
Não sei de há alguma ilegalidade nisto tudo, mas que é muito promíscuo, lá isso é. Vamos esperar que seja só isso. Segundo o jornal Expresso, o referido senhor, é ainda membro da Maçonaria.

Mais recentemente voltou à política ativa e está a mobilizar a máquina socialista para a vitória em 2015, como já tinha feito em 1995 na primeira vitória do Eng. Guterres (qual Miguel Relvas do PS!).
Ora digam lá: este PS não é um exemplo de partido e este senhor Jorge Coelho não é o arquétipo da perfeição? Façam uma coisa, pensem bem nisto tudo antes de votar num partido cujo atual secretário-geral se insurge contra a promiscuidade entre política e negócios e tem gente com o sr. Jorge Coelho - entre muitos outros - no seu círculo mais próximo.

Bom fim de semana para todos!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A Felicidade e a Monotonia

A monotonia traz infelicidade. Ao fazermos todos os dias a mesma coisa, vezes sem conta, estamos sem dar por isso a adormecer o nosso cérebro. No entanto, a luta deste é contra esta monotonia. É por esta razão que temos uma vontade de tantas coisas fazer quanto mais monótona for a nossa actividade: fazer compras online por quinquilharia, andar pela rua sem razão aparente, olhar para uma parede branca. O nosso cérebro quer algo diferente, algo desafiante.

Deste modo, sabe-nos tão bem as coisas pequenas da vida: fazer uma caminhada ao fim de semana por algum sítio menos habitual, uma canoagem, arranjar a bicicleta, etc. E esta felicidade pode ser aumentada se associada a algo mais “arriscado”. Se a uma caminhada nos arriscarmos a perder numa serra (sem demasiado perigo claro); se em vez de canoagem num rio calmo, o fizermos em rápidos; se, saltarmos de paraquedas, etc. No final desta actividade, e não tanto durante esta, a nossa felicidade será superior. Vamos sentir-nos alividados e revitalizados, dar valor ao conforto de um sofá, dar valor a estarmos vivos e seguros. Passadas algumas semanas, se olharmos para trás, a primeira recordação será da actividade diferente que realizámos.

Ora, isto não tem a ver com a pessoa ganhar mais ou menos dinheiro ao final do mês, ser da classe baixa ou alta, viver no campo ou na cidade. O que interessa é a quebra da monotonia. O que interessa são os altos e baixos.

Somos bombardeados todos os dias com ambições de outros, tornando-as nossas: a ambição de ganhar mais dinheiro, de trabalhar de sol-a-sol, de emigrar para a nossa quantidade de felicidade ser superior. Mas quem disse que isso é a melhor definição de felicidade? Porque não falam na quebra da monotonia, que não exige dinheiro? Porque não se olha para o que temos actualmente e valorizamos podermos fazer tudo a que temos acesso?

A vida vale pelas coisas pequenas e simples. São essas que nos lembramos mais tarde e que nos fazem pensar: “que tempos óptimos...”.

Ainda me lembro do dia em que plantei a primeira árvore, nunca tinha feito algo igual... E no entanto não me lembro de mais nada nos meses antes e depois desse momento.

Dinis Lopes

PS: Um estudo que li indica que a partir de 80000$ anuais nos EUA, as pessoas não são mais felizes. Outro que li dizia que uma tribo africana era o povo com menos depressões do mundo (é lógico?).

segunda-feira, 23 de junho de 2014

sábado, 14 de junho de 2014

Hino Nacional Brasileiro



Foi um daqueles momentos de arrepiar que não têm preço. O fenómeno do futebol vale de facto muito mais do que o mero jogo. A irreverência e o orgulho brasileiros vergaram a prepotência da FIFA no jogo de abertura do Campeonato do Mundo de 2014.
Os brasileiros cantaram o seu hino integralmente (tal como gostam de o fazer) depois da realização desligar a música de fundo, com força, garra, e um espírito de união fortíssimo. O país dos três pais (os Colonizadores Portugueses, os Escravos Africanos e os Índios nativos) mostrou ser um só. Como Português, senti-me movido como poucas vezes me movi por algum sentimento de nacionalidade estrangeiro.

