quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Provincianismo Lisboeta, o Sentimento de Inferioridade Portuense e a Demagogia Madeirense.

O Provincianismo Lisboeta:

O título parece uma antítese mas não o é! É uma atitude típica de pessoas da capital, algumas saloias (entenda-se, da terra) outras de outros locais que foram viver para Lisboa: «Portugal é Lisboa e o resto é paisagem» é uma frase sem sentido no Portugal de hoje. Talvez assim fosse há 30 anos, mas hoje não é mais assim (e ainda bem). Desprezar o trabalho de 75% da população e o mérito de quem consegue vingar fora dos grandes fluxos de pessoas e bens que giram em torno da capital é um erro crasso.

A qualidade de vida é hoje muito boa em pequenas cidades, com boas acessibilidades e proximidade de serviços de saúde, educação, cultura, comerciais e de lazer. O interior das «velhinhas de lenço preto», das «senhoras de bigode» é já uma realidade distante. Há muitas empresas de sucesso e tecnologicamente avançadas em todo o país, com particular incidência para a estreita faixa a menos de 50km da costa entre Setúbal e Braga, por uma simples razão, 80% da população portuguesa vive nesta zona.

Um exemplo que me é caro é o setor aeroespacial, onde várias empresas do ramo trabalham fora de Lisboa e têm sucesso: veja-se o CEIIA (na Maia), a Embraer Portugal (recentemente instalada em Évora), a Critical Software (com sede em Coimbra), entre outras.

Há trabalhos de investigação dignos de registo na Universidade de Coimbra, do Minho, de Aveiro do Algarve e da Beira Interior que são regularmente reconhecidos internacionalmente. Cabe aos lisboetas reconhecê-lo também e estreitarem laços com empresas e universidades estimulando mais parcerias a nível nacional do que aquelas que existem.

Portugal, felizmente, não é só Lisboa, longe disso, mas só com uma Lisboa forte poderemos ter um Portugal forte e precisamos de defender a nossa capital, vivamos na Ilha do Corvo, em Valença do Minho ou em Vila Real de Santo António.

Viva a Capital!

O Sentimento de Inferioridade Portuense:

O queixume da elite portuense nos media tem sido ao longo dos últimos meses particularmente patente, vejam-se as vozes de Cristina Azevedo, Paulo Rangel, Rui Rio e Rui Moreira na cruzada contra o centralismo lisboeta, nomeadamente no que diz respeito à privatização da ANA Aeroportos e o medo do Aeroporto Francisco Sá Carneiro ficar a perder face ao da Portela. Os medos continuaram, ainda que tivesse ficado garantido que o aeroporto da capital subsidiaria os aeroportos de Faro e do Porto para garantir a competitividade destes últimos.

Temem agora o desvio de fundos para construir o novo aeroporto de Lisboa e a nova ponte sobre o Tejo (quantas pontes sobre o Douro tem o Porto?). Mais parece que querem uma Lisboa mais fraca do que um Porto mais forte. Não se compreende. O Metro do Porto é já maior que o de Lisboa e o aeroporto local recebeu vários prémios internacionais pela sua qualidade.

Por outro lado, e na terceira década de domínio futebolístico do Futebol Clube do Porto os media referem-se ao Derbi de Lisboa entre o Sporting Clube de Portugal e o Sport Lisboa e Benfica como o «Dérbi dos Dérbis» ou «Clássico dos Clássicos». O Porto não é Lisboa e não será nunca Lisboa, mas isso não impede que tenha muito sucesso, como é bom exemplo o futebol (e outros desportos).

Como dizia o candidato autárquico Rui Moreira - ainda que com algum desdém para com Lisboa - o Porto não deve viver com este fantasma e querer ser uma segunda Lisboa. O Porto vale por si mesmo e tem muito mais a dar ao país e a ganhar se trabalhar com do que contra Lisboa.

Viva a Invicta!

A Demagogia Madeirense:

Com um PIB per capita superior à média nacional, a Região Autónoma da Madeira tem tido sempre impostos inferiores à média nacional e granjeado de uma forte autonomia. Comparando, por exemplo, com Bragança (agora sem ligação aérea a Lisboa), mais distante dos grandes grandes centros que o arquipélago madeirense em termos de tempo de viagem e muito mais pobre que as referidas ilhas, não teriam os transmontanos muito mais que reclamar!?

Do que reclamam? De ter muita autonomia? De serem a região mais rica do país a seguir à Grande Lisboa? Ou de ainda terem um regime fiscal muito mais favorável que qualquer região de Portugal Continental?

A parangona da independência não é credível e a Madeira teria muito mais a perder em ser independente do que Portugal Continental e os Açores. Os madeirenses sabem-no bem e o Governo Regional também. Deixemos de brincar com assuntos sérios. A teoria do inimigo comum (Lisboa e o centralismo) de Alberto João Jardim cada vez colhe menos adeptos na Madeira.

Viva a Madeira!

Conclusões:

Temos de deixar-nos todos de demagogias e divisões inférteis. Portugal é um dos países mais unidos do mundo e devemos lutar por preservar isso. Fora às demagogias e às invejas. 

Só nos tornamos centrais e mitigamos um pouco a nossa periferia a nível europeu se tivermos um grande porto e um grande aeroporto. O grande porto será, devido às suas condições naturais, certamente o de Sines (ainda que complementado com Setúbal, Leixões e Lisboa). O grande aeroporto é o de Lisboa que tem felizmente crescido bem em tempos de crise. É em Lisboa e manter-se-á em Lisboa por ser a capital, ser central, ser a maior urbe nacional, o centro de operações da TAP e o local com a maior comunidade imigrante no país.

Temos que garantir que continua e deixar de pensar que o Porto ou Faro perdem com isso. Pelo contrário, todos temos a ganhar com a centralidade de Lisboa. Afinal o país é tão pequeno que se Lisboa for um grande centro, todo o país estará perto desse centro.

Viva Portugal!

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