Na maior parte dos assuntos não sou de direita - especialmente quando toca a privatizar tudo aquilo que mexe - mas seguramente não sou de extrema-esquerda - confesso uma intolerância quase patológica relativamente a sindicatos irresponsáveis e inconsequentes. Olhando para o espectro partidário nacional, o PS parece ser, à primeira vista, aquele de que sou ideologicamente mais próximo. Contudo, é o partido do qual me sinto mais distante. Porquê? Numa palavra: confiança! Falta dela, mais exatamente.
É evidente e inegável que este governo cometeu muitos erros, mais que discutidos e reconhecidos - os casos Relvas, a demissão irrevogável de Portas e a má orgânica do governo - todos corrigidos a tempo de males maiores - a submissa política externa, a péssima comunicação, entre muitos outros, porventura não menos graves. Mas tendo cometido erros, há razões que me fazem ter a fortíssima convicção de que votar na coligação PSD/CDS é a melhor forma de proteger o futuro de Portugal no seu médio-longo prazo. Principais razões:
- Primeiro governo de coligação a chegar ao fim de uma legislatura em Portugal, o que revela responsabilidade e espírito de compromisso;
- Uma balança externa positiva, algo que não acontecia há 70 anos no nosso país. Este indicador é o principal e revela que nos tornámos um país sustentável a longo prazo;
- Exportações a +40% PIB num período de estagnação dos nossos principais mercados externos. Com as economias a crescer e financiamento barato, tínhamos -30% PIB em exportações com o PS;
- O fim das PPP (pelo menos não assinaram mais) e renegociaram algumas. Foi pouco poderão dizer, mas fizeram e os outros falaram;
- O fim dos grandes investimentos públicos, sobretudo em estradas;
- A economia estar a crescer, o investimento a aumentar, o emprego a crescer e o desemprego a retrair de forma constante há 2 anos - dados objetivos e indesmentíveis;
- O Primeiro-ministro ter uma atitude sóbria e ponderada e ser verdadeiro na sua relação com os portugueses - a antítese do seu antecessor.
Os mais críticos focam-se sobretudo na austeridade. Se austeridade significa gastarmos aquilo que temos, contam comigo. Não é por aí que o país não cresce. Reduzir o défice é reduzir a dívida, reduzir a dívida é reduzir os juros, reduzir os juros é aumentar a nossa margem para investir em Saúde, Educação e Segurança Social. O contrário é demagogia ou saída do euro (opção inteiramente respeitável).
Quanto ao PS, assinou o pacto orçamental da União Europeia, ao mesmo tempo que prometeu tudo e mais alguma coisa em termos de aumento de despesa e diminuição de receita. Se o cumprisse seria o desastre e seríamos a nova Grécia - com a agravante de termos um endividamento privado muito superior aos nossos congéneres gregos. Se não o cumprisse, seria um governo completamente descredibilizado.
Levaram-nos ao resgate, negociaram o memorando com a troika, para poucos meses depois rasgarem o acordo. Mais recentemente, assinaram o acordo de descida do IRC para dar estabilidade fiscal e previsibilidade às empresas junto com os partidos da maioria para meses depois o rasgarem.
Em suma, não há adesão à realidade nem previsibilidade. Chega de demagogia, chega de propostas vãs, chega de "Zorrinhos", de "Galambas" e "Ferros". Só há uma forma de impedir que a corja do "Sócrates" regresse.
Está nas nossas mãos contribuir para uma revolução interna no PS que necessariamente se seguirá a uma derrota nestas legislativas, de tal modo que em 2019 corporize uma alternativa credível.
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