Do lado nordeste para o sudoeste deste imenso Atlântico que nos une e separa, envio um abraço do tamanho do mundo para todos os meus irmãos brasileiros.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Como é possível?

Como é possível que o Governo continue a exarar legislação inconstitucional? Não há assessores e consultores suficientes no Estado e nas (muitas) empresas sub-contratadas pelo Estado para que o Governo tenha aconselhamento jurídico adequado?

Como é possível que, acreditando que o Tribunal Constitucional tenha decidido corretamente ao chumbar três diplomas, o  Sr. Presidente da República não tenha tido sequer dúvidas e não tenha solicitado a fiscalização preventiva dos documentos?

Como é possível que o  Tribunal Constitucional leve tantos meses a pronunciar-se? O Orçamento de Estado do corrente foi entregue - como sempre - a 15 de outubro do ano anterior. A decisão chegou a 30 de maio de 2014. Estamos a falar de 7 meses e meio.

Como é possível que o  Tribunal Constitucional utilize argumentos como "ultrapassou-se o limite"? O Tribunal Constitucional existe para interpretar a Constituição da República de forma objetiva. Será legítimo aceitar uma inconstitucionalidade pequenina e rejeitar uma grande? Quem define a fronteira? Que legitimidade política têm os juízes?

Como é possível que a  Oposição utilize apenas os chumbos constitucionais como arma de arremesso contra a maioria parlamentar que suporta o governo e não aponte soluções sérias para equilibrar as contas do Estado?

Como é possível que a  Oposição não se preocupe sequer com a lentidão destas decisões?

Como é possível que o PSD tenha dito, por intermédio de Marco António Costa que "o Tribunal Constitucional quer arrastar Portugal para o passado"? Se a Constituição está mal, cabe aos políticos mudá-la. Se não há maioria parlamentar capaz de a mudar, e, se o governo em funções se vê inabilitado para o fazer, então que se demita explicando o porquê e deixe os portugueses escolher.

Numa República em que os órgãos de soberania não se respeitam mutuamente, não se pode esperar que o povo os respeite muito.


segunda-feira, 12 de maio de 2014

O Pós-triunvirato e as Europeias


O Pós Triunvirato:

Acabaram-se as desculpas. O triunvirato está de saída. O memorando está terminado.

As rendas garantidas da EDP e da REN já foram alienadas, para além do controlo sobre áreas chave da economia. A dispersão em bolsa dos CTT, talvez a menos danosa das privatizações, também faz o Estado perder receita no médio-longo prazo. A concessão da ANA por 75 anos é mais uma privatização de lucros obscena que se torna ainda mais pungente com a perda de controlo público sobre o transporte aéreo nacional. Só se privatizaram as empresas (mais) lucrativas. As demais continuam na prateleira e a TAP está ameaçada de ser a próxima. Vamos esperar que, a acontecer, se salvaguarde o essencial: manter o centro de operações em Lisboa e respetivo centro de manutenção e nunca vender aos espanhóis.

As empresas não são boas ou más por serem públicas ou privadas - são boas ou más dependendo da gestão que têm. Chega de alienar património sem destino e sem um objetivo que não o lucro de curto prazo. Seria possível pensar-se numa perspetiva de médio prazo, para variar?

A este propósito permito-me citar José Saramago:

«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»

As Eleições Europeias:

Discute-se tudo menos o que interessa. Elegemos apenas 21 deputados entre mais de 700 e estamos a discutir questões internas altamente superficiais em vez de discutirmos questões europeias. Era importante discutirmos os prós e os contras da União Europeia. Era importante discutirmos as virtudes e inconvenientes do Euro (cuja única voz discordante vem do prof. João Ferreira do Amaral). Era importante discutirmos com que legitimidade governos atrás de governos têm vendido a nossa soberania a Bruxelas que tantas vidas custou ao longo de tantos séculos. Ao invés, os partidos da maioria insistem em passar uma imagem de sucesso que de tão exagerada corre o risco de ser ridícula e a oposição com tempo de antena (PS, CDU e BE) insiste em questiúnculas como a reunião do BCE em Sintra (que irá começar depois de fecharem as urnas) ou a influência eleitoral de um Conselho de Ministros. Não há pachorra!

