domingo, 24 de fevereiro de 2013

Política


Hoje em dia a política tem má fama, diz-se que estraga bons momentos de confraternização. E quando, num jantar ou encontro de amigos, se inicia uma conversa com teor político, surgem logo comentários, “Lá vem a política de novo, pareces um velho casmurro sentado no banco do jardim…”.

Isso levou-me a pensar na origem da palavra “Política”. Derivado do grego antigo politeía, o termo refere-se às temáticas relacionadas com a vida da comunidade, da polis. Em última análise, a tudo o que pertence aos cidadãos. Ora, fazendo uso da lógica, e partindo da definição do conceito, chega-se à conclusão de que todo o cidadão digno desse nome é (ou deve ser) um político.

Esqueça-se a imagem que se tem actualmente do político e dos jogos políticos. Infelizmente, devido a uma sequência desastrosa de governantes nas últimas décadas, o significado de política sofreu uma pesada deturpação, causando um distanciamento de tudo o que se relaciona com o Estado e com a sua organização. Tal facto acaba por ter efeitos nefastos na vida das comunidades, pois um distanciamento dessas temáticas é, efectivamente, um afastamento em relação à comunidade. E uma comunidade sem laços socio-afectivos com os seus habitantes nunca conseguirá prosperar.

Assim é minha convicção que, para recuperar a universalidade política numa comunidade, é fundamental haver uma “limpeza” intelectual. E para tal é crucial o envolvimento da juventude incorrupta, idealista, consciente, e com espírito crítico. Deve ser a fonte de “água fresca” onde a sociedade mata a sua sede. Mas deve ser também uma fonte que transborda quando o temporal se abate. É um grupo de pressão social que, graças à sua energia e dinâmica intrínsecas, deve estar sempre vigilante, deve estar sempre “na crista da onda”.

Naturalmente, a juventude não é um grupo homogéneo. Há que respeitar a liberdade individual, as escolhas de cada um em viver de acordo com o que é melhor para si. Mas é precisamente fazendo uso dessa liberdade que vou continuar a promover o debate político entre os que me são próximos, pois considero um dever cívico acordar a juventude de que (ainda) faço parte. Ainda assim, se falar de política faz de mim um velho, então, sim, quero ser um velho.


Saudações,

The Rover

1 comentário:

  1. Exímia descrição da palavra política - com efeito, só faz sentido se interpretada no seu sentido mais lato.

    Temos que começar a inverter a subvertida lógica de seleção natural dos mais aptos que vigora no nosso sistema político e o primeiro passo é mesmo perceber o significado da palavra.

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