segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Lisboa, Madrid e... Barcelona

LISBOA

No ano de 2012 os números foram claros, o aeroporto de Lisboa cresceu acima da média e conseguiu, num cenário de recessão profunda da economia nacional e de recessão na Zona Euro um crescimento pouco comum de 3.5% no número de passageiros. A abertura da base da EasyJet e a abertura de novas rotas (e.g. Dubai) ajudaram, mas foi sobretudo graças ao grande crescimento da TAP que se conseguiram estes resultados. O Hub de Lisboa existe graças à TAP e o sucesso do aeroporto da capital portuguesa no transbordo de passageiros em trânsito entre os continentes americano e africano e o continente europeu tem sido evidente. Os excelentes resultados de recentes rotas da TAP como Dakar (no Senegal), Bamako (no Mali), Miami (nos EUA), Viena (na Áustria), Porto Alegre (no Brasil), Manchester (em Inglaterra) e Bucareste (na Roménia) em muito contribuiram e foram conseguidos com um grande esforço de melhoria da produtividade, já que a frota de 71 aeronaves da TAP (55 da TAP, 14 da PGA e 2 da PGA Express) se mantém inalterada desde 2009.

MADRID

O principal aeroporto que compete com Lisboa é naturalmente o da capital espanhola, desde logo pela sua proximidade geográfica, mas sobretudo pela sua dimensão - demográfica e económica. O aeroporto de Madrid-Barajas teve a maior queda a nível europeu entre os grandes aeroportos em 2012, com um estrondoso decréscimo de 9.0% no número de passageiros. Estes números encontram justificação na crise económica que também afeta o país vizinho, mas sobretudo nos esforços de racionalização da Iberia que viu o grupo IAG (do qual faz parte, juntamente com a British Airways e a Vueling) obrigá-la a fechar um número significativo de rotas não-lucrativas, reduzir a sua frota e despedir um número record de funcionários e no fecho da base da EasyJet (e com ela dum elevado número de rotas) devido ao aumento das taxas. Já na primeira metade deste ano, os resultados não se inverteram e as quedas estão agora acima dos 10.0% face ao período homólogo.

BARCELONA

A capital da Catalunha, que, se fosse um país independente, seria o 4º mais rico (per capita) da União Europeia projeta-se como um destino turístico de eleição dentro e fora da Europa e a resiliência da sua economia face ao resto de Espanha está bem patente no crescimento continuado do seu aeroporto, pese embora a crise económica. O aeroporto de El Prat conseguiu reagir de forma muito boa ao fechar de portas da companhia aérea Spanair (baseada em Barcelona) em janeiro de 2012 e conseguiu um crescimento de 2.2% no número de passageiros face a 2011, crescimento que se tem confirmado no presente ano, sobretudo sustentado pela Vueling (subsidiária do IAG, juntamente com a British Airways e a Iberia) e pelo grande número de companhias estrangeiras que a elegem como destino. Dados recentes, indicam que, pela 1ª vez na história Barcelona foi mais visitada que Madrid e na última semana, Madrid perdeu, pela terceira ocasião consecutiva, a nomeação para cidade organizadora dos Jogos Olímpicos (que Barcelona organizou em 1992).

Rank
2012
CountryAirportCityPassengers
2011
Passengers
2012
Change
2011-2012
...





5 SpainMadrid–Barajas AirportMadrid49,671,270[6]45,195,014[6]Decrease9.0%
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9 SpainBarcelona El Prat AirportBarcelona34,398,226[6]35,145,176[6]Increase2.2%
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28 PortugalLisbon Portela AirportLisbon14,805,624[20]15,301,176[21]Increase3.5%
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Fonte: Wikipedia

A estratégia espanhola de fazer de Madrid uma capital central no contexto ibérico, a nível económico, demográfico e das vias de comunicação, particularmente bem sucedida nas últimas décadas, está a sofrer um forte revés nesta crise, agravado com a pujança relativa que se vê nas outras duas grandes metrópoles peninsulares.

Em Portugal, devemos procurar reforçar o crescimento de Lisboa - a medida da nossa periferia é inversamente proporcional à conetividade e o transporte aéreo é crítico. Um grande aeroporto é uma via aberta para o crescimento económico. As taxas aeroportuárias cresceram 4.4% em Lisboa e mais subirão com a concessão aos franceses da Vinci (conforme previsto no respetivo contrato). Em Madrid, a AENA duplicou as taxas e o efeito está bem patente. Esperemos que o contrato celebrado entre o Estado Português e a Vinci não padeça dos mesmos erros.
Os nossos governantes têm de perceber que excecionar determinadas áreas aos sacrifícios (ou moderar os seus efeitos), embora possa ter custos políticos no curto prazo, pode ser crucial para sairmos da crise económica, mas, como em tudo, há que saber distinguir o «trigo do joio»!

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