No Reino Unido, recentemente, Nick Clegg (vice-primeiro ministro e líder dos Liberais Democratas), o mais pró-europeu, desafiou Nigel Farage (eurodeputado e líder do partido Independentista), o mais euro-cético para um debate que valeu pela forma aberta e destemida com que teve lugar.

Cada vez mais parecemos acorrentados ao unanimismo bacoco e pouco esclarecido com que PS e PSD se foram constantemente assumindo europeus convictos. É de mim, ou encontramos aqui algumas semelhanças com uma das mais célebres frases do professor António de Oliveira Salazar:

«Não se discute Deus e a sua virtude, não se discute a Pátria e a Nação; não se discute a autoridade e o seu prestígio.»

Em Democracia tudo, rigorosamente, é discutível. Pode ser algo ótimo, mas tem que se discutir de forma aberta, séria e sem preconceitos.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Viva o 25 de Abril

No dia em que se assinalam quatro décadas de democracia em Portugal é importante deixar uma palavra de reconhecimento a todos os que contribuíram para o sucesso do denominado Movimento das Forças Armadas (MFA) de abril de 1974 e para o subsequente Período Revolucionário em Curso (PREC) que durou até à aprovação da Constituição de 1976.

Um grande agradecimento a todos militares envolvidos no golpe e a toda a população portuguesa que aderiu ao movimento do dia 25 de abril, sem o apoio da qual o desfecho do MFA podia ter sido muito diferente, e a todos os que contribuíram para a estabilização do regime democrático e para a garantia dos ideais da revolução durante o PREC.

Uma palavra de memória para os largos milhares que sofreram com o Estado Novo: aos que morreram ou regressaram inválidos do Ultramar, aos que sofreram com a guerra a partir da Metrópole, aos oprimidos, aos torturados e aos presos políticos, entre tantos outros. Manter a sua memória viva entre as novas gerações é um imperativo para nunca regressarmos a esse funesto passado.

Viva a Democracia e Viva Portugal!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

O Regresso do Investimento!?

Se em 2013 o número de empresas criadas em Portugal foi cerca do dobro daquelas que fecharam portas, um resultado importante no início da diminuição do desemprego, em 2014 estão em marcha investimentos de grande valor para a economia nacional e para a capacidade exportadora do país, quer a nível industrial, quer a nível dos serviços (nomeadamente do turismo).

Siemens:

A multinacional alemã inaugurou nesta semana um Centro de Competências em Alfragide que se traduzirá na criação de 150 postos de trabalho altamente qualificados na área das tecnologias de informação e até ao final de 2014, esperando, numa segunda fase, chegar a um total de 300 trabalhadores.
De acordo com Carlos Melo Ribeiro, administrador delegado da Siemens no nosso país: "Portugal está a criar um cluster altamente competitivo ao nível dos serviços de valor acrescentado, estando neste momento claramente bem posicionado no radar dos investidores".

AutoEuropa:

A fábrica da Volkswagen de Palmela planeia investir 690 milhões de euros e criar mais 500 postos de trabalho até 2019 com o objetivo de produzir um novo modelo da marca alemã em Portugal, num projeto que espera duplicar a capacidade exportadora da fábrica nacional.
Mais do que o investimento em si e os novos postos de trabalho, esta decisão ilustra o compromisso da VW com o investimento que fez em Portugal durante os anos 90 e traduzir-se-á num crescimento de todo o setor automóvel no país, já que uma porção significativa dos seus fornecedores são empresas nacionais. Nos anos anteriores por cada novo posto de trabalho da Autoeuropa criaram-se três pelos seus fornecedores.

Aviação Comercial (TAP, Ryanair, etc):

