quarta-feira, 26 de novembro de 2014

É a hora!

Poucos lhe anteveriam uma chegada à liderança tão funesta. Afinal, estamos a falar de um político com uma boa imagem junto dos portugueses, que deu provas de capacidade de governar (em Lisboa e na Administração Interna), com uma capacidade de diálogo e entendimento político acima da média (como se viu em Lisboa), e claro, com uma imagem muito menos desgastada que a concorrência (interna e dos partidos do governo).

Uma semana depois da ala socrática do PS voltar por sua mão a ser a grande protagonista nos debates da AR e do novo líder parlamentar - Ferro Rodrigues - ter assumido com orgulho o ónus da governação do último primeiro-ministro socialista, o alegado caso de corrupção associado aos Vistos Dourados fazia o sol brilhar no Largo do Rato.

No entanto, e, justamente no fim-de-semana em que Costa foi eleito Secretário-Geral, o chão desabou debaixo dos seus pés. A prisão preventiva do ex-primeiro-ministro é um autêntico pesadelo que agrava ainda mais a já grandíssima desconfiança dos portugueses no Estado. António Costa foi de Messias a "nado-morto" em menos de um fósforo.

Da Justiça os portugueses esperam que seja justa, célere e clara ao dirimir os casos que tem entre mãos, mas não só. Se é verdade que alguém conseguiu juntar 20 milhões de euros com luvas, o que não terá o Estado em contrapartida pago, ou estar a pagar a essa pessoa, pessoas ou entidade? Isso sim, seria um trabalho completo.

De Pedro Passos Coelho e de António Costa - como o General Garcia Leandro teve oportunidade de referir na passada 2ª feira no «Prós e Contras» da RTP - os portugueses esperam que sejam capazes de apanhar o comboio da história que lhes está a passar à frente. Está na hora de colocar a corrupção no centro do debate político, condená-la abertamente e discutir formas de a combater de forma eficaz.

O desenvolvimento económico e o combate às crescentes desigualdades também passa por aqui. Os países mais corruptos são os países mais desiguais e frequentemente mais pobres, e, quando maior é a desigualdade, maior é o potencial de corrupção.

Se os "principais" partidos não se regenerarem, Portugal seguirá as passadas gregas, italianas e espanholas rumo à desagregação do regime político vigente. Depois não se queixem!

Como diria Fernando Pessoa: «É a hora!»

Sem comentários:

Enviar um comentário