quarta-feira, 25 de junho de 2014

A Felicidade e a Monotonia

A monotonia traz infelicidade. Ao fazermos todos os dias a mesma coisa, vezes sem conta, estamos sem dar por isso a adormecer o nosso cérebro. No entanto, a luta deste é contra esta monotonia. É por esta razão que temos uma vontade de tantas coisas fazer quanto mais monótona for a nossa actividade: fazer compras online por quinquilharia, andar pela rua sem razão aparente, olhar para uma parede branca. O nosso cérebro quer algo diferente, algo desafiante.

Deste modo, sabe-nos tão bem as coisas pequenas da vida: fazer uma caminhada ao fim de semana por algum sítio menos habitual, uma canoagem, arranjar a bicicleta, etc. E esta felicidade pode ser aumentada se associada a algo mais “arriscado”. Se a uma caminhada nos arriscarmos a perder numa serra (sem demasiado perigo claro); se em vez de canoagem num rio calmo, o fizermos em rápidos; se, saltarmos de paraquedas, etc. No final desta actividade, e não tanto durante esta, a nossa felicidade será superior. Vamos sentir-nos alividados e revitalizados, dar valor ao conforto de um sofá, dar valor a estarmos vivos e seguros. Passadas algumas semanas, se olharmos para trás, a primeira recordação será da actividade diferente que realizámos.

Ora, isto não tem a ver com a pessoa ganhar mais ou menos dinheiro ao final do mês, ser da classe baixa ou alta, viver no campo ou na cidade. O que interessa é a quebra da monotonia. O que interessa são os altos e baixos.

Somos bombardeados todos os dias com ambições de outros, tornando-as nossas: a ambição de ganhar mais dinheiro, de trabalhar de sol-a-sol, de emigrar para a nossa quantidade de felicidade ser superior. Mas quem disse que isso é a melhor definição de felicidade? Porque não falam na quebra da monotonia, que não exige dinheiro? Porque não se olha para o que temos actualmente e valorizamos podermos fazer tudo a que temos acesso?

A vida vale pelas coisas pequenas e simples. São essas que nos lembramos mais tarde e que nos fazem pensar: “que tempos óptimos...”.

Ainda me lembro do dia em que plantei a primeira árvore, nunca tinha feito algo igual... E no entanto não me lembro de mais nada nos meses antes e depois desse momento.

Dinis Lopes

PS: Um estudo que li indica que a partir de 80000$ anuais nos EUA, as pessoas não são mais felizes. Outro que li dizia que uma tribo africana era o povo com menos depressões do mundo (é lógico?).

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