A TAP Portugal anunciou a abertura de 11 novos destinos ainda em 2014 e o aumento de frequências em rotas já operadas, um crescimento da sua frota em 6 aeronaves e a contratação de um total de 500 trabalhadores. A abertura da base operacional da Ryanair no aeroporto de Lisboa neste mês e respetiva expectativa de crescimento, na medida em que está em negociação com a ANA para o aumento da sua presença no aeroporto da capital, antevê a criação de centenas de postos de trabalho. Outras companhias já anunciaram novas rotas para os principais aeroportos nacionais como a Air Canada (Toronto), Air Algeria (Argel), Swiss (Genebra), US Airways (Charlotte) entre outras, para Lisboa, a British Airways (Londres-Heathrow) e a Vueling (Barcelona e Bruxelas) para o Porto e a British Airways (Londres-Heathrow) para Faro entre várias outras rotas charter e sazonais previstas. Destaque-se a Windavia (do grupo Omni) que tem previstos vários voos a partir da Madeira (Funchal e Porto Santo), Lisboa e Beja para vários destinos internacionais.
Para além das centenas de postos de trabalho criados pela TAP e Ryanair, o fluxo de passageiros gerado por este significativo aumento de capacidade permitirá que o setor do turismo continue a crescer.

Infraestruturas:

O ministro da economia divulgou na semana passada as linhas gerais do Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas que será publicado nesta semana. Um total de 59 investimentos considerados prioritários até 2020 terá como grandes prioridades a ferrovia e os portos em prejuízo das rodovias e dos aeroportos. O governo espera que apenas 1.4 a 1.7 mil milhões de euros sejam financiados pelo Estado num total de 6 mil milhões de euros, maioritariamente conseguidos por investimento privado e fundos comunitários.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Um PS sem Rei nem Roque

Sabemos bem aquilo que o PSD e o CDS defendem, ou não estivessem a governar o país há quase 3 anos: cortes em todas as rubricas orçamentais do Estado, com particular enfoque nos ordenados dos funcionários públicos, prestações sociais, pensões, Educação e Saúde, sem esquecer a Defesa, a Justiça e a Administração Interna com o objetivo primeiro de pagar tudo aos nossos credores sem que haja perdão da dívida. A redução do défice das contas públicas é fundamental nesta estratégia - os 17 mil milhões que gastávamos a mais do que aquilo que recolhíamos em impostos em 2010 não eram sustentáveis.
Os resultados estão à vista de todos e cabe a cada um avaliar a virtude das políticas implementadas.
Depois temos a extrema-esquerda, encabeçada por PCP e BE que defendem quase tudo ao contrário daquilo que o atual governo defende, sugerindo uma abrangente renegociação da dívida (com ou sem perdão parcial) e defendendo um Estado máximo, estando, naturalmente, contra as privatizações. Defendem soluções ousadas, com as quais podemos concordar ou não, mas assumem as suas posições.

Finalmente temos o PS. O PS que a esquerda acusa de estar com a direita e que a direita acusa de estar com a esquerda. É um PS que é esquerda e direita ao mesmo tempo, mas, no fundo não é esquerda, nem direita. Assumiu o Pacto Orçamental com a União Europeia (que exige um défice das contas públicas inferior a 0,5% do PIB) alinhando-se com a direita, mas acusa o governo de excessos na austeridade sem apontar qualquer alternativa para se cumprirem os limites internacionalmente acordados. Promete repor salários e pensões, reforçar (ou repor) o investimento em Educação, Ciência e Saúde e até - pasmem-se - repor o antigo mapa autárquico com mais de 4000 freguesias, ao invés das atuais cerca de 3000. Esta deriva populista e altamente incongruente da ação política do Partido Socialista português tem sido por demais evidente. A matemática não mente e o dinheiro não nasce nas árvores. Se não disserem aos portugueses como pretendem cumprir o pacto orçamental, os portugueses vão - legitimamente - recusar-se ao opróbrio de votar PS, refugiando-se no voto à esquerda, à direita, branco, nulo ou talvez mesmo na abstenção, mas não voltarão a votar num partido que quer tanto ser tudo que acaba por ser coisa nenhuma!

Em suma, são razoavelmente claras para todos as ideias de BE, PCP, CDS e PSD, mas, em relação ao PS somos levados a concluir que quer - mais uma vez - enganar os portugueses e que realmente a coerência política não mora no Largo do Rato.

