Hoje em dia a política tem má fama, diz-se que estraga bons momentos
de confraternização. E quando, num jantar ou encontro de amigos, se inicia uma
conversa com teor político, surgem logo comentários, “Lá vem a política de
novo, pareces um velho casmurro sentado no banco do jardim…”.
Isso levou-me a pensar na origem da palavra “Política”. Derivado do
grego antigo politeía, o termo
refere-se às temáticas relacionadas com a vida da comunidade, da polis. Em última análise, a tudo o que
pertence aos cidadãos. Ora, fazendo uso da lógica, e partindo da definição do
conceito, chega-se à conclusão de que todo o cidadão digno desse nome é (ou
deve ser) um político.
Esqueça-se a imagem que se tem actualmente do político e dos jogos
políticos. Infelizmente, devido a uma sequência desastrosa de governantes nas
últimas décadas, o significado de política sofreu uma pesada deturpação, causando
um distanciamento de tudo o que se relaciona com o Estado e com a sua
organização. Tal facto acaba por ter efeitos nefastos na vida das comunidades,
pois um distanciamento dessas temáticas é, efectivamente, um afastamento em
relação à comunidade. E uma comunidade sem laços socio-afectivos com os seus
habitantes nunca conseguirá prosperar.
Assim é minha convicção que, para recuperar a universalidade política
numa comunidade, é fundamental haver uma “limpeza” intelectual. E para tal é
crucial o envolvimento da juventude incorrupta, idealista, consciente, e com
espírito crítico. Deve ser a fonte de “água fresca” onde a sociedade mata a sua
sede. Mas deve ser também uma fonte que transborda quando o temporal se abate. É
um grupo de pressão social que, graças à sua energia e dinâmica intrínsecas,
deve estar sempre vigilante, deve estar sempre “na crista da onda”.
Naturalmente, a juventude não é um grupo homogéneo. Há que respeitar a
liberdade individual, as escolhas de cada um em viver de acordo com o que é
melhor para si. Mas é precisamente fazendo uso dessa liberdade que vou
continuar a promover o debate político entre os que me são próximos, pois
considero um dever cívico acordar a juventude de que (ainda) faço parte. Ainda
assim, se falar de política faz de mim um velho, então, sim, quero ser um
velho.
Saudações,
Exímia descrição da palavra política - com efeito, só faz sentido se interpretada no seu sentido mais lato.
ResponderEliminarTemos que começar a inverter a subvertida lógica de seleção natural dos mais aptos que vigora no nosso sistema político e o primeiro passo é mesmo perceber o significado da palavra.