quinta-feira, 14 de março de 2013

Nós, Europeus (Países Baixos)


Breve História:

A história dos Países Baixos é a história de um povo de navegadores confinados a um território geográfico muito limitado e em relação ao qual o maior inimigo era o mar que muito ameaçou sempre a sobrevivência do povo. Os Romanos chegaram no ano de 57, tendo encontrado um país pouco populado e dividido em várias tribos que estavam na periferia do império romano.
Bandeira dos Países Baixos
A diversidade tribal ganhou relevância com o passar dos séculos, mas foi em larga medida o mar que contribuiu para a união das tribos. A permanente ameaça e o inimigo comum das terras baixas, fizeram com que todos trabalhassem juntos com um objetivo comum de transformar o país num grande jardim altamente produtivo, capaz de liderar o Mar do Norte e não só, emergindo das dificuldades como uma das nações mais dinâmicas, urbanas e empreendedoras da Europa que é hoje.
Entre 1482 e 1556, o país esteve sob domínio do Império Espanhol. A reforma Protestante tornou o Calvinismo a principal religião nos Países Baixos, enquanto o Catolicismo se manteve dominante na Bélgica. A Guerra contra os espanhóis foi dura e longa e a paz só conseguida em 1648, altura em que foi criada a República dos Países Baixos.
Amesterdão tornou-se então o principal centro comercial da Europa do norte. A Idade de Ouro neerlandesa ocorreu em torno de 1667. Utilizando a sua vasta frota naval, a província da Holanda construiu um Império à escala global, incluindo domínios na Ásia, África e nas Américas.
A partir de meados do século XVIII o país entrou em declínio económico. A população era escassa (cerca de 2 milhões de pessoas) e uma série de guerras com a Inglaterra e com a França não ajudaram, com Amesterdão a perder a sua posição de liderança económica para Londres. Depois de várias disputas de poder, o país viria a cair sob o domínio francês, tornando-se um estado satélite da França de Napoleão (1806-1810). Depois da batalha de Leipzig e o consequente colapso do Império Francês, em 1813, os Países Baixos viram a sua soberania recuperada para a Casa Laranja, o que viria a ser confirmado pelo Tratado de Viena que criou o Reino Unido dos Países Baixos. O Rei William I exerceu então funções de soberania sob o território da atual Bélgica, contudo, as diferenças culturais entre o norte o sul eram excessivamente grandes. A revolta da Bélgica deu-se em 1830, tendo sido reconhecida pelas principais potências políticas do continente. Na sequência de um período de conservadorismo, fizeram sentir-se fortes sentimentos liberais no  país e, em 1848 uma nova constituição estabeleceu o regime de democracia parlamentar com uma Monarquia Constitucional.
Os Países Baixos adoptaram uma posição de neutralidade durante a I Guerra Mundial. 
A 10 de maio de 1940 a Alemanha Nazi invadiu o país e após destruir a cidade de Roterdão, ocupou-a. Cerca de 100.000 judeus neerlandeses foram mortos durante o Holocausto, tendo muitos outros perecido também. A 5 de maio de 1945 o país foi libertado por tropas maioritariamente canadianas.
O pós-II Guerra Mundial foi um tempo de grandes dificuldades, marcado por uma elevada taxa de emigração e por programas de reconstrução do país e revitalização da economia. Depois de um conflito com a Indonésia, os Países Baixos abandonaram a maior parte das suas colónias em 1961, apenas retendo desde então algumas ilhas no arquipélago das Caraíbas.
Desde a segunda metade do século XX, os Países Baixos viveram um período de paz, prosperidade e democracia. Hoje em dia, é um país moderno e dinâmico com uma economia altamente internacionalizada e com um elevado nível de vida.