Precisamos de um PS, socialista e realista. Exorto todos os verdadeiros socialistas a se envolverem, a bem da democracia e do futuro de Portugal.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Elefantes Brancos Fantasma

Caros leitores, venho hoje falar-vos de algumas obras públicas nacionais que foram começadas e estão inacabadas. Umas terão mais razão de existir que outras, mas, em todos os casos, mais grave do que investimentos de retorno não garantido para a economia, é estarmos a pagar algo de que não usufruímos porque as construções estão paradas, algumas a deteriorar-se e sem fim à vista. Se o anterior governo queria fazer (ou anunciar que fazia) tudo, este insiste em deixar arrastar problemas que há muito deviam ter sido resolvidos, seguem alguns exemplos:
  • Autoestrada A4 (Túnel do Marão): O túnel do Marão faz parte do troço da autoestrada número quatro que ligará, quando concluída, o Porto a Vila Real, através do maior túnel rodoviário da península Ibérica. Em 2011, o consórcio a quem a obra tinha sido atribuída interrompeu as obras por falta de financiamento, contudo, só dois anos depois é que o Estado Português resolveu o respetivo contrato, tendo alegado justa-causa por incumprimento da parte da concessionária. De acordo com o sr. primeiro-ministro, espera-se agora o retomar das obras ainda em 2014. Para trás ficam vários anos com a obra parada, perdas significativas para a economia e certamente um custo global que excederá o montante inicialmente orçado em 350 milhões de euros. É lamentável que, tendo a interrupção das obras ocorrido em junho de 2011 se tenha que esperar três anos pela retoma da mesma, mesmo não sendo imputável ao Estado a sua interrupção;
  • IP8/A26 (Sines-Beja): A ideia passa por ligar por via-rápida o porto de Sines ao aeroporto de Beja e baseia-se na assunção de que podemos importar mercadorias pelo porto de Sines para depois distribuir pela Europa por via aérea, que é algo manifestamente sem sentido. A utilização do transporte aéreo ou naval para o transporte de mercadorias a longas distâncias depende de vários fatores e, das duas umas, ou se quer rapidez, paga-se mais e utiliza-se o avião, ou, pelo contrário, não há pressa, e/ou o peso da mercadoria é demasiado para ser economicamente viável o transporte aéreo e opta-se pelo transporte marítimo.  É confrangedor ver a quantidade de viadutos que estão construídos no percurso sem que haja estrada alguma a ligá-los, que, para cúmulo, está bom de ver que são o mais caro da obra. Agora, ou deixamos os viadutos a degradar-se ainda mais como testemunhos de um tempo político, económico e moral a que não queremos regressar ou corremos o risco de ir gastar ainda mais sem racionalidade económica (venha o diabo e escolha!»);
  • Linha Férrea da Beira-Baixa (Covilhã-Guarda): A remodelação da linha ferroviária da Beira-Baixa teve lugar nos últimos anos. O último troço desta renovação e eletrificação da linha foi a troço Covilhã-Guarda. Retiraram-se os carris antigos e a obra parou. Gastou-se demasiado dinheiro para se ficar pior que antes. Se se quiser exportar a partir das zonas industriais da Covilhã, do Fundão e Castelo Branco por via ferroviária para a Europa, as mercadorias têm de fazer o percurso seguinte: Abrantes-Entroncamento-Coimbra-Guarda-Vilar Formoso. Podemos discutir se no atual contexto faz ou não sentido investir nas zonas demograficamente mais deprimidas, mas não podemos gastar dinheiro a destruir o que existe para ficarmos pior do que no princípio;
  • Variante Norte (Faro): Estamos a falar de cerca de 2.5 km de estrada que seria uma circular da cidade de Faro e que ligaria o aeroporto e ilha de Faro a Olhão e a toda a zona Este do Algarve sem necessidade de se passar por dentro da capital algarvia. Estimativas indicam que a conclusão da obra permitiria retirar diariamente mais de 20 mil veículos da cidade de Faro com óbvias vantagens do ponto de vista ambiental, económico e da segurança. A obra está parada desde 2012 por dificuldades financeiras do concessionário. É tempo de se denunciar o contrato, exigindo a respetiva indemnização ao Estado, uma célere reavaliação da virtude do investimento e a retoma dos trabalhos, se for o caso;
  • Metro Mondego (Coimbra): Este é um dos casos mais mediáticos e ilustrador do ponto a que chega a gestão pública nacional. Em Coimbra, removeram-se as linhas de comboio suburbano para construir um sistema metropolitano de superfície denominado de Metro Mondego. Criou-se uma empresa, gastaram-se milhões, e, no final, o espaço preparado para receber os novos carris é servido por autocarros. Se era para ficar pior, para que se gastou tanto dinheiro!?
Além de tudo isto, há as primeiras pedras que ficaram sozinhas – um dos casos mais paradigmático é talvez o do Hospital Central do Algarve, entre Faro e Loulé. Lá esteve o sr. "engenheiro" a coloca-la em 2009 e, até hoje, continua sozinha. Uma desconsideração para todos os portugueses. Onde estão os responsáveis pela aprovação destas obras fantasma? Quem celebrou contratos sem garantias de financiamento adequadas? Quem aprovou obras sem qualquer cabimento ou racionalidade económica? É preciso responsabilizar civil e criminalmente esta gente pelos prejuízos diretos para o erário público e indiretos para a economia nacional que causaram e continuam a causar. Não é nas urnas, através do voto, é mesmo no banco dos réus que temos de os colocar, não só para que não voltem sequer a pensar em abusar do seu poder em benefício de interesses privados ou corporativos, mas também para passar uma mensagem clara para presentes e futuros governantes e detentores de cargos públicos no sentido de moralizar o sistema e acabar de vez com o "regabofe" que dilacera as fundações do regime democrático em Portugal.

