segunda-feira, 31 de março de 2014

Um PS sem Rei nem Roque

Sabemos bem aquilo que o PSD e o CDS defendem, ou não estivessem a governar o país há quase 3 anos: cortes em todas as rubricas orçamentais do Estado, com particular enfoque nos ordenados dos funcionários públicos, prestações sociais, pensões, Educação e Saúde, sem esquecer a Defesa, a Justiça e a Administração Interna com o objetivo primeiro de pagar tudo aos nossos credores sem que haja perdão da dívida. A redução do défice das contas públicas é fundamental nesta estratégia - os 17 mil milhões que gastávamos a mais do que aquilo que recolhíamos em impostos em 2010 não eram sustentáveis.
Os resultados estão à vista de todos e cabe a cada um avaliar a virtude das políticas implementadas.
Depois temos a extrema-esquerda, encabeçada por PCP e BE que defendem quase tudo ao contrário daquilo que o atual governo defende, sugerindo uma abrangente renegociação da dívida (com ou sem perdão parcial) e defendendo um Estado máximo, estando, naturalmente, contra as privatizações. Defendem soluções ousadas, com as quais podemos concordar ou não, mas assumem as suas posições.

Finalmente temos o PS. O PS que a esquerda acusa de estar com a direita e que a direita acusa de estar com a esquerda. É um PS que é esquerda e direita ao mesmo tempo, mas, no fundo não é esquerda, nem direita. Assumiu o Pacto Orçamental com a União Europeia (que exige um défice das contas públicas inferior a 0,5% do PIB) alinhando-se com a direita, mas acusa o governo de excessos na austeridade sem apontar qualquer alternativa para se cumprirem os limites internacionalmente acordados. Promete repor salários e pensões, reforçar (ou repor) o investimento em Educação, Ciência e Saúde e até - pasmem-se - repor o antigo mapa autárquico com mais de 4000 freguesias, ao invés das atuais cerca de 3000. Esta deriva populista e altamente incongruente da ação política do Partido Socialista português tem sido por demais evidente. A matemática não mente e o dinheiro não nasce nas árvores. Se não disserem aos portugueses como pretendem cumprir o pacto orçamental, os portugueses vão - legitimamente - recusar-se ao opróbrio de votar PS, refugiando-se no voto à esquerda, à direita, branco, nulo ou talvez mesmo na abstenção, mas não voltarão a votar num partido que quer tanto ser tudo que acaba por ser coisa nenhuma!

Em suma, são razoavelmente claras para todos as ideias de BE, PCP, CDS e PSD, mas, em relação ao PS somos levados a concluir que quer - mais uma vez - enganar os portugueses e que realmente a coerência política não mora no Largo do Rato.

Precisamos de um PS, socialista e realista. Exorto todos os verdadeiros socialistas a se envolverem, a bem da democracia e do futuro de Portugal.

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