 Política:
  • Capital: Amesterdão;
  • Línguas oficiais: Neerlandês (cerca de 24 milhões de falantes);
  • Regime Político: Monarquia Constitucional, Democracia Representativa (O País é uma democracia desde 1848, à exceção do período de ocupação alemã na II Guerra Mundial);
Personalidades:
  • Hugo de Groote (Hugo Grotius ou Hugo, O Grande), nascido em Delft a 10 de Abril de 1583, foi um dos fundadores do Direito internacional, precursor dos ideais republicanos, da tolerância entre povos, da liberdade culto religioso e da sua influência no funcionamento da economia das nações;
  • Willem I van Oranje, líder da revolta contra Espanha.
Economia:
  • Divisa: Euro;
  • O PIB per capita dos Países Baixos em 2011 era 131% da média da UE (apenas ultrapassado pelo Luxemburgo), o que compara com os 77% de Portugal;
  • Com cerca de 160% da população portuguesa, a economia neerlandesa em valor absoluto vale mais do que o triplo da economia nacional;
  • Economia com forte componente industrial onde as principais exportações são maquinaria, equipamentos, produtos químicos, combustíveis e alimentos;
  • Principais parceiros de importação:Alemanha, China e Bélgica;
  • Principais parceiros de exportação: Alemanha, Bélgica e França;
  • O aeroporto de Schiphol (em Amesterdão) foi o 4º aeroporto da Europa com maior movimento de passageiros em 2012 (um total de 51M, que compara com os 15,3M do aeroporto de Lisboa, 28º do mesmo ranking).
Moinho Neerlandês e campo de tulipas
 Geografia/Demografia:
  • Área: 41.543 km2 (45% da área de Portugal);
  • População: 16.751.323 habitantes (158% da população de Portugal; 20% da população são imigrantes);
  • Países-fronteiros: Bélgica e Alemanha;
  • Principais comunidades imigrantes: turcos, indonésios e marroquinos;
  • O gentílico dos Países Baixos é «neerlandês/neerlandesa».

Curiosidades:
  • O país é erradamente conhecido pelo nome «Holanda». Na realidade, a Holanda é uma região histórica no noroeste dos «Países Baixos». A utilização do topónimo «Holanda» é contudo comummente aceite por duas razões fundamentais: a primeira porque a designação «Países Baixos» inclui, em rigor, parte do território da Bélgica e do Luxemburgo, por outro lado, no período 1806-1810 existiu o Reino da Holanda, sob o domínio da França de Napoleão Bonaparte, território que incluía todo o país;
  • O primeiro condensador eléctrico foi inventado no início do séc. XVIII por um professor e investigador da Universidade de Leiden;
  • Os Países Baixos fora um dos precursores dos ideais republicanos na Europa, tendo sido a primeira república do continente, a República das Sete Terras-Baixas;
  • A seleção nacional de futebol é uma das mais bem sucedidas da história mundial, com 3 presenças na final do campeonato do Mundo (1974, 1978 e 2010) e uma vitória num campeonato da Europa (1988);
  • Os neerlandeses são o povo com a estatura física média mais elevada em todo o mundo.

Os Países Baixos e Portugal:
  • Muitos judeus Portugueses emigraram para a Bélgica e os Países Baixos devida à perseguição da Inquisição, levando consigo não só ouro e diamantes, mas também contactos comerciais e competências técnicas diferentes de manufactura. A sua presença foi determinante para a chamada “Idade de Ouro” dos Países-Baixos. Em meados do séc. XVII, judeus portugueses e espanhóis construíram a mais importante sinagoga de Amesterdão, chamada, ainda hoje, de Sinagoga Portuguesa;
  • Um dos grandes nomes da filosofia europeia, Espinosa (1632-1677), nasceu nos Países Baixos e era filho de judeus Portugueses;
  • Ao longo de toda a “Idade de Ouro”, que coincidiu aproximadamente com o período dos Descobrimentos Portugueses, houve inúmeras disputas comerciais e territoriais entre Portugal e os Países Baixos (nomeadamente ataques neerlandeses a colónias portuguesas durante o período da União Ibérica);
  • Desde os últimos anos do séc. XX até hoje, os Países Baixos (uma das potências do futebol mundial) nunca venceram uma partida de futebol contra Portugal.
Algumas notícias sobre Portugal em websites neerlandeses:
http://www.dutchnews.nl/news/archives/2012/04/eu_wants_an_end_to_letter_box.php
http://www.dutchnews.nl/news/archives/2013/02/spanish_italian_and_portuguese.php
http://www.dutchnews.nl/news/archives/2013/02/70000_southern_europeans_live.php

Na próxima semana: «Nós, Europeus (Roménia)», o país latino menos conhecido dos portugueses.

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