quarta-feira, 10 de julho de 2013

Linguagem binária

Vivemos tempos difíceis: crise, desemprego, recessão e dívida são as palavras de ordem.

A economia esvai-se, a democracia treme e a conflitualidade e crispação da sociedade não para de crescer. Isso vê-se em todo o lado, nas manifestações, nas greves, nos transportes, no trânsito, etc. Os media não falam de outra coisa que não das «desgraças» que assolam o país, fomentando o debate, o choque e as divisões.

Aquele que é provavelmente o Estado-Nação mais antigo da mundo está hoje multipolarizado por divisões cada vez mais profundas e que ameaçam fazer tremer os pilares deste povo que foi percussor do movimento de globalização, como tão habilmente os professores Tesseleno Devezas e Jorge Rodrigues ilustraram no seu livro «Pioneers of Globalization: Why the Portuguese Surprised the World», onde provam à saciedade a influência dos portugueses neste processo sem recorrer a argumentos subjetivos ou românticos, mas sim, à mais pura das ciências - a Matemática!

As grandes divisões não são já hoje de ordem sexual ou de raça, mas entre velhos e novos, empregados e desempregados, ricos e pobres, qualificados e não qualificados, funcionários públicos e privados, esquerda e direita, sindicatos e patrões, litoral e interior, grandes centros e província, norte e sul, continente e ilhas, etc. Em linguagem binária, só as 11 antíteses apresentadas seriam 2^11=2048 combinações - (em informática seriam 2GB de divisões!).

Vivemos em democracia e devemos lutar todos os dias por preservá-la a todo o custo, mas não podemos utilizá-la como pretexto para desagregar uma das nações mais homogéneas do mundo, pois aí reside a nossa grande vantagem competitiva face à maioria dos outros povos. Nós somos os Portugueses, não somos melhores nem piores que os demais (como muitos gostam de discutir), mas se o somos há mais de 800 anos, é porque não somos um povo qualquer!

O mundo vive tempos de grande incerteza e que não se pense que as guerras militares terminaram e agora é só guerra económica. Temos de estar mais unidos que nunca porque esse conflito pode surgir em qualquer lugar e ter consequências devastadoras. E claro, não serão os outros que nos virão defender.

União não é unanimismo! - união é coesão relativamente ao essencial, respeito pelas instituições e pela democracia, respeito à greve (por parte de patrões, ao a aceitarem, e por parte de empregados, ao não a banalizarem), em suma, respeito ao próximo. Procurar compromissos, negociar e flexibilizar é o que se exige  aos governantes e ao povo para que todos juntos, mais cedo que tarde, demos a volta à famigerada crise.

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