Deste modo, sabe-nos tão bem as coisas pequenas da vida:
fazer uma caminhada ao fim de semana por algum sítio menos habitual, uma
canoagem, arranjar a bicicleta, etc. E esta felicidade pode ser aumentada se
associada a algo mais “arriscado”. Se a uma caminhada nos arriscarmos a perder
numa serra (sem demasiado perigo claro); se em vez de canoagem num rio calmo, o
fizermos em rápidos; se, saltarmos de paraquedas, etc. No final desta
actividade, e não tanto durante esta, a nossa felicidade será superior. Vamos
sentir-nos alividados e revitalizados, dar valor ao conforto de um sofá, dar
valor a estarmos vivos e seguros. Passadas algumas semanas, se olharmos para
trás, a primeira recordação será da actividade diferente que realizámos.
Ora, isto não tem a ver com a pessoa ganhar mais ou menos dinheiro
ao final do mês, ser da classe baixa ou alta, viver no campo ou na cidade. O
que interessa é a quebra da monotonia. O que interessa são os altos e baixos.
Somos bombardeados todos os dias com ambições de outros,
tornando-as nossas: a ambição de ganhar mais dinheiro, de trabalhar de
sol-a-sol, de emigrar para a nossa quantidade de felicidade ser superior. Mas
quem disse que isso é a melhor definição de felicidade? Porque não falam na
quebra da monotonia, que não exige dinheiro? Porque não se olha para o que
temos actualmente e valorizamos podermos fazer tudo a que temos acesso?
A vida vale pelas coisas pequenas e simples. São essas que
nos lembramos mais tarde e que nos fazem pensar: “que tempos óptimos...”.
Ainda me lembro do dia em que plantei a primeira árvore,
nunca tinha feito algo igual... E no
entanto não me lembro de mais nada nos meses antes e depois desse momento.
Dinis Lopes
PS: Um estudo que li indica que a partir de 80000$ anuais
nos EUA, as pessoas não são mais felizes. Outro que li dizia que uma tribo africana
era o povo com menos depressões do mundo (é lógico?).