terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A Década Perdida!?

O Problema:
Quando em 2004 entraram 10 estados soberanos do leste da Europa para a União Europeia, Portugal  queixou-se que a mão-de-obra barata iria ter nefastos efeitos na nossa economia, quer pela nossa baixa competitividade, quer pela perda de fundos de coesão da União Europeia. Se o problema fosse só esse, não seria tão grave!
Houve dois outros problemas que não foram considerados – o primeiro, que advém do nosso apego ao Euro e tudo o que isso acarreta ao termos a mesma moeda que as economias mais ricas e mais competitivas desta Europa a várias velocidades. O segundo, quiçá mais grave, estrutural e moroso de corrigir é a baixa qualificação dos recursos humanos – Portugal era em 01/05/2004 o país dos então 25 com menor número de anos médio de escola da união, com 5,9 anos. O segundo pior, era Espanha, com uns distantes 7,3 anos. E sim, todos os países que entraram nesse ano estavam melhor
Além disto, há uma dramática falta de quadro técnicos intermédios no nosso país. Depois do 25 de abril destruiu-se o ensino técnico, fundado pelo saudoso Prof. José Hermano Saraiva durante o Estado Novo, por acharmos que íamos todos ser doutores e/ou por falta de maturidade democrática que nos permitisse ver que nem tudo estava mal durante a ditadura. De nada servem nem servirão quadros superiores se não houver quadros técnicos intermédios.

É verdade que no dia 25 de Abril de 1974 tínhamos 30% da população analfabeta e que progredimos muito desde então. Mas não chega.

Acresce a isto tudo uma população envelhecida, a menor taxa de natalidade da Europa e pior, a geração mais qualificada da sua história em fuga...

A Solução (ou parte dela):
A solução está em criar condições para que essas pessoas possam regressar e para que estrangeiros venham para Portugal, e não estou a pensar apenas em reformados vindos da Península Escandinava. Portugal precisa do espírito aventureiro e empreendedor dos seus emigrantes, especialmente daqueles que saíram nesta última década e são ainda jovens.
O que fazer? Por um lado, criar um programa de incentivo ao regresso de jovens emigrantes ao país - a esses e a todos aqueles que estão a considerar sair, claro! Por outro, criar um verdadeiro sistema de apoio à natalidade, começando por financiar infantários e cresces.


«Não há dinheiro», poderão responder alguns. Errado.


Renegoceiem-se as parcerias público-privadas altamente lesivas para o Estado e prendam todos os seus responsáveis por «Gestão Danosa»; baixem-se as rendas do setor energético; combata-se a evasão fiscal de forma acérrima (desde o pequeno comerciante até ao grande capital); negoceie-se com a UE/BCE para que se diminuam os rácios de capital dos bancos portugueses (taxa de reserva exigida aos bancos e que é uma percentagem do total dos seus depósitos) para libertar dinheiro para o financiamento da economia a taxas de juro razoáveis e concomitantemente exija-se que os bancos ajudados pelo Estado pratiquem taxas de juro aceitáveis em face do custo de financiamento que têm.


Esse dinheiro já seria suficiente para apoiar muita gente com muita qualidade a concretizar os seus sonhos em Portugal. E isto sim, teria um efeito multiplicador sobre a economia.
Há muito dinheiro. Temos é que saber direcioná-lo para aquilo que realmente interessa: pessoas, ideias, conhecimento e investimento reprodutivo.


É hora de deixar trabalhar quem sabe, pode e quer!

Despeço-me com amizade,

Faro da Covilhã

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