quinta-feira, 13 de março de 2014

TAP diminui dívida, dá lucros e contrata 600 trabalhadores


Com uma taxa de ocupação nos seus voos próxima dos 80% e transportando mais passageiros que nunca, num total de 10,7 milhões, o ano de 2013 dificilmente poderia ser melhor para a TAP que foi eleita como a 7ª companhia mais segura do mundo e 2ª mais segura da Europa (JADEC) e a melhor companhia aérea da Europa (Global Travelers Magazine). Já neste ano, a TAP beneficiará do campeonato do mundo de futebol que terá lugar no Brasil, país para o qual a companhia portuguesa lidera as ligações a partir da Europa.

Menos Dívida, Mais Lucros:

No ano passado, a TAP SA, que inclui o negócio de aviação e manutenção em Portugal, conseguiu reduzir a sua dívida líquida de 791 para 585 milhões de euros e, ainda assim, aumentar os seus lucros para 34 milhões de euros.

Aumento dos Destinos e da Frota:

Os 10 novos destinos anunciados pelo CEO Fernando Pinto na sua mensagem de natal (Belgrado, Gotemburgo, Hanover, Nantes, São Petersburgo, Tallin, Bogotá, Belém, Manaus e Panamá) e o reforço de capacidade para alguns dos atuais destinos (como o aumento de capacidade de 15% previsto para Espanha) serão conseguidos com o crescimento da frota em seis aeronaves: dois A319 e dois A320 (para operações de curta e média distância) e dois A330 (para o longo-curso).

Contratação de 600 Trabalhadores:

Para fazer face ao desígnio de crescimento da empresa, a TAP irá contratar um total de 600 novos trabalhadores durante este ano. 500 irão preencher novos postos de trabalho e 100 virão substituir trabalhadores que deixaram a empresa. Dos contratados, 75% será pessoal de voo e 25% pessoal de terra, incluindo técnicos de manutenção, engenheiros e pessoal de vendas.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Novidades na Autoeuropa

A fábrica da Autoeuropa (Volkswagen Portugal) recebeu a garantia que irá produzir um novo modelo da marca alemã, embora ainda não se saiba qual será. Esta garantia permitirá manter todos os postos de trabalho da empresa e vem na sequência de ter sido apresentado recentemente o novo VW Scirocco, que, apesar de ter uma plataforma diferente da versão anterior, também será produzido na fábrica de Palmela.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Nova Lei Eleitoral: Precisa-se!

Diga-se, pense-se e acredite-se no que se acreditar, não duvido que há um crescente número de cidadãos a questionar o sistema democrático em que vivemos, mais do que o governo A ou B, ou o partido C ou D.
Há um sentimento geral de descrença e desconfiança de e para com o Estado que atinge os pilares fundamentais do regime instituído na sequência do 25 de abril de 1974, que não se extingue na assembleia da república e afeta a presidência da república e, de forma particularmente pungente, o sistema judicial.

