sexta-feira, 11 de setembro de 2015

«Não se discute Deus e a sua virtude, não se discute a Pátria e a Nação...»

No passado dia 9 de setembro, o país parou para assistir ao debate do ano entre os chamados candidatos a primeiro-ministro Pedro Passos Coelho (Coligação PSD/CDS) e António Costa (PS). Ao contrário do que se diz, os portugueses ainda querem saber de política.

Tenho contudo de manifestar a minha profunda tristeza pela pobreza do debate que foi transmitido em direto pelos três canais abertos. 50% foi a falar do passado, 25% foi a fazer acusações e os restantes 25% foi a fazer propostas vagas, difusas e redondas. É pouco, muito pouco. Os portugueses merecem mais, muito mais.

Como é possível...
  • não haver uma única palavra sobre política externa, nomeadamente sobre as ideias dos candidatos sobre a União Europeia, as regras comunitárias, a integração europeia, a cedência de soberania, a moeda única? Estes partidos não apenas não se interrogam sobre os ditames de Bruxelas como vendem a nossa soberania sem mandato para tal. Como é possível as questões europeias, que, como se viu nos últimos anos influenciam muito a vida dos portugueses, pura e simplesmente serem ignoradas? A censura já acabou.
  • não se discutir o combate à corrupção? É verdade que nunca foi uma prioridade sequer dos discursos destes partidos, mas não é pela Justiça ser independente do poder Legislativo e Executivo que esta questão deve ser ignorada. Sabemos que há imenso trabalho a fazer e gostaria de saber o que o futuro primeiro-ministro pensa fazer sobre o assunto.
  • não se discutir o combate à evasão fiscal? É correto reconhecer que muito se progrediu nesta legislatura neste domínio, mas o trabalho deve continuar, e importava saber se há alguma ideia sobre o assunto.
  • não se discutir uma efetiva revisão da lei eleitoral? É tempo de discutir este assunto e de contribuirmos para uma renovação da forma de fazer política. Todos os políticos que ouvi serem questionados sobre o assunto se mostraram a favor de os portugueses poderem votar em pessoas e não em cabeças de lista de forma a favorecer uma efetiva representação dos interesses populares e contribuir para uma real meritocracia. Contudo, ninguém tem a coragem de dar o primeiro passo, nem os pequenos partidos alvitram tal hipótese.


É hora de nos levantarmos e de acreditarmos, de nos juntarmos aos partidos e contribuirmos para que estes mudem por dentro ou de criar partidos novos - não necessariamente nos extremos - que permitam colocar estas questões na ordem do dia e aproximem os eleitos do povo.
Finalmente, permitam-me interpelar os leitores - votem, votem bem, votem mal, branco ou nulo - mas não deixem de votar e de acreditar.

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