Este sentimento não surgiu com esta crise, e não desaparecerá com ela. Ouso dizer que os sistemas políticos que não se auto-reformam, contribuem de forma acelerada para o seu próprio fim. A história mundial é pródiga em exemplos destes. Parece-me haver uma área, da qual depende tudo o resto, que merece a atenção dos agentes políticos, por muito que seja difícil. Chama-se lei eleitoral e é, em grande medida, a responsável pelo grau de indigência e mediocridade a que a política nacional (e local) chegou. Pensando nas legislativas:

  1. Não faz sentido votar em partidos, mas sim em pessoas (que estejam, por sua vez, agrupadas em partidos), nomeadamente na assembleia da república. Pessoas que pensem pela sua própria cabeça. Cada cidadão votaria no seu próprio deputado e escrutinaria o seu desempenho e os partidos teriam de escolher os melhores para as suas fileiras em vez dos fiéis seguidores do líder que são invariavelmente eleitos porque atualmente se vota no partido/líder, e se desconhecem todos, ou quase, os restantes elementos das listas;
  2. A disciplina de voto deve ser liminarmente proibida pois é altamente antidemocrática. Na assembleia, atualmente, chegaria termos 6 deputados (1 por cada partido, cujo voto valeria tanto quanto a fração de votos do seu partido). Para quê ter lá fantoches? Se pagamos a 230 deputados, que usufruamos deles;
  3. O método para distribuição dos deputados pelos círculos é sobremaneira antidemocrático:
    • Se houvesse partidos suficientes, o partido mais votado podia ser aquele com menor representação parlamentar, ou mesmo nenhuma. Pensemos no círculo de Beja, que elege 3 deputados - com frequência PS (1), CDU (1) e PSD (1), sendo os demais votos, CDS e BE, entre outros, absolutamente irrelevantes. Porque é que há votos desperdiçados?;
    • O número de deputados por círculo (distritos, no Continente) não pode ser inferior a 2 (caso de Portalegre), mesmo que lá viva quase ninguém e a abstenção seja obscena. Isto não faz sentido. Porque é que os votos de cidadãos de alguns distritos (e.g. Guarda, Beja ou Bragança) têm de  valer mais que os votos de um cidadãos de outros distritos (e.g. Porto, Braga ou Lisboa) ?  Isto respeita a Constituição!?;
  4. Acabe-se com os círculos distritais e crie-se um círculo nacional - passando todos os votos a contar o mesmo a nível nacional, quer o cidadão viva na ilha do Corvo, em Faro, Coimbra ou Bragança - e, já agora, sem qualquer círculo para emigrantes pois quem deve votar é quem cá está e quem mais sofre com as escolhas governativas. Caso se apure que esta situação do círculo único é perigosa para a representatividade territorial, pode procurar-se uma solução menos drástica, como o criar meia dúzia de círculos a nível nacional, mas será sempre uma solução menos democrática que a proposta.
Parece-me que os líderes partidários que temos são demasiado fracos para assumir esta necessária rotura. Não sei quando a reforma poderá vir a debate e andar para a frente mas a sociedade civil deve dar o seu melhor para que esta discussão tenha o seu início.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Eu e os Meus Amigos

Pode ser ingenuidade minha, mas parece-me que um dos maiores defeitos dos portugueses se mistura e confunde com uma das suas maiores virtudes. Falo da corrupção e da simpatia.

Os portugueses são reconhecidamente simpáticos, abertos, hospitaleiros e muito amigos do seu amigo. Contudo, o famoso «chico-espertismo» - forma simpática de classificar corruptos e oportunistas  - aí está. Como é que somos tão boas pessoas e há tantos chicos-espertos!? Somos levados a concluir que estes dois conjuntos se intersectam, e, provavelmente, muito mais do que seria de esperar à primeira vista.

Todos queremos o melhor para nós mesmos, os nossos familiares, amigos e conhecidos. "Todos" fazemos tudo o que está ao nosso alcance para os (e nos) ajudar e beneficiar, independentemente do "resto". Ora o resto, são outros cidadãos.

Alguns exemplos clássicos daquilo que estou a falar:
  • Fuga ao fisco das famílias e das empresas;
  • Contratar familiares e amigos para empresas nossas (independentemente de serem ou não os melhores candidatos);
  • Contratar serviços a empresas "amigas", nomeadamente na esfera do Estado (contribuindo para a perversão do sistema);
  • Ser-se desleixado no que diz respeito às despesas do Estado ou da própria empresa («o Estado paga!» e depois ninguém sabe porque temos os impostos que temos, ou, «É a empresa paga...» e depois são despedidos e não sabem porquê);
  • Passar à frente numa fila (nas Finanças ou na estrada);
  • Favorecer (ou procurar ser favorecido) de qualquer outro modo amigos ou familiares sem uma justificação outra que não a emocional.
É "bestial" fugir ao fisco, pagar uma obra ou serviço sem IVA (poupando 23% do custo total). Mas é bestial, leram bem!? A palavra mãe é BESTA. Ao fazer isto estamos a roubar - muito literalmente - cerca de 10.5 milhões de portugueses. Atitudes destas são um terrível fenómeno de desagregação social em que cada um se desculpa com as falhas do vizinho, o que resulta numa espiral extremamente funesta.

O programa e-fatura posto em marcha em 2013 para combater fugas ao fisco em certas e determinadas atividades, mais propícias a esta vigarice merece um elogio, só é triste ser necessário. Estima-se que mais de 20% da economia seja não taxada. Se isto for efetivamente verdade e conseguirmos acabar com isto, teremos um estrondoso superavit das contas públicas nacionais e poderemos baixar os elevadíssimos impostos que temos. Vamos acabar com isto e pedir faturas. Todos temos que pagar, não podem ser só alguns!

Todos falamos muito destas "pequenas" fugas à legalidade, mas (quase) todos as praticamos. Vamos ter vergonha na cara e deixar de criticar os governantes por lesarem o Estado em milhões se tivermos comportamentos idênticos. Segundo estimativas recentes falamos de mais de 12 mil milhões de euros perdidos em coleta fiscal, o que seria suficiente para construir 4 novos aeroportos em Lisboa (com 4 pistas) todos os anos.

Vamos perceber que ao beneficiarmos 1 pessoa, estamos a prejudicar milhões e a promover um sistema do qual, invariavelmente nos queixamos. Ajudar um amigo ou familiar nestas circunstâncias não é ser simpático, é ser vigarista...
Denunciem-se as PPP altamente lesivas para o Estado, prendendo os responsáveis e combata-se a evasão fiscal a sério e temos os problemas financeiros resolvidos por muitos anos! A revolução começa dentro de cada um de nós. Eu acredito.


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Referendos

Primeiro a regionalização, depois o aborto - repetido até dar o resultado que interessava a alguém, agora a adoção de crianças por homossexuais.

Nesta democracia só cabe ao povo decidir aquilo que não interessa - ou interessa realmente a muito poucos. Tanto mais que me parece uma falsa questão, pois, se alguém sozinho pode adotar, um(a) homossexual só não o faz se não quiser. Mais - quem somos nós, ou o Estado, para achar que um par de homossexuais não tem direito a adotar? A Constituição não estabelece que somos todos iguais? Será melhor andarem a ser maltratados e abusados em instituições de caridade!?

Quando toca a decidir sobre assuntos que realmente merecem toda a atenção, porque dizem respeito a todos, já não há referendos - «livra»! Em suma, somos chamados a decidir sobre a vida dos outros, mas não podemos decidir sobre aquilo que mais diretamente diz respeito à nossa, o que é, no mínimo, sui generis e pouco-democrático.

Ora, será mais importante discutirmos e darmos voz ao povo em assuntos que dizem realmente respeito a todos, nomeadamente no que diz respeito à destruição do erário que temos assistido com as privatizações. A REN, EDP, ANA, Águas, TAP, CP Carga, ENVC, CTT, etc é que são de todos nós e nos dizem respeito a todos.

Privatizar (ou concessionar) em tempo de crise é, na opinião do autor, bem entendido, errado - e não se trata de um argumento ideológico. As empresas que dão prejuízo não se conseguem privatizar e as que dão lucro, ou têm grande potencial, fazem com que o Estado (ergo, todos nós) percamos (muito) dinheiro a médio prazo, para além do controlo sobre setores chaves da economia como são as energias, águas, transportes e comunicações. Acresce que privatizar monopólios deveria ser liminarmente proibido.